Trabalho voluntário com cavalos

Conheça a história de Kendall Szumilas, que foi para a Nova Zelândia trabalhar com a raça Árabe

Viajar pelo mundo sozinha, para viver com um estranho que nunca havia conhecido antes. Foi isso que a americana Kendall Szumilas fez. Ela é do interior do pequeno estado de Maine, nos Estados Unidos, e sempre teve curiosidade para conhecer o restante do mundo. Este interesse pelo desconhecido a levou até Gore, uma ilha ao sul da Nova Zelândia.

Outro fato interessante de ressaltar sobre Kendall é que ela adora economizar dinheiro. Porém, ela mesmo afirma que esta característica é difícil de manter quando se quer trabalhar com cavalos.

Mas ela encontrou uma maneira de aliar o amor pelos cavalos, ao trabalho e ao baixo custo: Kendall conheceu o WWOOFing – World Wide Opportunities on Organic Farms. Trata-se de uma organização que conecta pessoas que querem viver e aprender em pequenas propriedades rurais a pessoas que querem compartilhar seus estilos de vida, ensinar novas habilidades e receber ajuda voluntária. Esses trabalhos podem ser feitos no mundo todo, como: África, Américas, Ásia, Europa, Oriente Médio e Oceania.

“Basicamente, você trabalha em fazendas em troca de acomodação e comida grátis. O site permite que você encontre e interaja com os hosts, que são os fazendeiros que recebem os voluntários”, explica Kendall, que usou a palavra chave ‘cavalo’ em sua pesquisa do host ideal. Foi assim que ela encontrou Trevor Copland, proprietário da Cozy Dell Arabians. “Mal sabia eu que esse estranho mudaria minha vida e minha compreensão dos cavalos”.

Kendall diz que sentiu medo, nervosismo e se questionou se estava fazendo a coisa certa. Mas toda essa insegurança passou ao conhecer Trevor. “Ele me pegou no aeroporto sorrindo e parecia familiar. Na chegada, pensei que ajudaria em um celeiro, semelhante aos da indústria equina americana, mas foi diferente. Os cavalos árabes corriam livremente e eu, que pensei que fosse lidar com cavalos ‘normais’, trabalhei com animais especiais”.

Ela conta, que de um modo geral, os árabes nascem selvagens, crescem nos campos sendo apenas cavalos e depois, aos cinco anos de idade, são levados à fazenda para serem manuseados e, eventualmente, montados.

“Trevor sempre foi cuidadoso com quem ele deixava trabalhar com esses cavalos, pois eles poderiam ficar perigosos rapidamente. Aprendemos com ele como entender os cavalos, quando aplicar pressão e quando removê-la. Ele tem um jeito especial com os cavalos, confiava neles e nunca duvidou deles. Eu serei eternamente grata pelo conhecimento e compreensão que aprendi com Trevor Copland e Jo Baker”, salienta Kendall.

Paciência

A voluntária, que trabalhou com cerca de dez cavalos enquanto esteve lá, disse que no começo não entendia nem metade das coisas que Trevor fazia, e após cinco meses de convivência é que pegou o jeito e começou a compreender. “Eu entendi porque a paciência é tão importante. Eu entendi o que os cavalos estavam pensando. Eu entendi porque você monta de ambos os lados. Tudo o que Trevor ensinou, acabou sendo relevante. Eu nunca vou esquecer o que aprendi lá”.

“Eu passei dias incríveis na Nova Zelândia e aquele lugar se tornou minha segunda casa. Realmente quero poder voltar algum dia. Eu nunca vi alguém tão gentil com seus cavalos como Trevor”, afirma a voluntária.

Depois deste período, Kendall trabalhou com cavalos esportivos. “Os cavalos eram incríveis, mas não era o lugar para mim. A família era acolhedora e a maioria se importava com o que eu estava sentindo. No entanto, as promessas não foram cumpridas e vi coisas com as quais eu não concordava e não podia ignorar. Uma coisa que gostaria de salientar sobre o WWOOFing é que existem hosts que não são adequados para todos”, mencionou.

Posteriormente, Kendall trabalhou para outro host, Jo Baker, que praticava e ensinava a liberdade de equitação. Ela afirma que em suas experiências, seu entendimento sobre cavalos mudou e sua paciência aumentou. “Aprendi a confiar em cavalos de uma maneira totalmente diferente. Tive um tempo incrível na Nova Zelândia e nunca me arrependerei da decisão de viajar para tão longe de casa. O WWOOFing é extremamente acessível. O crescimento e o aprendizado que você experimentará são diferentes de qualquer outro”.

Ela deixa como dica para quem for fazer parte do WWOOFing: “Pesquise seu host antes de viajar, leia os comentários sobre a fazenda e nunca sinta que você é obrigado a ficar. Você pode sair a qualquer momento que estiver infeliz.”

Por Juliana Antonangelo
Fonte: FEI
Fotos: Kendall Szumilas

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