Eles tocam juntos a Hípica Cenaem em Morungaba, interior de São Paulo, um centro de formação de atletas equestres
Casal que batalha junto, cresce junto! Você já deve ter ouvido aquela história de que se relacionar com um colega de trabalho ou abrir um negócio com a pessoa com quem se tem um relacionamento é a receita perfeita para fazer o amor acabar, certo?
Pois saiba que isso é apenas parcialmente verdade. Um estudo realizado pela Universidade de Utah, nos Estados Unidos, já havia mostrado que o índice de felicidade e satisfação profissional de casais que trabalham juntos é duas vezes maior que o de casais que não convivem no ambiente profissional.
O novo estudo realizado pela International Stress Management do Brasil mostra que parceiros que trabalham juntos têm mais facilidade em entender os problemas que cada um vive no dia a dia. E é isso que a história de Paula Camargo e Claudinei Pires de Oliveira mostra. Há 15 anos eles tocam juntos a Hípica Cenaem, em Morungaba/SP, formando atletas para modalidades equestres, especialmente os Três Tambores.
Paula Camargo, 39 anos, nasceu em São Paulo capital e se formou em Zootecnia. Começou a competir na modalidade Três Tambores em 1998 e foi, inclusive, uma das fundadoras da Associação Nacional de Três Tambores, que há 16 anos fomenta o esporte dentro dos rodeios. “Tenho muito orgulho de tudo o que a Associação representa na evolução da modalidade”, conta Paula, que se mudou para Morungaba em 2004 logo que conheci o seu marido.
“Passei a treinar na Hípica Cenaem, centro de treinamento que o Nei fundou em 1998. Sempre gostei do jeito que ele trabalha os cavalos, formando uma base bem sólida. Ele vem da equitação clássica e tem recursos diferenciados, que me ajudam muito na minha forma de montar. Ele também faz muitos cursos e está sempre se atualizando, o que permite que acompanhe a evolução do nosso esporte!”
Nas pistas, Paula lembra que sempre seguiu os maiores campeonatos da modalidade. “Fui reservada campeã nacional pela ABQM, fui premiada em vários Nacionais e Congressos , finalista da extinta Federação Nacional do Rodeio Completo), da também extinta, mas saudosa Copa Unioil de Rodeio Cronometrado, e da ANTT”. Paula também competiu nas maiores arenas do Brasil, com títulos. “Fui quatro vezes finalista em Barretos e ganhei alguns rodeios e provas”.
Os animais que montou, foram muitos. Alguns dela e outros de terceiros, em rodeios e provas. Em 2018, ela e Nei mudaram para a nova Hípica Cenaem. Segunda ela, uma grande realização para a família. “Construir uma estrutura na nossa casa, com toda a funcionalidade e conforto para os cavalos e nossos clientes. Oferecendo treinamento, manejo e instalações de alta qualidade”.
Experiente, não só como competidora, mas também como dirigente, Paula reforça que trabalhar com cavalos exige uma dedicação em tempo integral. “Então você precisa gostar muito disso. E, graças a Deus, nossa família ama isso e está sempre junta. Cuidando de todos os detalhes para os cavalos estarem sempre bem. Junto com a gente temos o filho do Nei, Caique, que tem 23 anos, e nossa filha Júlia, que tem 12 anos. Os dois competem e nos ajudam em tudo”. E em todos esses anos formando atletas, foram muitos os alunos e cavalos que passaram pelo Cenaem. Paula conta que o carinho e o orgulho são grandes por cada um deles.
Claudinei Pires de Oliveira tem 47 anos e nasceu Morungaba. Sua formação é treinador de cavalos por vir de uma família que sempre trabalhou na área. Ele domo e prepara cavalos desde muito novo. “Já competi em várias modalidades equestres, tive muitas conquistas no Adestramento e Equitação de Trabalho, que são modalidades que exigem muito conhecimento na movimentação do animal”.
Antes de formar seu próprio CT, Nei trabalhou em outros centros de treinamentos e em alguns haras. Hoje ele não comete mais, prefe trabalhar preparando animais para outras pessoas competirem. E o trabalho de bastidor é intenso. “O trabalho aqui na Hípica consiste em manter os animais sempre bem cuidados, garantindo cocheiras confortáveis, com cama sempre limpa, alimentação balanceada, água limpa e volumoso à vontade, banho de sol, condicionamento físico e treino técnico adequado a cada cavalo”.
Quem trabalha com cavalos, deve ser um eterno estudioso. Não só se aperfeiçoar em alguma modalidade específica, mas também conhecer anatomia, comportamento, linhagens, ou seja, se aprofundar. “Quando domo um animal, me preocupo em fazer ele gostar de trabalhar, além de desenvolver a sua movimentação. O cavalo tem que querer executar aquele serviço, tem que fazer por gosto, pois vai precisar fazer pro resto de sua vida esportiva e é isso que eu busco despertar neles”.
Para Nei, o mais importante no trabalho de um treinador é entender que cada animal tem sua personalidade e saber usar suas características à seu favor.” É preciso respeitar a individualidade deles e ter paciência de preparar cada um a seu tempo. Os animais aqui da Hípica tem se saído muito bem em provas e rodeios, na sela de seus proprietários, e nosso objetivo é manter esses bons resultados e continuar trabalhando em busca de conquistas ainda maiores”.
E todo esse trabalho positivo inspira muitas pessoas. Uma delas, a filha Julia Oliveira. “Eu gosto de treinar com meus pais. Minha mãe sempre me passa exercícios pra melhorar minha equitação. E meu pai deixa sempre os cavalos bons pra mim. Gosto que meu pai entre na pista comigo, me sinto mais segura! Tento dar o meu melhor pra valer a pena o trabalho deles e também porque eu amo!”.
Isabel Dias, também há muitos anos na modalidade, companheira de Paula no começo da ANTT, conta que leva seus cavalos para serem domados e treinados no Cenaem. “Mesmo existindo opções bem mais perto para mim, que moro a mais de 200 quilômetros de Morungaba. Tenho muita confiança no Nei e na Paula quanto ao treinamento e aos cuidados com meus animais. Fico feliz em fazer parte da equipe”.
O mesmo pensa Cristiane Oliveira: “Amo treinar na Hípica Cenaem, além da paz que esse lugar transmite, e de estar cercada por uma paisagem linda, meus cavalos estão sempre bem cuidados e bem treinados.”
Hoje, a estrutura da Hípica Cenaem, que tem 20 cavalos em doma e treinamento, conta com pista com medidas oficiais e piso preparado para treinamentos e competições, com opção de pista reduzida; área de aquecimento ampla; estrutura de bar e banheiros para provas, com chuveiros; camping com água e força; piquete para soltar os cavalos; 25 baias espaçosas e arejadas e mais uma baia maternidade com área duplicada; banheiros e cozinha para uso diário; escritório, oficina, quartinho de sela, fábrica de ração, tronco de contenção com farmácia, área de armazenamento de serragem e de feno; garagem para trailers e caminhão.
“Temos muitos planos, além de continuar levando nossa equipe em provas e rodeios e trabalhar para manter os bons resultados, pretendemos trazer ainda esse ano, novos cursos e realizar provas na Hípica Cenaem”, finaliza Paula.
Por Luciana Omena
Fotos: Cedidas