Ao lado de Macha e Gato, dois cavalos da raça Crioula, o aventureiro foi o primeiro a cruzar as três Américas à cavalo
Nascido em 1895, na Suíca, Aimé Félix Tschiffely fez história. Sua vida tranquila na pacata aldeia de Zofinguen mudou quando ele resolveu morar na Inglaterra em busca de mais aventuras, no início de 1910, ainda jovem. Alguns anos mais tarde, ao ser convidado pra ministrar aulas de matemática no colégio St. George, na Argentina, mudou-se em definitivo, em 1920. O suíço-argentino era um estudante e um leitor devoto e também apaixonado pelos cavalos da raça Crioula.
Sua veia de aventura nunca o abandonou. Por volta de 1925 decidiu que ia cruzar as três Américas à cavalo e fez uma proposta a Dr. Emilio Solanet, um dos maiores criadores de Crioulos da Argentina: testar a resistência da raça e realizar o seu maior projeto. Solanet topou e lhe cedeu Mancha (com 15 anos na época) e Gato (16 anos). Nascidos na Patagônia, os animais eram habituados a condições climáticas hostis, portanto, ótimos companheiros para essa jornada. Muitos desacreditaram, já que Aimé não sabia quase nada sobre equitação e muito menos de exploração e viagens desse tipo.
Então eles partiram, em 23 de abril de 1925, de Buenos Aires com destino a Nova Iorque, nos Estados Unidos. Na bagagem, uma sela gaúcha tradicional, composta por uma estrutura leve, três armas – .45 Smith & Wesson, 12-gauge shotgun e uma Winchester .44 -, mapas, passaporte, cartas de crédito, bússola, barómetro, manta de lã, poncho de borracha leve, óculos de proteção, uma grande rede contra mosquitos, um suprimento de moedas de prata.
Foram três anos para cruzarem 23 países e 21.500 km. Tschiffely, 29 anos, Macha e Gato chegaram ao seu destino em 22 de setembro de 1928 e foram recebidos com todas as pompas que mereciam. A 5ª Avenida, importante endereço da cidade, foi fechada para que Gato e Mancha desfilassem com seu cavaleiro valente. Foram almoçar na Casa Branca, com o presidente dos Estados Unidos, entre tantas outras regalias e homenagens que receberam.
Ficaram inseparáveis e muito unidos. Os dois cavalos tornaram-se muito companheiros de Aimé e também protetores. Entre as aventuras, percorreram a Cordilheira dos Andes, andaram a 5.900 metros acima do nível do mar, no passo do El Condor, entre Potosí e Chaliapata (Bolivia). Atravessaram o terrível deserto mata-cavalo (Peru) e enfrentaram as pestes das úmidas selvas centro-americanas. Na lista de obstáculos, atravessaram a nado a correnteza dos rios e regiões então ocupadas por bandoleiros.
Passaram por La Paz, Cuzco, Lima, Quito, Bogotá, Panamá, San José, San Salvador San Luis Potosi, Laredo, Washington, San Antonio, St. Louis, Columbus, entre outras. Sua aventura o inspirou a escrever um livro – Tschiffely’s Ride – que foi traduzido para o alemão, francês, finlandês e polonês, e inspirou gerações de cavaleiros. Muitos, que fizeram algum tipo de viagem à cavalo, sempre mencionaram Tschiffely como inspiração.
O livro foi escrito alguns anos depois, em 1932, quando ele, após sua longa jornada, ter passado um tempo morando nos Estados Unidos e Argentina, se instalou na Inglaterra. Não ficou somente nesse livro, ele escreveu vários depois desse. E não ficou somente nesta viagem. Sempre que podia, ele se aventurava à cavalo, trem e navio, ia e voltava para as Américas, incansável.
Acabou partindo deste plano em 5 de janeiro de 1954, após complicações de uma cirurgia. Sua cinzas foram levadas e depositadas na Argentina para ficarem perto do memorial de seus amigos, Mancha e Gato, em Ayacucho, que morrem em 1944 e 1947 (respectivamente). Eles foram embalsamados e colocados em exposição no Museu de Luján, no centro de Buenos Aires.
O ‘Dia Nacional do Cavalo’ na Argentina, por exemplo, é celebrado todo dia20 de Setembro, em homenagem a data em que Tschiffely chegou à Nova Iorque.
Se você acha que já ouviu essa história antes, está certo! Aimé Tschiffely foi o cara que inspirou e permeou os sonhos de Filipe Leite, o brasileiro que bateu o recorde do seu ídolo e veio do Canadá ao Brasil à cavalo.
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