“A compaixão para com os animais é uma das mais nobres virtudes da natureza humana”, definiu Charles Darwin, o famoso naturalista britânico. Ressalto que o cavalo é o melhor amigo do homem (mais sincero até mesmo do que o cachorro). Quando não gosta de você, ele murcha a orelha, dá um chega pra lá com a cabeça e até manda o pé. Mas se gosta, aquele ser enorme, de 500 e tantos quilos, torna-se um parceiro fiel, entregando-se totalmente à relação, pronto para ficar ao seu lado sob qualquer condição. Como sei disso? Há centenas de anos o homem aprendeu a se comunicar de diversas formas com os equinos, seja por gestos, sons, sinais… E tal relação só faz evoluir.
Cavalo
Engana-se quem pensa que o mercado equestre brasileiro seja restrito à uma elite de abastados, pelo contrário, a base do setor é preenchida por pequenos empresários e profissionais liberais, cuja maioria é proveniente dos centros urbanos. O motivo de tal envolvimento? O amor para com os animais. Isso tudo sem falar na Equoterapia, trabalho que tem o cavalo como agente principal no tratamento de distúrbios e doenças do ser humano.
Segundo o estudo “O Brasil dos cavalos”, do Instituto Brasileiro de Equideocultura (IBEQUI), divulgado no último mês de maio, calcula-se que o movimento econômico do setor equestre brasileiro seja de R$ 35 bilhões/ano, gerando emprego e renda para mais de 03 milhões de famílias. Essa mão de obra é uma das poucas que não pode ser automatizada.
Outro dado relevante da referida pesquisa é que as competições hípicas existem há mais de 380 anos no Brasil. De acordo com levantamentos históricos da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), a primeira prova aconteceu em abril de 1641, em Maurícea, onde hoje fica a cidade do Recife, no Pernambuco. A iniciativa da disputa foi do então príncipe holandês João Mauricio de Nassau, único governante da Colônia não-português. A contenda teve a participação de cavaleiros holandeses, franceses e alemães versus equitadores portugueses e brasileiros, sendo estes últimos os campeões.
“Cercado pelos elementos que conspiram para sua ruína e por animais cuja velocidade e força superam as suas, o homem teria sido um escravo sobre a Terra. O cavalo fez dele um Rei”, escreveu o hipólogo francês Ephrem Houël. O cavalo é tão nobre, que une peão e patrão, sem fazer distinção. Reitero que as provas equestres formam o caráter das crianças, pois a meninada lida com pessoas de diferentes credos e classes, aprendem sobre compreensão e respeito; lidam com derrotas e vitórias, trabalham a aceitação e a humildade, e, sobretudo, reconhecem limites, os próprios e os do seu amado companheiro de quatro patas.
Artigo assinado por Marcelo Pardini, narrador, poeta, jornalista, pós-graduado em Marketing e leiloeiro rural. Titular da marca Agro MP – A voz do Agronegócio.
Foto: Divulgação/Nelsinho Servilheira
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