Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício

Epistaxe e queda da performances são os principais sinais clínicos associados a doença

A Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício (HPIE) é uma afecção que acomete cavalos atletas submetidos a exercícios de alta intensidade. Se caracteriza, portanto, pela presença de sangue nos alvéolos pulmonares ou vias aéreas, impedindo a troca gasosa, reduzindo assim a eficiência pulmonar.

Em um estudo realizado com 40 cavalos da raça Quarto de Milha, submetidos a exame endoscópico 30 minutos apos a prova, observou-se que a incidência de Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício ocorreu em 75% dos animais examinados durante um evento de Três Tambores.

Epistaxe e queda da performances são os principais sinais clínicos associados a doença. Ela pode ocorrer durante ou logo após o exercício, sendo notada quando o animal retorna à cocheira ou lhe é permitido baixar a cabeça.

Além desses sintomas, os cavalos afetados podem deglutir e tossir mais frequentemente, durante a recuperação do exercício devido à presença de sangue na faringe e laringe.

De acordo com um artigo publicado pela Universidade de Michigan, menos de 5% dos cavalos apresentam sinais de sangramento pelo nariz ou boca apos exercício intenso, isso demonstra a importância do exame endoscópico.

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Normalmente o sangramento ocorre no lobo caudal pulmonar e resulta da ruptura de capilares. O aumento da pressão pode levar à ruptura dos capilares e consequentemente hemorragia.

Os pulmões de cavalos afetados, observados após exercício, revelam ruptura no endotélio capilar e alveolar, acúmulo de sangue na parede e no lume alveolar, além de edema intersticial.

A HPIE e resultante de uma combinação de variáveis associadas ao estresse da corrida, como aumento da viscosidade sanguínea, altas pressões vasculares, bem como a inflamação das vias aéreas posteriores.

Há muitas dúvidas a respeito das condições predisponentes e da etiopatogenia da HPIE

O deslocamento dorsal do palato mole, obstrução recorrente das vias aéreas e neuropatia laríngea recorrente seriam uma das principais causas predisponentes para a ocorrência da HPIE.

Por gerar uma interrupção do fluxo de ar para os pulmões, comprometendo o fluxo sanguíneo e obstruindo as veias pulmonares.

O impacto provocado pelos órgãos abdominais dos cavalos sobre o diafragma e pulmões durante o apoio dos membros anteriores, nos exercícios de alta intensidade, também contribui para o aparecimento de HPIE. Esta teoria é chamada ‘teoria do pistão’.

Não devemos nos basear apenas no sangramento pela narina (epistaxe), o histórico, os sinais clínicos, a radiologia, o lavado broncoalveolar e principalmente a endoscopia são as ferramentas utilizadas no diagnostico da HPIE.

No exame endoscópico são observados os seguintes graus da doença:

Grau I: presença de pequenas estrias e/ou coágulos situados no terço distal da traquéia.

Grau II: filetes de sangue distribuídos aleatoriamente (não uniforme) por toda extensão da traquéia, coágulos maiores.

Grau III: sangue distribuído uniformemente por toda extensão da traquéia.

Grau IV: quantidade abundante de sangue por toda a traquéia, laringe, faringe, fossas nasais.

Grau V: exacerbação do grau anterior e epistaxe.

Tratamento

É difícil determinar um tratamento curativo para animais com HPIE, devido a natureza progressiva das lesões e cronicidade da doença. E indicado tratamento paliativo, buscando reduzir a severidade da hemorragia e minimizar suas sequelas.

Atualmente podemos utilizar uma gama enorme de medicamentos que podem auxiliar na redução da hemorragia e tratamento imediato, entre eles broncodilatadores, diuréticos, moduladores de pressãointra alveolar, antibióticos e antiinflamatorios.

No controle da hemorragia os medicamentos mais utilizados são diuréticos por causar queda da pressão sanguínea nos pulmões, agindo diretamente na função renal tubular e inibindo a reabsorção de sódio e cloretos.

Concluindo, não podemos encarar a hemorragia pulmonar induzida por esforço, como um problema grave ou irreversível para o animal, pois atualmente temos muitas formas de prevenir e tratar a doença, alémde comprovadamente existir uma grande casuística da mesma nos esportes de alto rendimento.

Por Helio Itapema, Rachel C. Worthington, Graziella Ungaretti
Clínica de Equinos Itapema
Fotos: theirishfield e thehorse

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