Os cavalos podem ouvir sons a distâncias maiores do que nós humanos
O efeito do ruído no sistema nervoso central depende do estado do cérebro. Em um indivíduo exausto, os mecanismos compensatórios são mais vulneráveis do que em um indivíduo descansado.
Dessa forma, a intensa exposição ao ruído pode danificar a cóclea e a orelha interna do equino. E ainda levam a uma cascata de efeitos auditivos ao longo de toda a cascata auditiva central. Animais têm um espectro diferente de sons audíveis com sensibilidade máxima a frequências inaudíveis para humanos.
Metabolismo e Estresse
O ruído demonstrou induzir uma variedade de mudanças fisiológicas, como mudanças na homeostase (Equilíbrio Fisiológico), cardiovascular e na secreção de hormônios. O sistema nervoso parassimpático também é influenciado e tem um efeito principalmente reverso em comparação com o sistema nervoso simpático.
O som alto é bem conhecido por efeitos adversos na pressão sanguínea e frequência cardíaca em seres humanos e animais. Assim sendo, o efeito mais óbvio é uma reação de estresse geral com maior secreção de ACTH, dando um aumento de hormônios adrenocorticais no sangue.
Reações ocorrem no sistema circulatório e na motilidade gastrointestinal, mudanças no metabolismo da glicose do fígado, mudanças na atividade enzimática dos rins. Assim como um aumento de percentual de eosinófilos no sangue e imunossupressão.
A saber, o ruído causa uma reação de estresse geral influenciando a maioria dos órgãos. A reação do estresse provoca efeitos em curto prazo e também efeitos em longo prazo. Fisiologicamente, exposição prolongada ao ruído intenso está associada ao aumento da atividade do sistema nervoso autônomo.
Sua ativação prolongada está correlacionada com maior atividade no hipotálamo-pituitárioa-adrenal, causando uma diminuição nos glucocorticóides plasmáticos e um aumento das catecolaminas plasmáticas, ACTH e concentrações de cortisol. No entanto, não só o estresse prolongado, mas também repetido, é perigoso.
A audição capta a atenção de um cavalo
Os seres humanos atendem movendo os olhos, independentemente da modalidade do alerta estímulo. Os cavalos, no entanto, atendem ao apontar os ouvidos. Estudos psicofísicos e comparativos falam sobre o alcance da audição no cavalo em comparação com um limite humano em muitas situações.
Para o cavalo é extremamente desconfortável sons de alta intensidade (altos e desajustados), o assustando demasiadamente, provocando reações comportamentais de medo e/ou fuga. Quando o cavalo se assusta provoca um estímulo de agitação o que compromete sua concentração e pode estragar sua performance de ‘cavalo atleta’.
Visto que a área de sensibilidade da audição do cavalo é ampla desencadeando defesas e reflexos do animal, geralmente de resistência aos comandos do cavaleiro. Outra área de grande importância na pesquisa sobre audição do cavalo é a sua capacidade para identificar certos estímulos auditivos com certas consequências.
Embora possa ser difícil para um cavalo associar qualidade de um sinal sonoro com uma resposta espacial, os cavalos podem aprender a associar certos sons em certos eventos, desenvolvendo fobias sobre uma determinada atividade, com comportamento agitado. Sua agitação pode estar relacionada com sons que estão fora do alcance do ouvido humano.
Os cavalos podem ligar experiências específicas tanto positivas como negativas a sons específicos. Às vezes, a chave para a agitação de um animal pode ser o que ele está ouvindo.
Conclusão
Baseado nas observações, e mesmo em pesquisas, é necessário ter um cuidado com a saúde auditiva, tanto de humanos quanto de animais, em especial o cavalo. Pesquisas continuam sendo realizadas e não podemos negligenciar a nossa própria sensibilidade auditiva.
Uma vez que ao nos incomodarmos com sons mal equalizados, em volumes acima do limite nos causando desconforto, imediatamente podemos lembrar que nossos cavalos por possuírem uma sensibilidade auditiva muito mais apurada que a nossa pela sua própria natureza ao longo de milhares de anos de adaptação e seleção, certamente sofrerão em mais intensidade e com sérios prejuízos a sua saúde, ao seu comportamento e a seu desempenho atlético.
Devemos isso aos nossos cavalos atletas, as melhores condições para se tornarem verdadeiros campeões.
Por Roger Clark
Médico Veterinário, Juiz e Inspetor Zootécnico ABQM e ABCPaint, Consultor em Comportamento e Bem-Estar Animal
Crédito da foto: James Lee/Pexels
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