Agro: Inverno, a temporada das forrageiras

Quando se fala em inverno, qual a primeira coisa que lhe vem à cabeça? Roupas quentinhas, sopas… e o que mais?

Uma das maiores preocupações do homem do campo nessa época do ano é com a qualidade do pasto que será ofertada aos animais, alternativas para evitar o efeito sanfona e não perder sua lucratividade. Pastagens escassas, menor produção de forragem, tudo isso afeta diretamente a nutrição dos animais. Mas, para enfrentar esse período de frio e seca, algumas decisões podem ser tomadas, previamente, os suplementos energéticos e proteicos são uma delas.

Na produção a pasto, os gêneros Brachiaria (foto) e Panicum contribuem com o maior percentual das pastagens cultivadas e respondem bem a temperatura, umidade e luminosidade elevadas. Outro fator importante é que no período do outono e inverno, há uma diminuição no volume de forragem produzida, assim como a qualidade.

Quando entra no período mais seco e/ou frio, as condições ideais (temperatura, umidade e luminosidade) para as forrageiras tropicais vegetar diminui, devido a planta fazer menos fotossíntese, consequentemente vegeta menos.

Então, a qualidade dessa forragem fica comprometida, além do volume para ofertar aos animais ficar com qualidade inferior nessa época do ano. Quanto menor a oferta, maior será a dificuldade para o produtor rural manter o rebanho produtivo.

Planejar é preciso. Para maior tranquilidade nesse período do ano, algumas precauções devem ser tomadas. Primeiro, é necessário ter uma pastagem bem conduzida no período que compreende a primavera e o verão. Implantar pastagem de qualidade, utilizando técnicas de diferimento – estratégia de manejo que ocorre geralmente no fim do período das águas para garantir volume de forragem durante o período de seca.

Segundo, é mais recomendado a utilização das braquiárias para fazer o diferimento. Deve contar no planejamento que sejam usadas as braquiárias preferencialmente, e dentre as cultivares existentes no mercado, podemos destacar a MG-4 e a MG-13 Braúna, duas cultivares de (Brachiária brizantha), cultivares com porte mediano, talos mais finos e mais enfolhamento.

Essas cultivares são recomendadas para solo de média à alta fertilidade, porque são tolerantes a solos arenosos. Já para fazer a reserva de pastagem de uma maneira prática, alguns aspectos devem ser levados em consideração. Por exemplo, em uma área de 100 hectares, temos que colocar os animais em 70 hectares e os outros 30 hectares deixar diferido, é um dos jeitos que se pode trabalhar.

Lembrando que esses 70 hectares têm que ser de cultivares de alta produtividade para que não fique sobrecarregado devido ao aumento da quantidade de animais por hectare, ocasionada pela diminuição da área de pastagem disponível, evitando que falte alimento nesse período.

Em uma estrutura de confinamento ou semiconfinamento, não se pode abrir mão de fazer a conservação de forragem plantada exclusiva para essa finalidade, ou aproveitar o excedente de produção de áreas plantadas para pastoreio direto dos animais (devido às chuvas da primavera-verão a luz é bastante intensa e a temperatura elevada, com isso será produzido mais que o rebanho tem capacidade de ingerir diretamente).

Na entressafra – Para quem utiliza o sistema de ILP, área que estava com lavoura (primavera/verão) e não vai ser trabalhada nesse período, pode ser transformada em área de pastagem com alta qualidade e volume. Nesse caso, não seria necessário diferir uma área de pastagem já implantada, pois essa área com pastagem nova é que vai funcionar como a pastagem diferida e fornecer volumoso em quantidade adequada para os animais no período de maior escassez.

Sendo assim, alinhar essas técnicas a uma suplementação mineral adequada, é possível que o animal ganhe peso mesmo no período de inverno. O produtor terá pastagem com animais ganhando peso, e isso tem motivado cada vez mais os pecuaristas.

Na segunda parte desse artigo, vamos tratar do Gargalo da pecuária durante o período crítico de seca.

Por Marcelo Ronaldo Villa, engenheiro agrônomo do Grupo Matsuda
Colaboração: Taxi Blue Comunicação Estratégica
Foto: Grupo Matsuda

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