Uma revolução importante marcou a raça de cavalos Bretões nos últimos dias. O criador Aluísio Marsilli, do Haras MD, localizado em Bocaina de Minas/MG, em parceria com a superintendente técnica da raça, Susana Reinhardt e o apoio da Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Bretão, AABCC Bretão, aplicaram a técnica de ICSI e subsequente vitrificação inédita no mundo de um embrião da raça Bretão.
A técnica ICSI já é aplicada em outros animais. A transferência de embriões na raça, explica Susana, começou a ser usada há cerca de 12 anos, com o objetivo de promover o melhoramento genético, escolhendo éguas doadoras e garanhões de qualidade e inseminando em éguas puras médias.
Entretanto, a dificuldade para encontrar receptoras de qualidade e os altos custos da técnica inviabilizaram a prática. “Nunca congelamos embriões ou tivemos venda de embriões aqui no Brasil”, afirma a superintendente.
O criador Aluisio Marsili procurou na França, berço da raça, embriões para importar ao Brasil, visando melhorar a genética do seu criatório. Ele já havia procurado por garanhões no Brasil, mas em virtude da crescente procura por carne equina no mercado internacional, os criadores que possuíam animais com qualidade estavam segurando suas coberturas.
“Foi uma fase muito complicada, porque ninguém queria vender sêmen ou disponibilizar doadoras para proteger a raça, pois a procura para o abate era muito grande”, relembra.
A solução encontrada foi procurar por animais na França. Porém, o país não realizava a técnica de congelamento de embrião, nem as técnicas tradicionais já conhecidas. Mesmo Marsalli solicitando aos criadores franceses e até mesmo a Associação Francesa, não houve viabilidade.
No final do ano passado, Suzana pesquisou para uma égua idosa de sua propriedade a viabilidade de utilizar a técnica ICSI, entretanto, como a realização da mesma possui um custo muito elevado, acabou desistindo.
Neste mesmo período, Marsilli também estava em busca de uma solução para expandir sua criação, aproveitando melhor a genética de suas éguas e dos sêmens de garanhões que importou da França.
“Conversei com o Rafael de Castro Ettori, presidente da AABCC Bretão, em agosto, para tentarmos algo inusitado e aproveitar melhor a genética de meus animais. Chegamos a conclusão de tentar essa nova técnica de formação de embrião, e depois congelá-los, visto que para a transferência direta não teríamos receptoras disponíveis” relembra Marsilli.
Criador e presidente procuraram por Susana para saber se a técnica seria viável e, após sua resposta positiva, passaram a procurar um laboratório para iniciar o processo e as coletas.
A escolha dos animais
A égua escolhida para a doação foi a Campeã Nacional da Raça, Diana du Trepas MD, égua pura de origem internacional, filha de Tania Du Trepas, 3° colocada no Salão Internacional de Agricultura de Paris.
Diana chegou ao Brasil no útero de sua mãe e hoje é considerada a melhor égua da raça no país.
O garanhão escolhido foi Vicking du Bot, francês. Seu sêmen chegou congelado da França.
A técnica foi realizada no VD Horse SPA, localizado na cidade de Itu/SP.
Na primeira tentativa, a técnica já resultou em um embrião que foi congelado.
Vicking du Bot, garanhão francês escolhido para a técnica
“Foi uma conquista muito importante para a raça, pois poderemos desenvolver animais com uma qualidade genética ainda melhor, fomentando a raça no Brasil”, comemora Marsilli.
Próximos passos
Passada a estação de monta e coletas dos animais, os resultados serão reavaliados para saber quantos embriões vingaram, quais os custos finais para a realização da técnica e congelamento a fim de comercializa-los para o mercado nacional e internacional.
“Estamos avaliando se o mercado irá absorver os embriões, mas já estamos muito felizes e empolgados com a conquista”, finaliza Marsalli.
Por: Camila Pedroso
Fotos: Divulgação
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