“Parece o fim do mundo”, diz proprietária de centro equestre sobre incêndios na Austrália

Estima-se que cerca de 1 bilhão de animais, entre eles cavalos, morreram em decorrência dos incêndios florestais que começaram em setembro do ano passado

Caroline Taylor é proprietária do Serenity Park Equestrian, que fica localizado próximo da região afetada pelos incêndios florestais no estado de Victoria, na Austrália. Em entrevista ao site Horse & Hound, ela descreveu a situação em seu país “como o fim do mundo’.

Afinal, a Austrália vive um dos piores incêndios florestais dos últimos anos, com focos que começaram em setembro de 2019. De acordo com especialistas, o fenômeno é causado pela combinação de temperaturas superiores a 40 ºC, pouca chuva e fortes ventos.

Como resultado, as queimadas já destruíram mais de 10 milhões de hectares de terras pelo país,  ocasionando a morte de 27 pessoas. Além disso, estima-se que 1 bilhão de animais morreram em decorrência dos incêndios em todo o território.

Incêndios na Austrália já destruíram cerca de 10 milhões de hectares

Diante desta situação, Caroline Taylor resolveu doar feno para os cavalos sobreviventes das áreas afetadas pelas queimadas. Em contrapartida, ela também trabalha dia e noite na região como bombeira voluntária.

“Meu país está pegando fogo, parece o fim do mundo. Meu profundo amor por todos os animais e pela natureza foi rasgado da minha alma em pedaços, pois há essa terrível estimativa de animais que foram terrivelmente queimados até a morte. Eu não consigo parar de chorar”.

A proprietária do centro equestre conta que há tanta fumaça no estado de Victoria, que ela mal consegue ver os seus próprios cavalos no pasto.  “Sem falar, que o cheiro de fumaça é avassalador e cria medo, pois as pessoas acreditam que há um incêndio próximo quando, na verdade, estão a várias horas de carro de nós”.

Incêndios em Nova Gales do Sul

O estado mais afetado pelos incêndios na Austrália é o Nova Gales do Sul, situado ao sul de Victoria. Caroline Taylor conta que tem amigos e parentes na região, e que as casas deles foram destruídas pelos incêndios. “Chamas chocantes de 18 metros destruíram tudo pelo caminho”.

Um cavalo tentando escapar dos incêndios florestais perto da cidade de Nowra, em Nova Gales do Sul

De acordo com ela, um amigo precisou sair correndo de casa e não pode pegar seus cavalos. Por conta disso, abriu todos os portões e agora espera que os animais ainda estejam vivos. “Ele não pode voltar para sua propriedade, mas fotos aéreas mostram sua casa e todos os seus galpões queimados no chão”.

Um outro amigo de Caroline que perdeu a casa na região contou que ele chegou a ouvir o terrível estrondo do fogo e os gritos dos animais no mato. “A intensidade dos incêndios mata o oxigênio até 300 metros. Isso é chamado de zona da morte. Os animais não podem fugir dele”, lamenta.

Mensagens de apoio e doações

Caroline Taylor frisa que gostaria que o mundo equestre enviasse mensagens de apoio às vítimas dessa tragédia que acomete o seu país. “Irá nos ajudar a sentir esperança e parar os sentimentos de desespero, desamparo e desesperança”.

Tamanha é importância dessas mensagens, ainda mais porque o verão está apenas no início no país. “Temos mais 10 a 12 semanas de clima quente e parece que todos vamos queimar até a morte”, se desespera a proprietária do centro equestre do estado de Victoria.

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Além de muita comida e galões água, Caroline garante que eles estão precisando de ajuda com equipamentos médicos e, principalmente, remédios. “É como um poço sem fundo, porque tão rapidamente quanto recebemos as doações, as mercadorias acabam”, disse ela.

Por fim, ela desabafa: “Sinto raiva da estupidez de tantas pessoas que negam o impacto repugnante que os seres humanos têm no mundo e se recusam a ver a urgência das mudanças climáticas e como estamos acabando com o mundo. Meu país está pegando fogo e os belos animais e a flora foram queimados até a morte no que só posso descrever como um evento de extinção em massa”, finaliza.

Fonte: Horse & Hound
Tradução e adaptação: Natália de Oliveira
Crédito das fotos: AFP via Getty Images