Essa é a minha tríade de hoje: o uso do reio, a dor e a adição de coragem. E elas estão intimamente ligadas a você, ao seu cavalo e ao comportamento dele na pista.
O Dr. Andrew McLean – PhD em neurociência, responsável pelo estudo sobre Aprendizado e Comportamento Equino (Australian Equine Behaviour Centre) – comprova que a base do aprendizado do cavalo, portanto, se dá pelo alívio da pressão.
O cavalo aprende quanto a pressão é removida. Então ele associa ao seu comportamento. Você solicita com um pouco de pressão e mostra o acerto aliviando a pressão imediatamente. É, sobretudo, em uma fração de segundos que o seu cavalo relaciona uma coisa com a outra.]
Dessa forma, o Dr. McLean afirma que o uso repetido do chicote apenas confunde o cavalo. Porque ele entende que está sendo punido, mas não sabe o motivo.
Nesse sentido, quando você usa o chicote repetidas vezes, o cavalo aprende que aquilo é um sofrimento. Eventual,ente, que quando você treina ou corre, períodos de dor e punição vão ocorrer. Acima de tudo, entra em um estado de ‘torpor’ apenas se submetendo ao sofrimento.
Entenda melhor
A pele dos nossos cavalos tem 0,5 milimetros de espessura. As nossas têm 0,8 milimetros. Portanto, eles têm a pele mais fina e sensível do que a do ser humano. Certamente já te disseram que eles não sentem dor ao serem chicoteados.
Na Austrália foram realizadas necropsias em cavalos de Corrida e foram encontrados rompimentos e lacerações musculares causados pelo uso do reio. Acredite, esses cavalos sentiram dor.
Não é nada raro ter cavalos excessivamente nervosos e ansiosos. Mas o que você sentiria se fosse você sob o reio?
Se você está pensando que sem o reio os cavalos farão tempos mais altos, engana-se. O mesmo estudo provou que as mais altas velocidades nas corridas foram alcançadas justamente nos trechos sem o uso do chicote.
Acelerar, incentivar o seu cavalo a correr é muito mais uma ação vinda da sua explosão energética do que de outro artifício qualquer.
Um cavalo pode ser ensinado a correr. Na verdade existe uma série de ações equivocadas que fazem com que o cavalo deixe de adicionar velocidade. A saber, pressão exagerada da embocadura nas entradas dos tambores.
Você pode desenvolver o desejo pela velocidade, passar a se divertir e querer cada vez mais.
Na medida em que essa velocidade se tornar algo prazeroso para você ela será um convite à diversão para o seu cavalo.
Você pode optar por cruzar a fotocélula com um tempo baixo e uma passada cheia de energia. Entretanto, pode optar por não causar dor no seu cavalo.
Mude a forma de pensar e agir
Eleve o nível da sua equitação, reprograme o seu mindset e adicione coragem à sua prova. Essa coragem, essa sensação libertadora mudará a sua energia e o seu cavalo seguirá você sentindo-se seguro e confiante.
Comece agora refletindo sobre o assunto. Estou certa de que o seu ganho será imenso. O seu cavalo agradecerá e isso virá na forma de resultados no percurso.
Pense nisso! Lembre-se de que muitos conceitos atuais foram gerados a partir da ideia de que cavalos eram animais violentos, há cerca de quatro mil anos. Contudo, graças à ciência, muitos desses velhos conceitos estão sendo derrubados.
Eu acredito que a cooperação sempre trará melhores colheitas. E a nossa relação com os cavalos é tão forte e intensa que não cabe domínio ou repressão.
Nas minhas quatro décadas com eles aprendi que eles desejam ser nossos parceiros. Vejo e vi em todos os meus cavalos um olhar de cumplicidade e confiança conquistados a partir do respeito e de um amor infinito.
Os únicos momentos em que NÃO tive o melhor que eles podiam me dar aconteceram quando NÃO foram tratados com respeito. No mais, sempre me deram 110% de si.
Repense seus conceitos e duvide de explicações rasas. Busque por informação. Após quatro mil anos de domínio do homem sobre os cavalos, acho que é hora de criarmos mais laços do que domínio.
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Fotos: Cedidas