Na segunda-feira (30), publicamos a primeira parte do artigo do cavaleiro e pesquisador, Luciano Rodrigues, que fala sobre os últimos 30 anos das reprodutoras e as estáticas para a construção de uma matriz.
Dessa forma, confira agora a segunda parte deste artigo, que apresenta dados das décadas de 2000 e 2010.
DÉCADA 2000
É com essa mudança no regulamento que a pontuação das reprodutoras dá um salto, conciliado ao aumento de eventos oficiais e nos investimentos na raça. Porém, vale lembrar que essa mudança só teria efeito na pontuação 4 anos depois, quando se inicia a vida esportiva dos animais, ou seja, em 2009.
Analisando aqui as reprodutoras de todas as modalidades, nos anos 2000 começamos a ver o despontamento da modalidade de três tambores, sendo a modalidade que mais gera pontos aos animais, pela quantidade de eventos e pelo número de participantes.
Dessa forma, haras que se especializam na modalidade mostram estar um passo à frente dos demais, com cruzamentos bem estudados e no investimento de ótima genética.
O haras que surge com esse projeto é o ST do senhor Márcio Matheus Tolentino. Trouble Creek e ST Cajuína são as éguas que se despontam, usando como base a tropa da Fazenda Caruana, principalmente, com divisor de águas: Shady Leo.
São delas que surgem nomes como: ST Tapioca, ST Vanila Fly, ST Caxuxita, ST Sukita, ST Dashin Leo, ST Analeo, ST Creek Fly, ST Caipirosca, entre inúmeras outras que produziram inúmeros pontos na pista e como reprodutoras.
E nesta década que algumas linhagens vão se definindo: trabalho e velocidade. Com os haras se aperfeiçoando na melhor linhagem para suas modalidades e serviços de campo. Contudo, são números pouco expressivos se comparado com os três tambores.
DÉCADA DE 2010
ST Cajuína com apenas 34 filhos, ultrapassa os 3.700 mil pontos, merecendo seu lugar no Hall da Fama da raça Quarto de Milha. Grande parte desses números graças a ST Tapioca, um fenômeno nas pistas. E também pela mudança da regra do número de registros possíveis por égua após 2005.
Outro fenômeno na reprodução é Brasita Moon ZO, mãe de WV Mickey Of Fling, Exclusive Moon e de Ta Fame Brasil. Brasita sendo cruzada com os garanhões mais modernos que chegou no Brasil pós 2010: Dash Ta Fame e A Streak Of Fling.
Também vemos o surgimento de “novas” matrizes, que podem fazer bons resultados na próxima década. Um desses casos é a Miss Fortunes Fool, todavia, há poucos registro desde 2017, com uma média de dois registros por ano. Sabe-se que pontuação depende da vida atlética dos filhos, quanto maior esse número maior a possibilidade de pontuação.
Diferente da Bella Sana Lince, que já figura entre as grandes matrizes, e que vai chegar firme a partir de 2023, só devemos saber até quando haverá um projeto para esta reprodutora, que já está perto dos seus 23 anos.
O QUE MOSTRA 2021?
Estamos vendo o fortalecimento de uma modalidade: Ranch Sorting. Talvez a modalidade que irá pontuar na mesma quantidade que os três tambores. Nomes como: Curllena, Myrene Duehickey FH, Bee Dee Streak já começam a despontar entre as grandes matrizes.
Não podemos negar que podemos estar passando por uma “troca de bastão”, assim como acontece entre os garanhões. Nomes como Oma Vista, Slostartfastfinish, ST Sukita, ST Analeo, ST Taboquinha, Rockin Gold Paris podem se tornar grandes matrizes.
Porém, teremos que contar com as matrizes nacionais, que são excelentes por sinal, já que durante a crise de 2008 não tivemos importações expressivas de matrizes dos EUA.
Através dos dados, podemos considerar que a construção de uma matriz leva tempo (média de 20 anos), e produzindo bem, com os cruzamentos certos, e muito investimento na prole.
Por fim, construir uma matriz é mais difícil que um garanhão, e os investimentos podem ultrapassar a casa dos milhões. Por isso um planejamento bem estruturado é essencial para os resultados, caso contrário, “quebra” um haras.
Colaboração: Luciano Ferreira Rodrigues Filho
Cavaleiro e Pesquisador | Haras Dom Herculano
Crédito da foto de chamada: Divulgação/Pixabay
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