“Quando estou em cima de um cavalo, eu me sinto inteiro, 100% com a mão”

De Sertãozinho/SP, Adriano hoje mora em Matão, e participa dos circuitos de Laço em Dupla pelo Brasil

Adriano Aparecido Laureano tem 43 anos e há dez perdeu o antebraço direito em um acidente de trabalho. A deficiência poderia ter se tornado um empecilho para que ele seguisse em frente, mas através de sua devoção a Nossa Senhora Aparecida e de uma forte conexão com o Laço, ele encontrou o estímulo necessário para superar qualquer obstáculo em sua vida e, de quebra, para servir de inspiração para muita gente que não consegue se reerguer em meio as dificuldades.

“Quando você não tem as duas mãos é difícil, porque você sente que vive em um mundo onde todo mundo é perfeito e falta um pedaço seu. Mas no mundo do cavalo isso não faz diferença, ninguém vê isso. Quando estou em cima de um cavalo, quando estou laçando, eu me sinto inteiro, 100% com a mão. É uma sensação muito gostosa. Esse acidente mostrou para mim que eu consigo me superar e mostra pra muita gente que é possível superar qualquer obstáculo”, desabafa o laçador.

Antes do acidente, Adriano – que na época trabalhava como técnico de química – laçava boi só por brincadeira e quando acompanhava o treinamento de alguns amigos, mas sempre manteve uma proximidade do mundo dos cavalos. Depois do acidente, ele se recorda que mantinha um sorriso no rosto para que as pessoas pensassem que ele estava bem, quando na verdade estava destruído por dentro por ter que lidar com a nova condição de vida.

Para poder se livrar de uma depressão, uma psicóloga o orientou a procurar um hobby, uma ocupação que lhe trouxesse felicidade. Foi aí que um amigo lhe presenteou com um cavalete de ferro, ele pegou uma corda e começou a treinar. “Naquele momento eu vi que minha vida tinha uma direção. Logo eu diminui o uso de medicamentos, minha cabeça mudou e tudo pareceu fazer mais sentido”.

Laçando com Juliana Balbo na Mega Final CPLD ano passado

Só que na hora de montar em um cavalo novamente, Adriano – aquele que sempre teve contato com esse universo e até chegou a montar em rodeio – se viu com medo. De novo, os amigos foram importantes para que ele seguisse firme neste caminho, um deles lhe emprestou uma égua para que ele fosse treinando e um outro, padre, rezou por ele e lhe livrou de todo aquele medo e insegurança.

“E daí eu fui melhorando. Comprei um cavalo, um amigo domou e comecei a treinar. Era uma vitória só de estar treinando. Eu laçava um pé e fazia uma festa. Aquilo me dava força e eu comecei a ir em provas. Todo mundo me ajudou, minha família me apoiou e eu passei a me sentir por inteiro novamente. Hoje eu consigo ir nas grandes provas do Brasil e me dou bem, não pelo termo de ganhar, mas por estar no meio do pessoal e ser aceito”.

Mesmo assim, com dois anos competindo ele já reúne em seu currículo títulos nas principais provas do país, como a CPTR e a CPLD. E não pense que para ele já está bom, não. Adriano ainda almeja conquistar títulos em quatro etapas da CPTR, um título na Prova do Issao e do Milaré Ranch.

“Cavalo significa todas as felicidades que alguém possa sentir no mundo e o laço significa superação, alegria, desafio e muito mais. No laço me sinto sem nenhuma deficiência. Agradeço a Nossa Senhora Aparecida, a minha esposa e meus três filhos, Joãozinho do Curupa, ao Porta, Paulinho e Danie Doceiro, Robertão, Milaré, ao Issão, CT Barone, em especial ao Alessandro Mendes, que é um poeta do Team Roping”, finaliza.

Por Equipe Cavalus
Fotos: Ricardo Marioto

Deixe um comentário