Você já parou para pensar nos cavalos que puxam as carroças no interior do Brasil? Muitas vezes, devido às dificuldades financeiras dos proprietários e mesmo o desconhecimento, são animais adoecidos, que quase nunca são casqueados e ferrados.
Wagner Rocha é um ferreiro com 20 anos de formação e possui uma ação social que realiza em sua cidade, Viamão, no Rio Grande do Sul, que atua justamente com estes animais: os cavalos dos carroceiros.
“Comecei minha vida profissional com os cavalos de carroça, e ficava indignado com a situação deles. Gostaria de realizar uma ação com eles para ajudar, mas os custos são muito altos”, relembra Rocha.
Com este pensamento em mente, o Wagner Rocha se reuniu com outros amigos ferreiros e veterinários e há seis anos realiza anualmente uma ação de ferrageamento, casqueamento e atendimento veterinário gratuito aos animais dos carroceiros da sua cidade.
“Cada ferrador traz seus materiais e arca com o custo do trabalho no cavalo. Atendemos animais muito debilitados, muitas vezes machucados e doentes. Realizamos o trabalho de casqueamento e ferrageamento e o veterinário faz uma avaliação no animal, tratando feridas, medicando. Ainda é muito pouco, mas como os custos são altos, é o que podemos fazer para ajudar”, afirma.
Na última edição do encontro, foram tratados 46 animais. “É muito gratificante poder ajudar estes cavalos. Gostaria de poder viver apenas de cuidar destes animais, mas não consigo. Quem sabe um dia”, afirma Rocha.
Início da carreira de ferrador
Nascido em uma família humilde, Wagner Rocha sempre teve contato com cavalos. Com 11 anos foi trabalhar em uma pequena criação de gado leiteiro, onde ordenava as vacas e vendia o leite.
Neste emprego, Wagner sempre precisou do cavalo para fazer seus trabalhos diários e começou a se interessar pelo trato do animal. “Lá, quando a gente precisava ferrar o cavalo, levávamos para um rapaz que estava sempre com a agenda cheia, além disso, eu não gostava muito do trabalho dele. Comecei a correr atrás de cursos para poder fazer o trabalho”, relembra.
Mas, encontrar cursos de qualidade naquela época era muito difícil e com o apoio do Senac ele conseguiu se especializar. “Como a propriedade leiteira estava minguando, passei a trabalhar com ferrageamento. Coloquei uma placa no portão de casa e passei a atender alguns cavalos”, relembra.
Certo dia, um rapaz o convidou para trabalhar na propriedade dele, um criatório de cavalos de Polo. Conforme ele começou a atuar com os animais, o proprietário do haras perguntou a ele se conhecia um ferrador.
“Falei que eu sabia fazer o serviço e comecei a ferrar os cavalos do haras. Para a minha sorte, ele namorava uma moça que tinha um haras muito grande e forte na região. Ela chamava um rapaz de Curitiba/PR para ferrar seus animais e eu passei a acompanhar. Ele era muito bom e eu aprendi muito com ele”.
Com isso, Wagner passou a fazer mais cursos para se especializar e hoje tem o ferrageamento como profissão. “Devo toda a minha carreira aos cavalos de carroça. Comecei atuando com eles e sou grato a cada um. Vou continuar realizando essa ação com uma forma de agradecimento e ajuda a estes cavalos que são muitas vezes esquecidos e abandonados. Gostaria de agradecer ao apoio dos amigos que me ajudam a desenvolver essa ação tão importante”, finaliza Wagner Rocha.
Por: Camila Pedroso
Fotos: Divulgação
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