A oportunidade de ver e interagir com animais selvagens a cavalo é emocionante. No Masai Mara, Quênia, enormes manadas de gnus, zebras e muitas girafas se estendem até onde a vista alcança. A oportunidade de conhecer os Maasai, tribo nativa cuja cultura é muito rica também é algo que fascina.
Os acampamentos
Nesse safári optei por uma combinação de hospedagem em bases móveis e fixas (normalmente são moveis ou fixas). Passamos as duas primeiras noites em um acampamento móvel que é surpreendentemente bom.
As barracas são espaçosas com camas com todo conforto. A comida é muito boa e o serviço excelente, a equipe está sempre pronta para atender todas nossas necessidades. Cada barraca tem um funcionário responsável por todo serviço, todas as manhãs ele traz água quente para nós lavarmos o rosto em uma bacia do lado de fora da barraca, que também está pronta quando voltamos da cavalgada.
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Nossas roupas podem ser lavadas a cada dois dias. Depois de cada cavalgada, ele limpa nossas botas e toda noite coloca uma bolsa de água quente em nossa cama para aquecê-la. À noite, cada barraca recebe um lampião (daquele tipo antigo) que queima a noite toda na frente da barraca.
O banheiro é dividido em 2 tendas, uma privativa de cada barraca, com uma privada em cima de um buraco. A outra, do banho, é compartilhada com mais uma barraca. Os banhos quentes estão disponíveis a qualquer hora, é só pedir para quem atende minha barraca trazer os 20 litros de água quente, que são colocados em uma bolsa estanque que está suspensa numa árvore e tem um bico de chuveiro.
As outras quatro noites foram divididas em 2 noites em um lodge muito aconchegante já com toda estrutura de um hotel de selva, e as últimas noites num lodge com requintes de hotel de luxo.
Sons da natureza
Uma das memórias inesquecíveis de um safari a cavalo é o concerto de ruídos noturnos que acompanham nossos sonhos, os chamados cadenciados de um bando de hienas caçando à distância, às vezes, o rugido profundo e vibrante de um leão. Há sempre um ruído de fundo indistinguível de miríades de pássaros e animais que nos embalam para dormir. Felizmente, no Masai Mara tem poucos insetos, as temperaturas diurnas são agradáveis e as noites frescas.
Os Cavalos
Minha tenda estava localizada bem próximo de onde os cavalos dormiam, e eu acordava com os ruídos deles quando começavam a ser tradados as 5h30. Os quenianos nativos que cuidam dos cavalos são chamados de syces. Eles amarram uma corda de cerca de 3 metros acima do solo, entre duas árvores, e os cavalos são amarrados a ela. São cordas bem grossas (tipo daquelas de ancora de navio) e são esticadas com a tração do caminhão dos cavalos.
Dois vigias ficam a noite toda rodando o acampamento, um deles na área dos cavalos. Três vezes ao dia os cavalos são alimentados e de manhã, após a refeição, são selados e ficam prontos para sair.
Da mesma forma que nas barracas, cada cavalo/cavaleiro tem um responsável que vai nos atender durante toda a semana. Para montar sempre usamos uma plataforma e nosso syce fica segurando o cavalo. Idem para quando voltamos, entregamos o cavalo e ele assume a partir daí.
Simon Kenyon
Nosso guia principal, Simon Kenyon, nasceu no Quênia e cresceu em uma fazenda em Laikipia, perto do Monte Quênia. Estudou na Inglaterra e se formou em Zoologia pela Universidade de Leeds. Tem guiado safaris por todo o Quênia nos últimos 10 anos. Ele começou como guia de apoio para Tristan Voorspuy e logo depois começou a liderar safaris a cavalo. Passou 5 anos como guia-chefe e gerente no Sosian Lodge em Laikipia antes de voltar a liderar safaris no Mara e em Laikipia. Simon também trabalhou em viagens a cavalo na Argentina e no Delta do Okavango, no Botswana.
Seus amigos dizem que ele tem um conhecimento “elefantinho” da flora e fauna do Quênia. Ele sabe o que é preciso para dar aos seus grupos a melhor experiência de safári a cavalo. A paixão de Simon pelo que faz é contagiante e seu amplo conhecimento e entusiasmo pelo Quênia proporcionam uma experiência única e especial.
Certificação do Guia
No Quênia os guias não andam armados, eles usam um chicote que se necessário é usado para intimidar os animais com um ruído parecido com um tiro. Nossa “segurança” está na qualificação de nosso guia. O Simom é um guia com a Certificação Prata concedida pela associação Kenyan Professional Safari Guide Association (KPSGA).
Para pertencer à associação, os guias devem estudar e passar nos exames. Eles precisam esperar três anos entre os exames enquanto continuam trabalhando no setor, obtendo as habilidades e conhecimento de vários assuntos de vida selvagem.
O exame escrito tem 100 perguntas, e abrange uma ampla variedade de tópicos incluindo: aves, mamíferos, plantas, insetos, aracnídeos, répteis anfíbios, culturas e tribos, geografia, história, atualidades, conhecimentos gerais, conservação e primeiros socorros.
Por: Paulo Junqueira Arantes
Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil
Foto: Divulgação
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