Como elas lidam com a concorrência e como firmam uma parceria especial para seguir fazendo o que amam
Qual é o lado positivo, e negativo, de ter sua irmã como parceira de rodeios, competições e treinos? E como fica a amizade entre elas com essa convivência tão cheia de nuances? De acordo com as leis naturais da vida, irmãos são parceiros desde que nascem. Crescer juntos, gostando das mesmas atividades e, ao ficar mais velhos, continuar amigos e companheiros, faz toda diferença.
Tudo isso pode acontecer em diversos momentos e nichos da vida, mas escolhemos tratar aqui histórias de três ‘duplas’ de irmãs que participam do Campeonato Nacional de Rodeio, um circuito do Paraná que nasceu em 2018 para buscar melhores condições para a provas dos Três Tambores dentro das festas da região. Em crescimento, mas já respeitado, o CNR já realizou três etapas na temporada 2019.
Ana Meneguetti, 28 anos, e Maria Julia Rocha Meneguetti, 21 anos, de Maringá/PR, correm provas oficiais, mas principalmente rodeios, e competem juntas há dez anos. “Sem dúvidas, o lado positivo é poder compartilhar da mesma paixão, que é nosso amor e admiração por cavalos e ao esporte Três Tambores. Além do nosso companheirismo desde quando começamos a montar, uma sempre ajudando a outra. Treinamos juntas, competimos juntas, realizamos a maioria dos nossos sonhos juntas”, comenta Ana.
Ela conta que já se sentem grandes vencedoras. “Nossa gratidão é imensa, inclusive por nossos cavalos. Talvez o lado negativo que temos é a cobrança que acaba sendo maior uma com a outra. Queremos sempre tentar dar o nosso melhor, junto ao desempenho de nossos animais. E, claro, aprender com os erros. A Maria Julia se cobra mais pelos erros dela, às vezes brigamos por isso, falo para ela ser mais ‘relax’ (risos). Nosso lema é o respeito e o comprometimento para se ter sucesso, e creio que isto temos de sobra!!”
Para Maria Julia, sem dúvidas existem mais pontos positivos do que negativos. “Na realidade, entre nós duas, um ponto negativo apenas, que são às exigências que fazemos uma da outra, na tentativa de melhorar o desempenho. Mas tem um lado bom, porque é através disso que evoluímos. Além de ser minha irmã, é minha melhor amiga, é minha companhia de fazer uma das coisas que mais amamos na vida, que é andar a cavalo”.
Ter contato com esses animais é o que move as irmãs Meneguetti. “São animais incríveis, nos quais nosso amor é imensurável. Treinar juntas, correr provas/rodeios juntas, se ajudar, dividir responsabilidades, é o que tem de mais motivador, que mais faz crescer o amor por esse esporte e querer mais a companhia uma da outra, porque afinal sem ela, sem nossa união, não é a mesma coisa”, completa Maria Julia.
Ana Vitória Soley, 16 anos, e Renata Soley, 15 anos, de Foz do Iguaçu/PR, estão há seis anos juntas na modalidade. Para Ana Vitória, o lado positivo é ter sempre alguém ao lado, apoiando e ajudando, a todos os momentos. “Nos ajudamos na hora da prova, dizemos uma para outra o que podemos melhorar, oramos juntas e nos incentivamos sempre. Uma faz a outra sorrir quando não uma passada não foi tão boa”.
Ela ainda reforça que “juntas, lembram sempre que Deus sabe de todas as coisas e que um erro hoje pode ser um acerto amanhã, muitos rodeios pela frente”. Ana Vitória lembra que ter a companhia da irmã Renata também é importante para a viagem aos rodeios, pois algumas vezes os pais não podem acompanhá-las.
“O que acho legal na nossa amizade é que sempre ficamos felizes uma pela outra, independente de tudo, e também que ela me aproxima muito de Jesus. O lado negativo é quando, por exemplo, eu vou bem e ela não tão bem, aí fico um pouco triste. Mas a gente sabe que os rodeios são assim. A amizade é a mesma sempre, não muda! Algumas pessoas acabam achando que só porque competimos uma contra a outra podemos ficar bravas ou com ciúmes. Mas isso não acontece, isso só nos ajuda, torcemos uma pela outra e no fim, é feita a vontade de Deus”, conclui Ana.
Foi Renata que puxou a fila, já que Ana tomou um tombo e ficou um tempo sem querer montar. Depois que passaram a competir juntas, Renata afirma que ter a irmã como parceira é saber que nunca vai está sozinha, principalmente nos rodeios. “O bom de ter irmã é que ela vai estar ali sempre para ajudar. Eu e a Ana sempre torcemos muito uma pela outra e se uma vai mal, as duas ficam chateadas, mas ao mesmo tempo as duas felizes porque a outra foi bem. Temos uma relação muito boa, não tem lado negativo”.
E a parceria não se resume apenas às competições, mas o dia a dia também, nos treinos. As duas sempre acompanham uma a evolução da outra. “Tem o nosso treinador, lógico, mas irmã puxa na orelha, grita só porque quer ver você ir bem. A coisa que menos fazemos é brigar. O melhor de ter a Ana é que não preciso me preocupar em comprar as coisas para os cavalos, isso é por conta dela (risos). Dividimos bastante, então cada uma faz uma coisa, para não sobrecarregar a outra”, reforça Renata.
Elas estão sempre lado a lado a todos os momentos. “Quando ela não corria, mesmo assim estava lá comigo, pois era a responsável por filmar todas as passadas. Quando conseguiu voltar a montar e passou a ir comigo nas competições, foi o melhor presente que podia receber. Agradeço sempre a Deus por ter ela comigo. Só vejo o lado bom de ser parceira da minha irmã, pelo menos no nosso caso”, conclui Renata.
Raissa e Ekezia Garcia também falaram sobre essa parceria que as duas têm no rodeio desde novembro de 2012. Para Raissa, o lado positivo é que o apoio que uma dá para a outra. “Sempre que acontece um erro, corrigimos juntas. E também contamos com o apoio do nosso pai, que é o nosso treinador. Ele fica muito feliz de ver as duas filhas juntas, competindo. Talvez o lado negativo, que também posso disser que é normal, é que brigamos às vezes. Mas a parceria continua sempre a mesma”.
Ekezia vê como lado positivo competir ao lado da irmã que o espírito esportivo une a família. “Viajamos juntas, treinamos juntas, nos treinos damos dica uma para outra. Quando uma vai para a final a felicidade é imensa e quando as duas vão, a felicidade é em dose dupla. O lado negativo é que ela sempre abusa do carinho que eu tenho pela Soberana, então quando ela não faz alguma coisa eu vou lá e faço, isso é mal de caçula ‘normal’”, finaliza.
Parabéns, meninas! Que muitas outras irmãs, de sangue ou não, possam se inspirar nessas histórias!!!
Por Luciana Omena
Colaboração: Amanda Gelly
Fotos: Cedidas