O engajamento, como acontece?
Engajamento é um entre dezenas de mitos sobre cavalos.
Há 30 anos quando comecei a ver de perto os primeiros cavalos de Tambor, era comum colocar muita flexão de nuca nos cavalos.
A biomecânica é algo relativamente novo lá fora e absolutamente desconhecido por aqui.
Enquanto as treinadores e competidores de tambor americanos possuem muito embasamento sobre cavalos, desde a sua natureza até questões mais avançadas, por aqui estamos saindo dos anos 90.
Antes acreditava-se que ao flexionar a nuca o cavalo fizesse o mesmo movimento com a garupa.
Parecia algo óbvio dar a nuca e automaticamente colocar a garupa.
Assim se conseguia um bom engajamento, como se a força viesse das costas do cavalo.
Mas não é nada disso…
Alguns treinadores vão mais longe (no passado) e querem que o cavalo engaje com a nuca colocada e a garupa para dentro.
Outros preferem usar um limitador como a gamarra para que o cavalo não levante a cabeça, mas o que acontece é que ele não estica o pescoço.
E o que esticar o pescoço tem a ver com apoiar a garupa?
Quer saber? TUDO! Tem tudo a ver.
Existe uma ‘engrenagem’ no cavalo chamada músculos do engajamento.
Embora muitos acreditem que os cavalos usem a força das costas ou na garupa para engajar, estudos sobre a biomecânica equina já comprovaram que não é nada disso.
Os cavalos são como pontes: a energia e força correm por baixo
Esse grupo de músculos responsável por engajar, apoiar os posteriores para somente então gerar tração traseira. E fica exatamente na parte inferior do pescoço e tórax.
É acionado quando o seu cavalo dá aquela esticadinha de pescoço para frente fazendo força com a parte de baixo de seu corpo. Então, a garupa se encaixa e os posteriores fazem força.
Na real é meio parecido com a gente.
Quando estamos correndo e precisamos frear, não são os músculos lombares que fazem isso, são os abdominais.
Eles são responsáveis por encaixar o quadril.
Quer que seu cavalo reúna antes dos giros?
Ensine onde ficam os pontos de entrada de cada um, precisamente.
E mostre que haverá uma redução lá.
Depois é só acreditar na natureza, porque ela programou o cavalo para buscar a estabilidade e usar esse conjunto muscular que muitos desconhecem a função.
Dê condições físicas e de mobilidade e o seu cavalo terá mais condição de executar uma manobra sozinho do que tendo a interferência equivocada humana.
Não dirija nem queira mudar o que é imutável. Apenas se coloque na posição de facilitador e leve o seu parceiro para os pontos certos de ação.
Você pode começar a acionar o melhor do seu cavalo agora.
Por Claudia Ono
Três Giros
Crédito da foto: Divulgação/Barrel Racing Issue
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