Cavalgar na Serra da Canastra é uma viagem com grandes vistas panorâmicas
“Enquanto tive diante dos meus olhos a Serra da Canastra, desfrutei de um panorama maravilhoso. À direita descortinava uma vasta extensão de campinas e à esquerda tinha a serra, do alto da qual jorravam quatro cascatas” – Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) – em ‘Viagem às nascentes do rio São Francisco’.
A região ecoturística da Serra da Canastra tem mais de 200 mil hectares e possui deslumbrantes paisagens. O Parque Nacional da Serra da Canastra foi criado em 1972 para proteger as nascentes do rio São Francisco.
Com relevo acidentado e uma vegetação rasteira, a região é o berço de muitos rios que ajudam a formar as bacias do São Francisco e do Paraná. São rios cheios de corredeiras e cachoeiras com mais de 100 metros, com destaque para a cachoeira Casca D’Anta, de quase 200 metros, a primeira grande queda do ‘Velho Chico’.
Cavalguei na região em diferentes épocas, numa delas apesar da região ser muito bonita, estava tudo muito seco, prejudicando um pouco o aproveitamento da viagem. A paisagem se alternou na outra cavalgada, quando passamos entre campos rupestres cheios de flores.
Cavalgar na Canastra é passar em cerrado típico, matas de galerias com vegetação atlântica, muitas cachoeiras e fazer travessias no rio São Francisco. Interessante que apesar de tão próximo do estado de São Paulo, a vida rural mantém as velhas tradições da cultura da região.
No primeiro dia de cavalgada saímos de Vargem Bonita com destino a cachoeira Casca d’Anta, passando trilhas e estradas rurais. Cruzamos o Rio São Francisco pela primeira vez, depois pelo mirante da Capelinha, cavalgando sempre com vista para o paredão da Serra da Canastra. Nesse dia, nosso lanche de almoço foi na beira do São Francisco.
No dia seguinte cavalgamos com destino ao chapadão da Serra da Canastra (1.200 m de altitude), passando trilhas em campos de altitude com belas vistas panorâmicas. Em mais um dia de cavalgada, seguimos em direção da região da Mata da Serra, passando em trilhas e estradas de terra com travessia de riachos e fomos ao complexo de cachoeiras Vale do Céu que inclui a Cachoeira Maria Augusta.
No último dia de cavalgada seguimos pela a Serra Calçada, com passagem pelo chapadão e por cânions. Nossa parada para almoço foi na Cachoeira da Capivara.
Conhecer a gastronomia típica da região fez parte de nossa programação, incluindo o famoso queijo canastra, considerado patrimônio cultural imaterial brasileiro. Além de degustar, tivemos oportunidade de visitar excelente produtor e aprender sobre sua história.
Produzido em vários municípios nas redondezas da Serra da Canastra, ele é feito de leite cru, e precisa ser fabricado logo após a ordenha. Produzido há mais de duzentos anos, ele é primo distante do queijo de São Jorge, Açores, Portugal, trazido pelos imigrantes da época do Ciclo do Ouro. O clima, a altitude, os pastos nativos e as águas da Serra da Canastra dão a esse queijo um sabor único: forte, meio picante, denso e encorpado.
Por Paulo Junqueira Arantes
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