Se você vê apenas o seu cavalo como atleta, não imagina o quanto está deixando de ajudar o seu time a vencer. O nervosismo coloca em cheque o seu Tambor
De um tempo para cá, ouve-se muito a respeito de controle emocional. Até mesmo nos Três Tambores ouvimos treinadores e competidores falando a respeito. De como é importante controlar as emoções e a ansiedade.
Mas, na real, o que a maioria sabe sobre controlar as emoções, sobre o nervosismo e sobre a ansiedade? Basta se esforçar para controlar o nervosismo e ele será controlado? Parece que não é bem assim.
Antes de tudo, ao pensar em controlar algo é preciso saber o que é que vamos tentar controlar. Assim como acontece com os cavalos e os problemas que apresentam, aqui também é preciso saber sobre a causa para conseguir mudar o seu estado de tensão e apreensão do modo on para o off.
Por que ficamos nervosos?
Porque o nervosismo e a ansiedade têm tudo a ver com o medo. Medo de errar, medo de não ser aprovado, medo de não ser aceito, medo de não se sair bem, medo de se ferir.
Sobretudo, somos programados para sentir medo sempre que houver qualquer tipo de situação que não esteja sob o nosso controle e onde haja risco, qualquer risco. E isso nos mantém longe do perigo, prontos para fugir ou para o embate.
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Então, não adianta dizer para alguém controlar as emoções na hora da prova. Esse é um controle que não surge da noite para o dia e você não conseguirá ter domínio do seu nervosismo se não souber exatamente quais são os motivos que impedem você de se sentir seguro.
Se você não se sente seguro com a velocidade, obviamente não poderá controlar seu nervosismo, porque essa falta de segurança é suficiente para deflagrar todos os seus medos antes e durante a sua passada.
Outro ponto frágil é você não ter as suas ações no percurso claras na sua mente. Não é possível entrar em pista seguro se essas ações não forem absolutamente naturais para você.
Agora imagine alguém que passa meses errando no percurso e correndo uma prova muito ruim. O medo de tudo se repetir será cada vez maior e ficará impossível controlar as emoções.
E quanto mais o medo estiver presente mais essa pessoa irá errar. Com o tempo esse medo de errar mudará até a forma dessa pessoa montar. Porque a insegurança faz o corpo ficar tenso e a tensão faz o equilíbrio ir embora. E quanto menos equilíbrio mais medo.
Errar é humano
O nervosismo e o medo de errar pode acometer até o competidor mais experiente. Porque ele pode estar muito confiante e apostando tudo em uma passada e se essa passada não correr como ele esperava toda a sua confiança cairá por terra.
Então, não devemos nos sentir muito confiantes? Excesso de confiança pode ser uma armadilha? Não! O problema não é excesso de confiança, é não aceitar errar.
Se você se sente muito confiante, acredita no seu trabalho e no potencial do seu conjunto, mas ainda assim algo não vai tão bem e a passada não acontece como esperava, tudo bem faz parte do jogo. O problema é desmoronar por não aceitar um erro, por achar que não pode errar.
Uma boa notícia: errar é humano.
O problema é não saber encarar o seu erro. É se preocupar demais com ele e acabar vivendo esse erro. Imagine que você esteja correndo com dois cavalos e erre com o primeiro. Vai se abalar tanto que não terá condições de correr bem com o outro cavalo?
A falta de controle emocional, de uma forma ou de outra, sempre prejudicará a sua prova. Em menor ou maior grau, o nervosismo sempre atuará negativamente sobre as suas ações.
Como podemos trabalhar nossas emoções para competir sem sabotar a nós mesmos?
Primeiro: melhorando a qualidade da nossa equitação para ter controle sobre o nosso corpo e saber como não interferir negativamente na ação dos nossos cavalos.
Segundo: tendo consciência dos nossos pontos fracos e aceitando que eles ainda fazem parte de nós. Isso não significa que não devemos melhorar e trabalhar em cima deles. Significa que podemos olhar para os nossos erros de frente.
Terceiro: ampliando nossa visão dos tambores. Não se trata apenas de tocar e contornar os tambores. Existem ações que determinam o sucesso desse percurso e se elas não estiverem muito claras na nossa mente.
Na hora H a insegurança tomará conta. Um bom exemplo disso: muitos não sabem onde começa o giro no primeiro tambor. Como podem largar confiantes?
Último (e não menos importante): aprenda a levar as suas ações do plano emocional para o racional. Racionalize as suas dificuldades e problemas.
Olhe de frente e torne isso tudo uma soma e subtração. Trabalhe para ficar longe daquilo que aumenta o seu nervosismo e aprenda a levar a sua mente do erro direto para o plano do acerto. Isso é ser positivo.
Não adianta ter um grande cavalo e ser um grande competidor e na hora da prova não ser capaz de colocar tudo o que sabe em prática.
O controle emocional aumentará a sua performance e, com isso, a performance do seu cavalo. Porque nós influenciamos os nossos cavalos, querendo ou não.
Por Claudia Ono
Três Giros
Fotos: Cedidas