A ICSI é uma biotecnologia moderna que otimiza a utilização do sêmen equino
A boa notícia é que essa técnica já está disponível comercialmente no Brasil. Esse fato posiciona o país como uma potência no cenário da equideocultura global. A reprodução de animais de alto valor genético por meio da técnica ICSI era oferecida, até pouco tempo, por apenas cinco laboratórios em todo o mundo, localizados nos Estados Unidos e Europa.
No Brasil, esse pioneirismo também já está disponível comercialmente para os criatórios de equinos de todo país, através da empresa In Vitro Brasil Clonagem, que se dedica desde 2014 ao estudo e desenvolvimento da ICSI, sob o comando do embriologista Marc Maserati e da médica veterinária Perla Fleury.
A ICSI – sigla que abrevia, em inglês, Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide – produz embriões in vitro a partir de uma injeção de um único espermatozoide dentro de cada óvulo. De acordo com Perla Fleury, “na inseminação artificial convencional, necessitamos de um mínimo de 150 milhões de espermatozoides viáveis, enquanto na ICSI só precisamos de 1”.
A médica veterinária também diz que “essa técnica tem a vantagem de permitir a produção de gestações utilizando um sêmen de baixa qualidade, ou raro, ou ainda de alto custo, como é o caso de sêmen congelado comercializado por palheta”. Ela complementa, ressaltando que a tecnologia também possibilita a produção de embriões de éguas, que não respondem mais à técnica convencional de transferência de embriões por diversos problemas reprodutivos.
O processo ocorre em quatro etapas: inicialmente é realizada a aspiração folicular das éguas, recuperando os óvulos; o segundo processo é a maturação in vitro, ou seja, o preparo do óvulo até o ponto de fertilização; em seguida, os óvulos maduros recebem uma injeção de um único espermatozoide, dando a eles o potencial de se transformar em embriões, o que ocorre em até oito dias. A porcentagem final de embriões produzidos é de 20%.
Financeiramente falando, a veterinária calcula que, para a produção de uma gestação através da ICSI, o criador investe em torno de R$ 19.000,00. No entanto, o valor é baixo se comparado ao alto ganho genético em seu criatório, bem como a possibilidade de viabilizar o uso de garanhões de alto mérito nos Estados Unidos e Europa, onde a técnica já é uma realidade. Devido ao alto custo das palhetas de sêmen desses animais, a reprodução deles no Brasil era, até então, praticamente inviável através das biotecnologias convencionais.
Perla já contabiliza 34 potros nascidos pela técnica e mais 98 gestações em andamento. “São números que nos posicionam como país líder na América Latina”. Além disso, a médica enfatiza a realização de um curso de aspiração folicular em éguas para 22 médicos veterinários, ocorrido no final de 2018, e já com nova turma para ocorrer em 2019.
“Nosso objetivo é que esses veterinários e outros possam ser capacitados adequadamente para o primeiro passo de coleta dos óvulos e, em consequência, possam então contar com os serviços do laboratório para assim atender a demanda de seus clientes”, finaliza.
O criador de cavalos da raça Quarto de Milha, Rodrigo Costa Henriques, do RH Ranch de Campos dos Goytacazes/ RJ, investe na ICSI há dois anos em seu criatório. O objetivo é o de utilizar sêmen de equinos com carga genética importante, porém, com limitações reprodutivas.
“Quero valorizar esses animais através da ICSI, otimizando uma quantidade pequena de sêmen e venho considerando o resultado bastante promissor. Recomendo a técnica em criatórios que desejam investir em cavalos de aspecto genético diferenciado”, ele complementa.
Outro criador que já faz uso da técnica há dois anos é Philip Reisinger, do criatório Fazenda Delta de Porto Feliz/SP, que conheceu de perto a realidade dessa técnica nos Estados Unidos há cinco anos.
“Sou um grande fã da ICSI e acredito que é uma tendência que veio para ficar, pois abre a possibilidade de resgatar gerações diferenciadas de décadas atrás. Ou seja, todo criador que tenha algum sêmen raro, ou com égua em idade avançada e que não tenha mais o ciclo completo, considero a melhor opção para colher frutos e continuar trabalhando com essa genética”, complementa.
Colaboração: Luciene Gazeta/Assessoria de Imprensa