Fortaleza mental

Gostei muito do termo “fortaleza mental” e na hora relacionei a ideia com alguns cavalos que trabalho de vez em quando. São os acuados, os que começam a ter medo de tudo e parecem então que perdem a confiança neles mesmos.

Para quem gosta de futebol, o tema da semana passada foi um pênalti perdido pelo goleiro Rogério Ceni. É o batedor oficial do time do São Paulo, e vem errando as cobranças. São 4 seguidas até agora. Assistindo a um desses programas sobre futebol, o ex jogador Sorin foi perguntado se Rogério deve ou não continuar a ser o batedor oficial do time. A resposta dele foi que se o goleiro tiver sua “fortaleza mental” em ordem, deve sim assumir a responsabilidade. E ainda, segundo muitos outros ex jogadores, o goleiro deve sim continuar a assumir esta responsabilidade.

Gostei muito do termo “fortaleza mental” e na hora relacionei a ideia com alguns cavalos que trabalho de vez em quando. São os acuados, os que começam a ter medo de tudo e parecem então que perdem a confiança neles mesmos. Na maioria das vezes que recebo um cavalo assim vejo que várias tentativas foram feitas para o quadro se reverter. O cavalo passa pelas mãos de outros treinadores, instrutores, amigos dos proprietários e por fim vem até a UC. Quando o cavalo chega, monto como se não soubesse de nada e tento realizar algo, qualquer coisa desde um simples galope no campo até um salto ou atravessar um desafio. Vejo que durante o caminho até este desafio, ou mesmo quando estou passeando pelo campo o cavalo já mostra medo, desconfiança e começa já a mostrar que não vai fazer as coisas que proponho. Está então com sua fortaleza mental abalada. Desconfiança está sendo mal interpretada pelas pessoas. Desconfiança é a falta de confiança. Em que? Em tudo, pois se não faz algo não faz muito mais do que isso…

Assim, quando recebemos estes cavalos, procuramos fortalecer sua fortaleza mental. Fazer com que primeiro este cavalo volte a acreditar na vida, nele mesmo, nas pessoas, no manejo, nas rotinas. Quando isto começa a acontecer, começam as mudanças no trabalho também. Muitas pessoas não levam isto em conta, não acreditam e nem querem conversar sobre isto. Preferem outros caminhos como trocar embocaduras, mudar os horários de trabalho, trocar de treinador ou mesmo de cavalo. Se desfazem não somente do cavalo, que não tem culpa de nada, mas principalmente de uma oportunidade de dar a este cavalo objetivos e confiança. Deixar de desconfiar é confiar. Para isto, a fortaleza mental dos nossos cavalos deve sempre estar firme, pronta para os desafios que a vida vai colocando no dia a dia.

Escrito por : Aluisio Marins

Foto por : Gerson Verga

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