Antônio Corrêa conta a história de sua carreira com muita emoção

Treinador é um dos mais conceituados do circuito de Rédeas brasileiro

Antônio Carlos Corrêa da Silva, 45 anos, nos inspira e nos motiva com sua forma agregadora de contribuir para a modalidade que ele abraçou como profissão. Nascido em Encruzilhada do Sul, mora na capital do seu estado natal, Porto Alegre, há 15 anos, e tem três filhos: Tamires, 22 anos, José Francisco, 6 anos, e Alice, 1 ano. Toca seu centro de treinamento AC Rédeas e bota a mão na massa, servindo a associações, como o Núcleo Gaúcho de Rédeas e também a ABCCC, do cavalo Crioulo.

Apesar de já ter praticado Laço Comprido, sua primeira prova foi na categoria Amador e já foi de Rédeas. ​Aconteceu em Caxias do Sul/RS, em 2004, durante o Campeonato Gaúcho da modalidade. Hoje ele tem mais de 20 cavalos em treinamento e é um dos treinadores com bastante experiência. Confira entrevista!

Ao lado dos filhos Tamires e José

Como você tomou contato com cavalos?

Alemão: Muito pequeno! Tinha um cavalo no sítio dos meus avós, era um cavalo preto, o nome dele era Picaço Velho (risos), era um cavalo para toda a lida, trabalhava no arado, carroça, etc, e meu avô não deixava a gente montar para poupá-lo para o trabalho. Então, eu e meus irmãos mais velhos, Luís e José, aproveitávamos enquanto meus pais e avós dormiam, pegávamos uma corda e íamos montar no Velho (risos). Até que um dia ele disparou comigo e meu irmão Jose, estávamos engarupados, entramos no meio de uns espinhos, sofremos vários arranhões. Quando meus pais acordaram nos viram naquela situação, parecíamos que tínhamos brigado com um gato. Ai tivemos que contar e terminou a diversão. Mais tarde, eu já tinha em torno de sete anos, fomos morar em uma fazenda com vários cavalos, daí meu contato era diário.

O que te chamou atenção na Rédeas?

Alemão: Quando conheci a Rédeas​ ​fiquei impressionado com os movimentos. Não estava acostumado e nem imaginava que um cavalo era capaz de fazer movimentos com tanta elegância e com comandos tão suaves. ​

E a vontade de ser treinador, quando despertou?

Alemão: Fui contratado para ser motorista de caminhão num centro de treinamento, minha função era levar os cavalos para as provas, foi quando conheci a modalidade. Nesse local vinham treinar os dois únicos treinadores de Rédeas do Rio Grande do Sul na época, Roberto Jou e Cristiano Coelho. Minha curiosidade e interesse de aprender me faziam aproveitar os momentos de folga para ficar olhando eles treinarem.

Como eu transportava os cavalos deles para as competições, fui aprendendo as regras. Nesse período me tornei também secretário da Associação Gaúcha do Cavalo de Rédeas e tive a oportunidade de conhecer bastante sobre a modalidade e entender o regulamento. Conheci vários treinadores, juízes etc. Com o crescimento da modalidade no Rio Grande do Sul, muitas coisas aconteceram rapidamente. Jango Salgado veio morar aqui, ficou seis meses morando e treinando cavalos no CT onde eu morava. Logo depois o Gilsinho Diniz também veio e ficou um ano morando e treinando cavalos no CT. Nesse período meu interesse por montar já era grande e o Glsinho me ajudou muito e fez despertar definitivamente meu interesse em ser profissional.

Esse CT era a Cabanha do 38? Como é a sua ligação com eles?
Alemão: A Cabanha do 38 foi a responsável por eu ter iniciado nas Rédeas. João Carlos Feijó, proprietário da Cabanha, foi quem acreditou em mim, investiu e me deu todo o apoio, até hoje continua investindo!

Tem alguém que você se espelha?

Alemão: São muitos os treinadores que gosto muito. Gilsinho foi meu primeiro incentivador, Gabriel Diano me ajudou muito em uma fase muito difícil. Hoje faço cursos e sou fã do Franco Bertolani, Shawn Flarida é um ídolo maior.

Como é o seu dia a dia hoje quando está em temporada de competição? Como divide o tempo entre treinos, vida pessoal e competições?

Alemão: A vida de treinador é muito corrida, tenho uma equipe muito grande de amadores, temos que nos dedicar muito a eles. Também temos que focar nos cavalos de prova. Infelizmente na temporada de prova quem mais sofre é a família, é quem acompanha os momentos de pressão, angustia, ansiedade e é quem recebe menos atenção.

Quantos cavalos em treinamento hoje e quais os cavalos de prova para essa temporada e como estão se saindo?

Alemão: Hoje são 28 cavalos, sendo um para o Potro do Futuro 2018 e oito já para 2019. Estão competindo em alta performance: Uva Branca do 38, campeã Potro do Futuro ABCCC e Potro do Futuro ANCR Nível 3 2017; Sol de Maio do 38, liderando o campeonato Gaúcho. Em treinamento forte para o Potro do Futuro 2018, Veneza do 38.

Títulos mais importantes:

Alemão: Campeão Gaúcho 2012, Potro do Futuro AGCR e ABCCC 2012, Potro do Futuro ANCR Nível 3 2017. Esse último foi diferente. Essa potra, desde o cruzamento, criada, treinada e apresentada por mim, foi um trabalho muito grande, mas com um sentimento especial!

Tem algum título que ainda não conquistou e continua na busca?

Alemão: O Potro do Futuro Nivel 4 ANCR e o campeonato mundial.

Qual prova te marcou mais até hoje e porquê?

Alemão: A Copa Querência em um ano que fiquei em terceiro lugar com Marajá do 38. Esse cavalo me deu muitas alegrias. Nessa prova ele estava com dor nas mãos e ficou fazendo gelo até faltar um cavalo para entrarmos em pista. E entramos e marcamos 221,5, foi muito emocionante!

Marajá do 38

Tem um cavalo especial na carreira?

Alemão: Como cavalo de prova, o Marajá do 38. O cavalo que mudou minha vida foi Duque do Caajara, todos os anos ele ainda me dá excelentes filhos.

E os Estados Unidos? Você teve alguma vontade, algum dia, de morar lá e treinar cavalos de Rédeas lá, visto que foi o caminho de alguns treinadores brasileiros?

Alemão: Tenho muita vontade de ir passar um tempo com algum treinador, mas morar não! Acredito muito no potencial da modalidade no nosso país.

Uva Branca do 38

O que o cavalo representa para você e na vida da sua família?

Alemão: Tudo! O cavalo tem uma energia muito especial. Quando conseguimos ter esse entendimento, os benefícios que temos com o cavalo vai muito além do dinheiro e títulos.

Comemorando o título do PF ANCR 2017 N3

Para mim, você é um cara que tem um perfil agregador, e isso é muito importante para o desenvolvimento de qualquer atividade, você se vê assim?

Alemão: Graças a Deus eu tenho esse perfil. Gosto muito de estar rodeado de pessoas, quando eu aprendo algo não consigo guardar somente para mim, gosto de compartilhar meu conhecimento. Acredito que o conhecimento que temos e tivemos o privilégio de aprender antes, nossa missão é passar para o maior número de pessoas possível, fazendo isso podemos fazer mais pessoas felizes!

Por Luciana Omena
Fotos: Arquivo Pessoal

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