Amizade na partilha de conhecimento

Luciano Rodrigues, cavaleiro e pesquisador, escreve nesse artigo sobre o Dia do Amigo, celebrado no último dia 20

Dia 20 de julho, Dia do Amigo, data em que o Brasil vem adotando para celebrar a amizade. Imprescindível para nossa vida, as amizades surgem, desaparecem, o amigo nasce, morre, se transforma, os amigos do futebol, do trabalho, do cavalo, mas eles sempre estão a nossa volta.

Este elo de trocas de saberes e afetos faz desenvolver o sujeito, não mais como no período das cavernas pautadas somente na sobrevivência. Hoje a amizade significa muito mais, principalmente em momentos que precisamos fortalecer o coletivo, numa sociedade que tende a prevalecer o individualismo.

Amizade

Amizade é um vínculo afetivo. Como sabemos, os humanos são seres sociais, assim como os cavalos. Necessitamos um do outro para nossa sobrevivência.
A passagem do sujeito selvagem para a civilização se dá pela apropriação de regras pensando no coletivo. Assim, tribos, clãs, famílias, formam um uma rede de relacionamento pensando no bem comum do grupo. Quando os homens eram presas, a união entre os sujeitos se torna mais forte para enfrentar os predadores e as intempéries da vida.

Dessa forma, a coletividade é importante para a manutenção e perpetuação da sociedade civilizada. A amizade como vínculo afetivo é este respeito e partilha cultural. O cavalo pode ser um destes pontos de compartilhamento na qual mantem os amigos unidos.

Amizade na partilha de conhecimento

Amigos pelos cavalos

Nossos encontros são em torno do cavalo, até podemos, hora ou outra, conversar sobre outros assuntos. Se você está lendo este artigo, o nosso vínculo é com o cavalo, você chegou até aqui procurando alguma coisa sobre cavalo, todavia, falamos de outras coisas, mas sempre retornamos a eles; como foi a laçada, o comportamento daquele animal, prefere o cavalo X ou Y, que ferradura eu uso, etc, etc, etc.

Assim vamos pulando de assunto em assunto, até passar o dia. Amanhã começamos tudo novamente. E para que serve isso? Para termos o sentimento de fazer parte, precisamos fazer parte de algum grupo, isso remete aquela sobrevivência da época das cavernas.

Rodas de conversa

Fim do treino, começamos a rever as passadas, o que aconteceu naquela laçada, como estão os animais, ou qualquer outro assunto. Mas o assunto principal recai sobre a barreira do bezerro: porque queimamos tanto?

Conversa entre amigos que estão crescendo juntos na modalidade, tentativa de erros e acertos e desta forma vão se aperfeiçoando. Mas em um ponto esbarramos, e para isso servem os amigos: o que ainda falta para não queimar a barreira?

Um fala sobre a técnica, outro fala de apenas laçar sem se preocupar. Cada um apresenta a sua versão; postura na equitação como técnica, olhar a cabeça do boi, controle de velocidade, ou apenas esquecer com esses detalhes, pois logo estaria laçando sem queimar a barreira.

Aqui damos destaque para o papel do amigo, este um profissional que ali estava, que não poupou esforços para nos ensinar, explicou os detalhes, um altruísmo sem se preocupar se ele é melhor ou não. Descobrimos que todos tinham um pouco de saber, e que todos tinham alguma razão no seu ponto de vista.

O melhor do treino nem sempre é o próprio treino, mas a conversa e a troca com aquele amigo que está por perto, ele nos apresenta pontos que não tínhamos visto ou percebido, trocamos informações e isso vai construindo nossa rede de afetos para aquele que guarda um minuto da vida para o outro.

O dia do amigo não é apenas um dia, são todos. Assim, pensemos em como podemos ser útil para o outro, uma conversa pode salvar vidas.

Colaboração: Luciano Ferreira Rodrigues Filho
Cavaleiro e Pesquisador | 
Haras Dom Herculano
Crédito da foto de chamada: Pixabay

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