Castrar ou não castrar seu cavalo?
Talvez essa seja das mais frequentes perguntas que a gente receba e, certamente, todo profissional da área também. Tem muita gente que tem dó de castrar, pois acham que estão tirando uma parte do cavalo. A verdade é que esse assunto tem várias formas de ser tratado. E nós, aqui nesse texto, vamos levar para o lado prático da coisa.
Vamos pensar em não castrar ou castrar pelo ponto de vista das pessoas e pelo ponto de vista dos cavalos. O garanhão ele tem uma finalidade instintiva de cobrir égua. Tem libido, tem comportamento de reprodutor. As éguas entram no cio e os garanhões reconhecem esse estado por instinto.
Tudo certo se você tem um garanhão nos dias de hoje que seja um ‘melhorador’ genético, o responsável por passar um padrão, um reprodutor de qualidade. Que vá causar um impacto de reprodução e genética quando cruzado com éguas. Genética é sempre probabilidade. O fato é que se você tem aquele indivíduo melhorador, quando entra o fator genético sanguíneo, ele produz coisas boas.
Todo criador sonha em ter o seu garanhão, historicamente falando. Tudo bem, ele vai ser o cara que vai cobrir as éguas, os potros vão nascer, serão vendidos e o ciclo irá se repetir muitas vezes. Mas quando você é um usuário do cavalo, faz cavalgada ou pratica um esporte a cavalo, precisa pensar qual é a real necessidade de se ter um garanhão.
Muitas vezes, há uma certa incompatibilidade de ser ter um garanhão em relação a todo o uso que você faz dele. ‘Ah, eu quero ter um garanhão que é craque, que é bom, que vai melhorar os cavalos que eu trabalho, mas meus filhos também querem fazer cavalgada com eles’. Não vai dar certo, ou a tendência é não dar certo.
‘Ah, mas eu tenho um muito manso que dá certo’. Tudo bem, tem exceção para tudo. ‘Eu quero ter um garanhão que fique na cocheira e sirva somente para cobrir éguas’. Tudo bem também, tudo certo. Agora se você vai usar, se vai para prova ou cavalgada. Pense bem nesse embate da utilização desse cavalo versus o comportamento dele.
É natural, é instintivo e muitas vezes adquirido. Então, a castração pode ser benéfica para você se souber exatamente como irá utilizado. E qual das veias de utilização é mais importante para você, para o seu negócio. E, muitas vezes, a castração pode ser benéfica para o seu cavalo. O garanhão tem que ficar sozinho, não pode se misturar, o cuidado é muito maior.
Na sua casa, ele não se mistura com os demais cavalos e fica solitário. Em uma cavalgada, o cuidado é redobrado sobre ao lado de quais animais que vai andar, então pode acabar tendo que ficar mais isolado. Na prova também, tem que ficar amarrado longe dos outros. Todas as questões têm que ser levadas em conta.
Na minha opinião, não tem nada de mais em castrar um cavalo. Muitas vezes, é uma solução benéfica para o seu cavalo, acima de tudo. É importante, como já disse, você considerar todas essas coisas. Pensar em coma a vida do seu cavalo vai ser levada e administrada se ele for um garanhão ou um castrado.
E assim você passa a planejar melhor a respeito dessa pergunta tão comum e tão difícil, muitas vezes, de ser respondida: castrar ou não castrar!
Por Aluisio Marins
Médico Veterinário e reitor da UC, instruindo cavaleiros a mais de 20 anos
Foto: hilltopfarminc.com