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Especial Dia da Mulher: conheça Gabi Cestari, treinadora de cavalos

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Especial Dia da Mulher: Conheça Gabriela Cestari, treinadora nos Três Tambores

Continuando o Especial Dia da Mulher que o portal Cavalus preparou, você vai conhecer a história incrível dessa apaixonada por cavalos e Três Tambores

Gabriela Jafet Cestari nasceu em São Paulo/SP. Desde que conheceu os Três Tambores traçou uma meta para sua vida: viver do cavalo. Passou por estágios em diversos haras, incluindo nos Estados Unidos com a lenda Joyce Loomis. Sua morada hoje é o B2B Ranch, em Três Rios/RJ.

Aos 33 anos e muitas batalhas depois, Gabi Cestari tem orgulho do caminho que escolheu. Acima de tudo, é grata pelos mentores que ajudaram-na a trilhar sua trajetória. E aos cavalos que passaram e ainda passam sob sua sela.

Hoje, seus principais animais de prova são Julie Tux Failas B2B e B2B Louisvuitton Tux. Todavia, ao longo do texto, você vai conhecer os animais que fizeram parte do começo da sua vida nos Três Tambores. E ainda os que fizeram ela ser conhecida como treinadora de cavalos.

Entre os principais títulos, Gabi Cestari destaca o mais recente, campeã 36º Show AQHA no Congresso ABQM 2019, Três Tambores Aberta Junior, 17s403 com B2B Magic Rolls. Ela também tem títulos pela APTB (Feminina, 2016), Nacional ABQM (Feminina, 2009), pelo NBQM (Feminina, 2009), Copa dos Campeões ABQM (Feminina, 2008), pelo Regional Leste (Feminina, 2008), pela AMCT (Feminina, 2019), entre outros.

Confira nossa conversa com ela!

O começo

“O meu começo com cavalos foi como de todo mundo. Minha família tinha um sítio em Jaguariúna, onde se produzia pinga. Dessa forma, eu sempre tive esse contato com os cavalos, mas não eram de esporte, eram cavalos de sitio.

O esporte Três Tambores chegou à minha vida quando eu fui espectadora de uma competição que aconteceu em Jaguariúna. Além de produzir pinga, minha família vendia e os rodeios eram um nicho de mercado na época. Portanto, fui junto com um primo e ficamos vendo as passadas das meninas.

Aquilo acelerou meu coração e eu disse ‘quero fazer isso’. Nesse rodeio, ouvimos algo sobre a ABQM, não me lembro ao certo o que foi, mas sai de lá procurando junto com a minha mãe onde eu poderia praticar.

A pessoa mais próxima que achamos na época foi o Abelardo Peixoto, atual presidente da NBHA Brazil. Ele estava na sociedade paulista do trote e como eu morava na Vila Guilherme, foi o lugar mais perto. Assim comecei praticar Três Tambores. Deveria ter entre 12 ou 13 anos, não mais que isso”.

Gabi Cestari se apaixonou pelos Três Tambores e buscou conhecimento para seguir seu sonho. Foto: Arquivo Pessoal

O esporte

“Então, logo de cara foi o Tambor que me encantou. A velocidade e a adrenalina que a modalidade causa. Certamente, provocam um turbilhão de emoções e, ao mesmo tempo, nos obriga a ter foco e técnica para fazer o mix velocidade e técnica dar certo.

Não me lembro de como foi minha primeira prova, porque faz muito tempo. Mas, eventualmente, foi no trote, junto com Abelardo. Até que ele se mudou para Arujá/SP (Hípica Versátil) e começou minha peregrinação. Mesmo sendo um pouco mais longe, continuei treinando com ele por muitos anos.

Nesse início eu montava Rochedo, uma égua chamada Juma, Xodó da Benks, Cora Docs. Esses animais foram os que mais me marcaram. Assim como marcaram também a história dos alunos da hípica.

Além de Três Tambores, já pratiquei Seis Balizas. Mas por ser uma modalidade muito técnica, que a velocidade precisa ser medida e controlada, acabei não tendo o interesse aflorado. O Tambor tem muito da minha personalidade, já que é uma modalidade técnica, mas explosiva. Um explosivo bom (risos), que te impulsiona para um lado cheio de emoção e adrenalina, isso é ótimo”.

Especial Dia da Mulher: Conheça Gabriela Cestari, treinadora nos Três Tambores
Desde que viu uma prova de Três Tambores pela primeira vez, Gabi Cestari disse para si mesma – ‘é isso que quero fazer para sempre’. Foto: Hugo Lemes

Treinadora

“Na verdade eu comecei aos 17 anos trabalhando como auxiliar de treinador. Foi justamente o Abelardo que me deu a minha primeira oportunidade. Havia acabado de terminar o colegial e fui morar de vez na Hípica Versátil. Contudo, desde 14 anos eu já sabia que queria ‘ganhar a vida’ treinando cavalos.

