Paulo Junqueira conta em sua coluna da semana sobre a viagem que fez ao Pantanal de Cáceres
Pantanal Norte – depois de 4 meses em quarentena, na semana passada fui cavalgar no Pantanal de Cáceres, localizado entre o rio Paraguai e a Chapada dos Parecis, próximo da fronteira com a Bolívia.
Infelizmente na viagem entre Cuiabá e Cáceres, ao cruzar a entrada para a Transpantaneira vi fumaça e sinais de áreas queimadas. Antes de mais nada, a região está sofrendo com vários incêndios, causados por uma grande seca que favorece a rápida propagação do fogo, que na maioria das vezes é causado pelo descuido humano.
Assim, foram vários dias de cavalgada pelos campos da fazenda Santa Lúcia. A vegetação do Pantanal não é homogênea, nas partes mais altas tem o que chamam de cordilheiras aonde encontrei árvores grandes muito bonitas. Juntos as baías a vegetação aquática, que é fundamental para a vida pantaneira, áreas cobertas por batume, plantas flutuantes como o aguapé.
De fato, dentre os animais que vi destaco uma bela jaguatirica que cruzou rápido nossa frente, dois lobinhos, muitas emas, algumas antas, muito porco monteiro (queixada ou porco do mato), bugios, centenas de jacarés, capivaras, cervos do pantanal, veado catingueiro e veado campeiro. Assim como, na região aonde está a fazenda, há grandes áreas de mata e muitas onças, mas dela só vi vários rastros.
A sinfonia dos pássaros no início e final do dia, acima de tudo, merecem destaque. De todos os tipos e cores, uma trilha sonora para acompanhar a beleza do pôr do sol no Pantanal (tuiuiús, também conhecido como Jaburu, ave símbolo do Pantanal, araras azul, tucanos, jaçanãs, papagaios, colhereiros, curicacas, aracuã-do-pantanal e muitos outros).
Pantanal
Essa é a região com o quarto maior plantel de gado do país e acompanhei dois dias da lida com o gado na fazenda. De tal forma que como estamos no início da parição, o trabalho foi ‘curar’ o umbigo dos bezerros recém-nascidos (com solução de álcool iodado). Algumas vacas ficam bravas quando os peões pegam seus bezerros e aí eles precisaram ser ágeis.
O cardápio foi uma mistura do sabor dos peixes de água doce à tradição dos boiadeiros. O sabor pantaneiro é tão intenso e maravilhoso como o próprio bioma. No dia que fomos a baía das éguas, por exemplo, o almoço foi arroz carreteiro que levamos no alforje.
O principal tempero desse prato típico do Pantanal é a tradição. Esse prato sempre foi a principal refeição das comitivas pantaneiras que transportavam o rebanho de uma planície para outra.
Nesse dia, no jantar foi a vez do caldo de piranha, muito saboroso. Com mais de 250 espécies de peixes outros destaques de nossas refeições foram o pacu e o pintado na brasa. Na fazenda Santa Inês tem um açougue especial para corte e preparo das carnes.
“Lá vai uma chalana, bem longe se vai…navegando no remanso do rio Paraguai” – a música Chalana eternizada na voz de Almir Sater teve um ‘sabor’ especial ao embalar o início de nosso retorno pelo rio Paraguai a bordo da chalana do Nei, um grande final dessa experiência no Pantanal.
Por Paulo Junqueira Arantes
Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil
www.cavalgadasbrasil.com.br
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