Considere os sacrifícios do Brasil rural

Luciano Rodrigues, cavaleiro e pesquisador, para fechar 2020 com ‘chave de ouro’, faz uma balanço do ano atípico que tivemos

Foi um ano atípico para todos, em especial para o ‘Brasil rural‘. Pandemia: isolamento social, crises econômicas, mortalidades. Assim como, mudanças de hábitos, cancelamento de eventos, entre outros. O ano de 2020 começou timidamente. Quando vimos, estávamos no meio de um furacão chamado Covid-19. E ainda não acabou.

Ao ler um artigo de Bob Welch – ‘Consider the sacrifices of past ranchers’ – voltei minha mente, portanto, para esta situação: os sacrifícios dos antigos rancheiros com a finalidade de chegar no momento que chegamos. Fez pensar. Os sacrifícios dos invisíveis, dos escondidos no fundo da grota, piorando com o isolamento social. Antes de mais nada, o nosso verdadeiro Brasil rural.

Então, este artigo é para estas pessoas, como agradecimento aos seus sacrifícios. De fato, o mundo do cavalo não é feito por super caminhonetes, grandes leilões, vestuários caríssimos, animais de milhões. Não, o mundo do cavalo, assim como da agropecuária, é feito pela simplicidade. Acima de tudo, por inúmeras pessoas que trabalham as escondidas, de madrugada, nos cafundós deste Brasil rural.

São conhecidos como caipiras, sertanejos, vaqueiros, sitiantes, faxinalenses, assentados, colonos. Antes de tudo, são estes que fazem a agropecuária acontecer. E, de acordo com dados do Censo Agropecuário, 84,4% do total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros pertencem a grupos familiares. Ao que se chama de Agricultura Familiar.

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Brasil rural uma força do cavalo

Muitos destes, sem dúvida, dependem da força do cavalo. Com suas carroças, arados, o cavalo é talhado nestes cenários. Cavalos comuns são vendidos, trocados, feitos cruzamentos pelo senso comum. Do mesmo modo, carregam lenha, levam crianças para escola, para a feira, para a igreja. Assim, são também os invisíveis que movimentam grande parcela do PIB nacional.

Conforme a pesquisa ‘Revisão do Estudo do Complexo do Agronegócio do Cavalo’, publicada em 2016. Nela, sobretudo, vemos que o rebanho de equinos no Brasil gira em torno de 5 milhões de cabeças. Dessa maneira, 1,1 milhão desse total são de equinos para esporte, lazer e criação. Outros 3,9 milhões são de animais para o trabalho (lida).

Em resumo: 78% do rebanho brasileiro de equinos são para o trabalho. Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia são os estados que possuem maior número de animais no Brasil, respectivamente. Somados esses estados possuem 33,5% de todo o rebanho nacional.

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Vida sertaneja

Sou sertanejo rocêro,
Eu trabaio o dia intêro,
Que seja inverno ou verão.
Minhas mão é calejada,
Minha péia é bronzeada
Da quintura do sertão.
(por Patativa do Assaré)

Por isso, em meio a esse ano de 2020, cheio de incertezas e obstáculos, onde há meses não vejo o pessoal do sítio perambulando pela cidade, faço meu agradecimento. Eles sim não deixaram de plantar e nos alimentar, são eles.

Que acordam na madrugada, seja no sol ou na chuva, no verão ou no inverno, sem férias, sem fim de semana, todos os dias são iguais, trabalhando na ruralidade, lá no fundão da grota. Eles e seus animais.

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Referências

  • MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Revisão do Estudo do Complexo do Agronegócio do Cavalo. Brasília: MAPA, 2016.
  • WELCH, Bob. Consider the sacrifices of past ranchers. Disponível em: https://westernhorseman.com. Acessado em: 02 dez 2020.

Colaboração: Luciano Ferreira Rodrigues Filho
Cavaleiro e Pesquisador |
Campeira Dom Herculano
Crédito das fotos: Divulgação/Pexels e Pixabay

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