Campeão NRHA Futurity Open N1 e N2 em 2012 e do N2 em 2016, a maior competição de Rédas do mundo, onde ele se sente ‘em casa’
O mineiro Teófilo Otoni, Pedro Baião, 32, fixou residência nos Estados Unidos. Hoje mora e treina cavalos de Rédeas em Scottsdale, Arizona. A oportunidade que tem lá lhe fornece a chance de trabalhar para um dos maiores criadores dos Estados Unidos, Kathy e Marc Gordon.
Pedro é hoje o treinador principal do Gordon Quarter Horses e seu time conta com mais dois brasileiros, Aires de Mello e Gustavo Mundim. Juntos, eles trabalham 32 cavalos para treinamento. Número que poderia ser maior, já que o local em que alugam as cocheiras não comporta mais do que essa quantidade.
De acordo com Pedro, Marc Gordon mantém mais cavalos no Texas e, contando com éguas de cria, potrinhos, cavalos para venda e prova, garanhão, ele é dono de mais de 100 animais. Entre eles, Late Night Stopper, que Pedro já monta e treina a primeira geração de filhos. Esses potros estão sendo preparados para estreia em 2021.
O brasileiro conta que não se arrepende da decisão de mudar de vez para os Estados Unidos. Em sua opinião, para quem atua com cavalos, é um dos melhores lugares do mundo, onde tem grandes animais, provas, sem contar na qualidade de vida. Contudo, Pedro Baião tem o sonho ainda de poder competir no Brasil. Como saiu daqui cedo, aos 17 anos, não teve essa oportunidade.
Conversamos com ele, confira!
O início
“Quando eu era criança, montava na fazenda dos meus avós. Então, já adolescente, entre 13 e 14 anos, pedi um cavalo de prova para o meu pai. Ganhei um de Três Tambores e fiz algumas provas. Mas o que meu pai mais queria mesmo era que eu fosse jogador de futebol e joguei por um tempo na categoria de base profissional do Cruzeiro. Nesse meio tempo eu fiz um curso de Rédeas com o Franco Bertolani.
Descobri ali que eu queria seguir na Rédeas. Ao quebrar o tornozelo jogando bola aos 15 anos e precisar ficar longe dos campos para me recuperar, tomei a decisão de fazer um estágio com o Franco e passei um ano com ele. Em seguida, aos 16 anos, vim para os Estados Unidos fazer um intercâmbio de um ano (sem receber salário) com o treinador Doug Milholand. Lembro que eu trabalhava muito todos os dias montando e, inclusive, aos domingos.
Fazíamos de tudo, desde tratar e limpar as cocheiras, além de montar os animais. Nessa oportunidade eu vim em busca de novos aprendizados e mais conhecimento. Dessa forma posso garantir que aqui a gente aprende muito e trabalha muito também. Não e fácil, mas vale a pena quando você tem um sonho ou objetivo.
Voltei ao Brasil por causa do visto, mas não consegui ficar muito tempo e logo retornei aos Estados Unidos e dessa vez foi em definitivo. Estou aqui até hoje, sendo cidadão americano”.
Dia a dia
“Meu dia a dia por aqui continua muito corrido. Eu monto em média 15 cavalos todos os dias e dou aula para o Marc alguns dias na semana. Quem cuida das coisas de escritório e é responsável por manter tudo em ordem nas baias é a minha esposa Ana.
Nosso calendário de provas é composto pelos maiores eventos de Rédeas, sem dúvida. Porém, só definimos 100% para onde vamos cerca de um mês antes de cada, pois dependemos muito dos cavalos.
Em 2020, por exemplo, a minha égua de Derby (categoria para cavalos de quatro anos hípicos) que vinha de uma recuperação, não conseguiu voltar a tempo das provas. Além disso, por causa da Covid-19 estamos em casa.
Mudei de rancho recentemente e não fomos às provas que ocorreram no último mês. Estou focado ainda no treinamento de seis cavalos para o NRHA Futurity e espero conseguir apresentá-los esse ano ainda”.
Cavalos
“Nessa minha trajetória eu costumo dizer que muitos cavalos são importantes. Aqueles em que não conseguimos a performance desejada nos ensinam a melhorar. Por outro lado, os que a gente consegue melhores resultados reforçam que estamos no caminho certo. Se eu tiver que destacar um nome escolho o Spooksgottachicolena.
John, como o chamamos, me deu muitas alegrias. Em 2018 eu trabalhava para o Martin Muehlstaetter e ele era o cavalo do amador Mike Garnett no rancho. Lembro que eles queriam vendê-lo, mas antes eu pude treiná-lo, pois ele tinha machucado e ficado muito tempo parado. Fomos a primeira prova do ano, o Sun Circuit aqui em Scottsdale, e eu levei o John para tentar fazer um bom vídeo para venda.
Assim, fiz alguns ‘schoolings’ (provas para treino, sem valer pontos), mas John não foi muito bom não. Porém, continuei montando e no final da semana eu resolvi fazer uma prova para valer. Para a surpresa de todos marquei 74,5. Garnett decidiu investir um pouco mais antes de decisão final de vede-lo e fomos ao Cactus Reining Classic, também em Scottsdale. O plano era que se conseguíssemos marcar 220 ele iria inscrever para o NRBC.
Eu marquei 223,5 e os planos para o NRBC se mantiveram. Em uma das provas mais importantes do calendário, encerramos em 2018 empatados em segundo lugar N4 com Andrea Fappani e Epic Titan e vencemos o N3. Foi uma experiência e tanto, difícil de conseguir descrever tanta alegria que eu senti. Nesse ano eu e o John conseguimos nos classificar bem em várias provas, com título e somando prêmios. Foram mais de US$ de 130 mil dólares que me deram a chance de encerrar 2018 em nono lugar no ranking da NRHA”.
Planos
“Estou preparando, entre outros, os filhos do Late Night Stopper para a estreia da primeira geração dele como garanhão ano que vem. E estou empolgado, pois estou gostando muito de montá-los, são talentosos e de excelente conformação.
Inegavelmente, eu não sei se conseguiria fazer outra coisa da vida se não montar e competir. Meu plano é sempre estar em busca de conhecimento e, quem sabe, um dia ser o que o Shawn Flarida é.”
Por Luciana Omena
Crédito da foto de chamada: Divulgação/Waltenberry
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