Adeus aos cavalos?

Luciano Rodrigues trata nesse artigo de cavalos que fizeram parte da história

 Coloquei como interrogação o Adeus aos cavalos. O escritor Ulrich Raulff afirma nossa despedida dos cavalos. Estando eles numa ‘semi-aposentadoria’, com um ‘emprego de meio período como item recreativo, um modo de terapia’.

Os cavalos fizeram parte da história, contribuíram para nós humanos conquistar e construir a história da humanidade. Contudo, o cavalo pode estar com seus dias contados?

De fato, a tecnologia está substituindo o trabalho dos cavalos. Nas guerras, plantações, viagens foram substituídos pelas máquinas. O cavalo, hoje, pode estar restringido às práticas recreativas, mas ainda assim tem um papel importante para algumas comunidades, principalmente para aqueles que não têm acesso às novas tecnologias.

Cavalo de Guerra

Estima-se que na I Guerra Mundial (1914-1918) morreram 17 milhões de soldados e civis, e que 8 milhões de cavalos perderam a vida. Neste conflito temos uma reviravolta, o adeus ao cavalo segundo UlrichRaulff, a guerra se inicia tendo o cavalo como motor dos exércitos.

Adeus aos cavalos

Foram utilizados cavalos de toda a Europa, sendo necessário aquisições de animais das américas que eram transportados em navios, muitos dos animais morriam no trajeto, seja por doenças ou por naufrágios.

Podemos ver a relação dos cavalos com a guerra no filme Cavalo de Guerra, dirigido por Steven Spielberg. Esta guerra marcou uma transição, principalmente nas estratégias de guerra. Antes da I GM a estratégia se baseava nas guerras napoleônicas, com a ocupação do território inimigo. Por um pensamento ofensivo, com rápidos avanços e recuos no terreno com vista à aniquilação do inimigo, sendo feito com o uso dos cavalos.

Na I GM inicia uma estratégia de desgaste, sendo ela travada no campo econômico, político e psicológico. As ocupações eram feitas de forma precisa para o controle do território. Outro fator importante é o desenvolvimento tecnológico, com máquinas, tanques, aviões etc.

Adeus aos cavalos

Um dos grandes fatores que fizeram o cavalo se aposentar dos campos de batalha, foi o advento dos tanques de guerra. No ano de 1916 foi construído o primeiro tanque chamado Mark I, desde então uma série de tanques e máquinas foram criadas, levando a substituição dos cavalos. Não sentamos mais em selas como sentávamos há um século.

Adeus ao cavalo?

Provavelmente ainda não é o fim da relação das pessoas com o cavalo. Obviamente que a tecnologia contribui para o afastamento, porém, percebemos a contribuição dos cavalos em outras áreas. Como na utilização dos cavalos na área da saúde pelo Instituto Butantan.

Ou mesmo, na zona rural onde ainda encontramos pessoas que usam nos trabalhos corriqueiros. Mas a grande mudança está na transformação do cavalo de produção para um animal “pet”, um mercado que vem crescendo cada vez mais.

De acordo com dados do IBGE, o rebanho de equinos no Brasil teve um leve aumento desde 1974. Segundo os dados, de 1974 até 1995 o número do rebanho cresceu, chegando a 6.394.145 equinos. De 1995 a 2013 o número de cavalos caiu drasticamente, chegando a5.312.076 equinos em 2013.

A partir de 2014 o número de animais no Brasil tem uma ascensão, tendo em 2018 um rebanho de 5.751.798 equinos. Uma média de um cavalo para cada 36 pessoas. Se comparado com os cães com um animal para cada 4 pessoas, aves de um para cada 5 pessoas e com os gatosde um para cada 9 pessoas, o cavalo tem muito espaço a conquistar.

Adeus aos cavalos
Foto: IBGE

Conclusão

Conforme Aluísio Marins o que falta é conhecimento. “Aumentamos o volume geral em detrimento do aumento das pessoas que entraram para o nosso mercado, mas estas pessoas não têm conhecimento sobre cavalos. Então, temos muita gente gastando muito com o cavalo, mas com pouco conhecimento. E isto reflete diretamente na evolução do nosso mercado, pois sem o conhecimento toda a cadeia sofre”.

Em conhecimento não estamos como estão os europeus, eles possuem séculos de avanço em pesquisas sobre os cavalos. No entanto, eles têm um mercado saturado, enquanto que no Brasil, temos um mercado a avançar, seja no rebanho, como em equipamentos, produtos e conhecimentos sobre os cavalos.

Colaboração: Luciano Ferreira Rodrigues Filho
Cavaleiro e Pesquisador | 
Campeira Dom Herculano | lu_fr@yahoo.com.br
Fotos: NationalArmyMuseum e Pinterest
Fontes: nam.ac.uk, tanks-encyclopedia, animalbusiness, seriesestatisticas/IBGE

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Uma breve ontologia do ser equino

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