Lembro que em uma das minhas conversas com a minha mãe ela havia me feito a pergunta ‘do que eu seria quando terminasse o colégio’. Respondi que seria treinadora de cavalos. No entanto, ela tentou me convencer a fazer medicina veterinária, mas aquilo não estava na minha cabeça. Ser treinadora, portanto, estava no meu coração. Meu pai foi mais difícil de ‘dobrar’, mas hoje ele super me apoia e tem muito orgulho da profissional que venho me tornando.

Fiquei pouco mais de um ano em Arujá e fui para os Estados Unidos fazer a mesma função, auxiliar de treinador. Joyce Loomis que me recebeu e fiquei um ano com ela. Voltando ao Brasil, comecei a trabalhar para a Fazenda Nossa Senhora de Lourdes, auxiliando o Marcos Monzinho. Ele, aliás, foi um ótimo mentor para mim. Um dos incentivadores quando recebi o convite para ser treinadora, no The Horses.

Me vi pela primeira vez na direção de uma tropa de competição e também na iniciação dos potros. Deixei de ser estagiário e passei a ser o mentor. Foi incrível, não só para a minha vida profissional, mas também na pessoal. Logo depois passei pelo Haras Horizonte, em Pernambuco; Camila De Geus, no Paraná”.

Galgando todos os degraus na carreira, Gabi Cestari se sente realizada na sua profissão. Foto: Beto Negrão

Desafios

“A ‘explosão’ da minha carreira, contudo, foi no Haras São Lucas. Tive a oportunidade de treinar cavalos de competição. Eu domava e treinava e esses animais eram apenas mexidos por mim. Tenho a maior paixão por essa época, porque eu consegui mostrar meu trabalho com o desempenho dos animais: Serennity To Fly, He’s Apollo, Blue Tooth Red Leo (esse foi domado pelo Abelardo, mas eu dei continuidade nos trabalhos para as competições), Holland Shake EM, Best Design e Red Roses.

Hoje estou no B2B Ranch, em Três Rios/RJ. E os desafios continuam chegando, sem dúvida. Entre eles, meu maior desafio é não ter o medo de errar. O medo de arriscar faz com que, muitas vezes, a nossa passada perca a técnica. Isso me decepciona, mas é o meu lado perfeccionista falando. Quero, além de uma passada rápida, que ela seja bonita e técnica”.

Gabi Cestari é hoje a treinadora do B2B Ranch. Foto: Hugo Lemes

Preconceito

“No inicio, eu sofri sim o preconceito. Porque eu acredito que fui uma das primeiras treinadoras mulheres nos Três Tambores. Senão a primeira a viver exclusivamente do treinamento de cavalos de Três Tambores.

Antigamente era mais difícil, mas eu tive muita sorte. Como meus mentores, tive o Abelardo e o Monzinho. Eles me instruíram muito e montei uma tropa muito boa. Dessa forma, ganhei muita visibilidade. Posso dizer que um dos meus maiores orgulhos foi ter montado a lenda Victory Fly VM, a Indiana Bull, a Fofinha San e a Ximbica Rocket. Esses animais me trouxeram a visibilidade que qualquer pessoa que está no começo de carreira quer ter.

Portanto, quando entrava na pista tendo os mentores nos bastidores e esses animais, causava um alvoroço total. As pessoas saiam de onde estavam para ir ver as passadas deles, muitas dessas comigo tocando. E isso eu vou contar para meus filhos e netos, sem dúvida.

Nos dias de hoje, temos muitas outras mulheres que vivem do cavalo. São minha amigas, sobretudo. Sinto que não temos mais essa distinção entre homens e mulheres. O esporte está bem competitivo, quer seja para os homens, quer seja para as mulheres”.

Especial Dia da Mulher: Conheça Gabriela Cestari, treinadora nos Três Tambores
Foto: Bruno Carvalho

Futuro

“Entre os planos para o futuro estão o de me aprimorar mais no trabalho e focar mais em melhorar.

Para as meninas que gostariam de seguir o mesmo caminho, ou seja, viver do cavalo como treinadora, um conselho que posso dar é: não é fácil para ninguém, seja de que gênero for. Então, o reconhecimento nem sempre é algo que vem constantemente. Mas o que eu acho de verdade importante, além de correr atrás dos seus objetivos, é ter do seu lado um mentor muito bom.

Na minha carreira eu tive mais de um e isso foi imperativo para o restante da caminhada. É mais difícil quando você tenta fazer tudo sozinha. O mercado é bem competitivo e as barreiras sempre irão existir. Assim sendo, quando temos alguém do seu lado, que ajuda na trajetória e te ensina os caminhos, fica mais fácil. Não sem barreiras, mas fica mais fácil.”

Acompanhe a Gabi no Instagram: @gabijcestari.

Por Luciana Omena
Foto de chamada/Crédito: Arquivo Pessoal

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