Nos últimos dias, o aumento de casos e óbitos por febre maculosa, principalmente na região Sudeste, tem chamado a atenção da população e do Ministério da Saúde. Mas além dos humanos, os cavalos também podem ser atingidos. Os médicos-veterinários Hélio Itapema, Rachel Campbell e Beatriz Tofani alertam que a transmissão acontece a partir da picada do carrapato popularmente conhecido como carrapato-estrela (Amblyomma sculptum). A espécie A. sculptum está presente na maioria dos estados brasileiros e causa prejuízos aos criadores de equídeos.
Segundo os profissionais, os carrapatos causam irritação local da pele e dos tecidos, o que pode fazer com que o cavalo se esfregue constantemente nas árvores ou cercas. “Isso resulta em perda de pelo; danos na pelagem; anemia devido à perda de sangue e transmissão de uma série de doenças graves”, explicam.
Outro fator que deve ser notado é a presença de um carrapato nos cavalos. Conforme os médicos-veterinários, aqueles que estão em um animal há pouco tempo (uma hora a alguns dias) parecem achatados. “Já, os carrapatos que estão em um animal por várias horas ou dias parecem muito mais arredondados devido ao sangue que consumiram. O diagnóstico é feito pelo aparecimento de marcas de picadas de carrapato no animal e pela presença da praga agressora”.
Cavalos no pasto
Eles também contam que cavalos pastando podem facilmente pegar carrapatos enquanto roçam na vegetação ou nos caules da grama. “A atividade do carrapato é estimulada pelo movimento, correntes de ar e dióxido de carbono exalado pelos animais”, explicam.
Uma dica que Hélio, Rachel e Beatriz dão é a remoção rápida a fim de minimizar doenças e danos. A forma correta é usar uma pinça para segurar cuidadosamente o carrapato perto da pele e puxar com cuidado. “Nunca tente remover um carrapato com as mãos desprotegidas, pois algumas doenças transmitidas por carrapatos podem ser transmitidas imediatamente através de feridas na pele ou contato com membranas mucosas”, alertam. “Ainda, o uso de fósforos quentes na remoção de carrapatos também deve ser evitado”.
Tratamentos
Os médicos-veterinários revelam que cavalos infestados devem ser tratados com inseticidas que matam larvas, ninfas e adultos aderidos. “Entre em contato com seu veterinário para obter uma receita ou uma recomendação do melhor produto de controle de carrapatos para seu cavalo. Certifique-se de informar ao veterinário quais outros animais você possui, pois isso pode fazer diferença na recomendação do profissional”, sugerem.
Outra medida eficaz para controlar a exposição dos animais é mantê-los longe de áreas propensas a carrapatos, que vivem, em sua maioria, em microhabitats específicos, como grama alta ou bordas entre pastagens e bosques. A destruição desses microhabitats reduz o número de carrapatos. “Remover grama alta e ervas daninhas de sua propriedade e manter as pastagens cortadas podem ajudar a proteger seu cavalo”.
O tratamento com inseticida da vegetação pode reduzir ligeiramente o risco de carrapatos. No entanto, não é recomendado para uso amplo devido à poluição ambiental e ao custo de grandes áreas.
Em relação às pessoas que trabalham com cavalos, os médicos-veterinários avaliam que a prevenção também é muito importante para evitar qualquer tipo de contaminação pela bactéria da febre maculosa. “Para se proteger e facilitar a visualização de carrapatos e ácaros, é muito importante que as pessoas usem calças e camisas de cores claras, de preferência botas, ao entrar em áreas arbustivas. A parte inferior da calça deve ser enfiada na bota e selada com fita adesiva”.
A seguir mais dicas de prevenção
- Evite caminhar em áreas conhecidas por estarem infestadas de carrapatos;
- Verifique se há carrapatos em seu corpo a cada duas horas. Quanto mais cedo for removido, menor o risco de infecção;
- Ao remover um carrapato, não o esmague com as unhas. Espremer pode liberar bactérias que podem penetrar em pequenas feridas na pele;
- Não force a liberação tocando o carrapato com uma agulha ou palito de fósforo quente. O estresse faz com que ele libera grandes quantidades de saliva, o que aumenta as chances de expressão da bactéria transmissora da doença.
Sintomas nos humanos
De acordo com o Ministério da Saúde, os principais sintomas da febre maculosa são febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés e gangrena nos dedos e orelhas.
A doença também pode provocar paralisia dos membros, com início nas pernas, chegando até os pulmões, causando parada respiratória. Além disso, com a evolução da febre maculosa, é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
Diagnóstico
Ainda com informações do Ministério da Saúde, o diagnóstico oportuno da febre maculosa é difícil, principalmente durante os primeiros dias de doença, tendo em vista que os sintomas também são parecidos com outras doenças, como leptospirose, dengue, hepatite viral, malária, sarampo ou pneumonia.
No entanto, é importante que a pessoa com sintomas da febre maculosa procure um médico para que possa fazer a avaliação dos sintomas. Durante a consulta, o médico buscará saber se a pessoa mora em região de mata ou florestas, onde possa ter sido picada por um carrapato. O profissional de saúde também solicitará exames para confirmar o diagnóstico.
Tratamento
A cartilha do Ministério ressalta que, assim que surgirem os primeiros sintomas, é importante procurar uma unidade de saúde para avaliação médica. O tratamento da febre maculosa é feito com antibiótico específico e deve ser iniciado no momento da suspeita. Em determinados casos, pode ser necessária a internação da pessoa. A falta ou demora no tratamento da febre maculosa pode agravar o caso, podendo levar ao óbito.
Por Hélio Itapema, Rachel Campbell e Beatriz Tofani
Com edição de Wesley Vieira
Informações do Ministério da Saúde
Foto: Montagem/Portal Cavalus
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