Claudia Ono conta na sua coluna da semana a história de Michele e Slick
A história de Michele Mcleod e Slick nos faz acreditar que um já estava destinado ao outro. Um exemplo de determinação, coragem e, principalmente, confiança. Michele se apaixonou por Slick no momento em que o viu. Acima de tudo, a relação existente nesse time é mágica.
Eventualmente, em novembro de 2012, Michele corria com Moe. Um dos cavalos dos sócios Cole e Martin. Todavia, foi nessa época que adquiriram Slick, um garanhão dócil e calmo. E o resultado do encontro entre Michele e Slik logo surgiu.
Dessa forma, nos primeiros rodeios já mostraram a que vieram e começaram a vencer. Com resultados tão bons, os proprietários de Slick decidiram que o time iria para o Canadá. Até então, Michele nunca havia cogitado tal experiência. Sobretudo, não sabia o que fazer com os filhos e o marido. Portanto, passaram a viajar juntos.
Foram muitos e muitos rodeios, milhares de quilômetros e horas de estrada. E com isso, milhares de dólares. Michele mal acreditava no quanto estava ganhando e nunca havia sonhado com a possibilidade de se classificar para a NFR. Entretanto, da forma como as coisas estavam andando, essa possibilidade começava a se mostrar.
NFR
De fato, em dezembro de 2013 Michele e Slick estavam classificados para Las Vegas. Chegar a National Finals Rodeo, onde as melhores duplas estavam presentes, fez Michele sentir o que era pressão. No seu primeiro round entrou decidida a fazer o melhor que pudesse, sem se preocupar com a grandiosidade do evento.
Eram uma dupla novata e no sétimo round fizeram o segundo melhor tempo. Sobretudo, apenas um milésimo de segundo atrás do melhor tempo. Os proprietários de Slick não podiam acreditar. Michele e sua família passaram os momentos mais eufóricos de suas vidas.
Volta por cima
Logo depois, dia 28 de dezembro, Michele Mcleod estava no trailer com Skye, uma égua bastante voluntariosa, quando foi encontrada desacordada pela filha. Ela nunca se lembrou do que havia acontecido naquela noite. Como resultado, teve múltiplas fraturas na face e a perda de grande parte da visão.
Em abril de 2014, após algumas cirurgias e ainda sem enxergar, Michele decide voltar a montar com o intuito de retomar a sua vida. Embarcou com Slick para mais um rodeio. Mas como correria enxergando apenas vultos? Slick seria seus olhos, sem dúvida.
Quando entrou na pista só via vultos e manchas brancas. Somente quando estava ao lado do tambor, podia enxergá-lo. Slick fez sua parte, levou-a para mais uma passada sensacional. Alguns achavam que era loucura, mas a confiança que Michele Mcleod tinha em Slick não era em vão; eram realmente um time. Slick conhecia o percurso e sabia o que deveria fazer. Ela só precisava deixá-lo trabalhar.
Vida que segue
No rodeio seguinte Michele percebe que Slick está quieto e sem apetite. Ele adoece e é internado para tratamento no mesmo dia. A única preocupação de Michele era a de que não sofresse. A temporada continuou e Michele estava sem Slick. Sua opção era correr com Skye.
O acidente com Skye deixou Michele Mcleod insegura com relação a ela. Skye não era Slick. Era voluntariosa, poderosa demais. Michele não se sentia confiante para montar e correr com ela. Ainda mais sem ter recuperado toda a visão.
Os Mcleod eram uma equipe e não poderiam deixar de levar um cavalo aos rodeios. Assim, Lindsey, filha de Michele, correu com Skye e venceu. Para a empolgação e, por que não, surpresa de todos.
Skye trabalhou muito, correu séria e focada. Então Michele se sentiu mais segura, percebeu que também era um cavalo confiável e decidiu correr com ela. Correram e venceram o rodeio seguinte. Skye fez de Michele uma competidora mais rápida e agressiva.
Em seguida, outra NFR no caminho dela, dezembro de 2014. Michele e Skye estão em las Vegas para e entre o primeiro e quarto round o tempo de Skye foi baixando. Elas se integravam à medida em que corriam juntas. Na quinta rodada fizeram o melhor tempo da competição.
No ano seguinte, Michele se classificou para a NFR com Slick e com Skye. Correu com Slick na final, ganhou dois rounds e terminou em quarto lugar.
Assim é Michele Mcleod, comprometida, apaixonada, guerreira. E acredita no treinamento que faz do cavalo a peça mais importante do time. Um treinamento com inteligência, que cria um atleta completo, independente e confiante.
Por Claudia Ono, do Três Giros
Fotos: Cedidas
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