Tudo Sob Controle

Artigo adaptado da revista Barrel Horse News ensina dicas do treinador Clinton Anderson para controlar as cinco principais áreas do corpo do cavalo

É muito difícil um cavaleiro se queixar de que tem excesso de controle sobre o seu cavalo. Correr a galope ou percorrer um círculo perfeito – o controle é um produto do treinamento de base de seu cavalo. Clinton Anderson ensina que o controle do cavalo como um todo é dividido em cinco áreas: cabeça e pescoço, nuca, paleta, costado e posterior.

Dos cavaleiros de tambor, Clinton ouve algumas queixas com frequência: o cavalo está quente e nervoso; o cavalo não quer reduzir, ou parar; o cavalo entra no tambor e o derruba; o cavalo empaca na entrada da pista.

Ele afirma que todos estes problemas vêm de falta de treinamento de base. Não há preocupação em manter os cavalos suaves e flexíveis antes que eles comecem a competir nos tambores. Mas, se o trabalho de controle engloba todas as áreas do corpo, será possível ensinar qualquer coisa ao cavalo. Isto vale não apenas para Tambor, mas para todas as modalidades equestres.

Controle não existe sem suavidade. Quando um cavaleiro pede a seu animal que se movimente, ele deve fazê-lo com boa vontade. Quanto maior a velocidade, mais difícil fica o controle. Se a suavidade já é ruim no passo, diminui no trote, fica menor no galope e desaparece no galope de corrida. É como um carro com problemas de alinhamento: quanto maior a velocidade, mais aumenta a vibração do veículo.

De maneira análoga, um cavalo desequilibrado num galope lento estará ainda pior quando estiver competindo a todo galope. Outra dificuldade comum é controlar a mente dos cavalos de Tambor. Trabalhar em velocidade elevada sempre deixa os cavalos excitados, não é possível exigir o máximo de um animal e ao mesmo tempo querer que ele fique calminho como um cavalo de passeio.

Na opinião de Clinton Anderson, o treinamento dos cavalos de Tambor deve focalizar boa parte em controle e suavidade, para compensar a perda destes elementos durante as competições. É como se o trabalho da semana ‘consertasse’ o ‘estrago’ feito no fim de semana. A seguir estão algumas dicas de como conseguir controle das cinco áreas do corpo do cavalo, ajudando-o a trabalhar de uma maneira engajada e descontraída.

Cabeça e Pescoço

Cada sessão de trabalho deveria começar e terminar com flexão lateral. O controle lateral de cabeça e pescoço do cavalo aumentará o controle vertical; quando a cabeça está elevada, o cavalo consegue resistir mais ao cavaleiro.

A flexão lateral correta encoraja um posicionamento mais baixo da cabeça, idealmente mantendo-a abaixo da linha da cernelha. Este trabalho ajuda a obter a encurvatura correta para contornar o tambor, e também a correr em linha reta entre os tambores.

Pressão de Nuca e Flexão Vertical

Através da embocadura, o cavalo consegue se comunicar da boca aos pés do cavalo. O controle do cavaleiro aumenta quando se aumenta esta comunicação. Quando o cavaleiro toma as rédeas, o cavaleiro deveria suavizar a frente, flexionar a nuca e começar a reunir-se, transferindo peso para o posterior.

Deficiências no controle de nuca ficam evidentes num cavalo que levanta a cabeça e abaixa o dorso quando se aplica pressão na rédea. Inverter o dorso faz com que o cavalo deixe de suportar carga no posterior, impossibilitando a diminuição e parada corretas. Assim faz com que o animal esteja sobre o dianteiro quando vai contornar o tambor.

Quando o cavalo não cede a nuca, a comunicação entre rédeas e pés fica interrompida, desencadeando uma série de eventos negativos. A resistência do cavalo à rédea tem que ser eliminada, e isto, segundo Clinton, não se consegue simplesmente pelo uso de uma gamarra (tie down). Este tipo de controle também possibilita o uso de embocaduras menos severas.

Ele afirma: “o uso de gamarras e freios fortes existe para tentar compensar a falta de bom horsemanship. Quando melhor trabalhado for o seu cavalo, menos ele precisa de um freio agressivo. Acontece a mesma coisa com os treinadores de apartação usando martingales, correntes e gamarras fixas, tudo para impedir que o cavalo levante a cabeça, mas se ele estivesse suave e flexionado, não haveria razão para querer jogar a cabeça para cima”.

Estes equipamentos severos também diminuem a velocidade do cavalo, especialmente quando a gamarra está muito curta.

Ensinando Flexão Vertical

1.Com o cavalo imóvel, deslize sua mão pela rédea direita e segure. Faça a mesma coisa com a rédea esquerda. 2. Puxe a rédea direita até seu joelho e segure-a lá. Isto inclinará a cabeça do cavalo para direita.

Depois repita com a rédea esquerda. Estes movimentos devem ser feitos de matéria ritmada numa contagem de um, dois, três, quatro. Apoie suas mãos nas pernas de modo que o cavalo não possa se esquivar de você. Mas a pressão deve ser leve, apenas o bastante para estabelecer contato com a boca com o cavalo.

3.Assim que o cavalo parar de mexer os pés e suaviza na vertical, mesmo que seja apenas um pouco, alivie a pressão das rédeas alongando-as no pescoço do cavalo. Apenas ele ter a cabeça baixa não significa que tenha cedido; a pressão deve ceder apenas quando o cavalo criou folga nas rédeas.

Com o tempo, progrida para fazer o mesmo exercício em passo, trote e galope.

Controle da Paleta

Quanto mais controle da paleta do cavalo, mais fácil fica seu controle de direção. Um problema comum em cavalos de tambor é quando eles caem de paleta no contorno do tambor. O controle da paleta ajuda a conseguir que o animal se posicione corretamente em torno do tambor. Isto pode ser praticado com exercícios de serpentinas e arcos reversos.

Espádua a dentro/Espádua à frente

Solicite ao cavalo que desloque as paletas para a direita e a esquerda em relação ao posicionamento dos pés. Para este exercício, o pré-requisito é a flexão vertical de nuca.

Rollback até a Cerca

Para conseguir fazer um rollback, o cavalo tem que saber mexer as paletas. Este exercício é ótimo para ensinar um cavalo a reunir, erguer as paletas e usar a impulsão do posterior.

Controle das Costelas

O arqueamento das costelas é necessário para movimento correto em torno do tambor. Quando o mesmo não existe, o cavalo vai se lançar com paleta e costelas para dentro do tambor, com cabeça e posterior apontados para fora.

Isto causa o derrube de tambores, e também diminui a força que o cavalo deve ter no posterior para sair do tambor. A perda de posição das costelas diminui o movimento para frente no contorno do tambor.

Flexão no Círculo

Os cavalos não têm bocas duras, e sim corpos duros. A resistência na boca é apenas sintoma de resistência no corpo. A flexão em círculos ajuda o cavalo a suavizar em cabeça e pescoço, ensinando-o a encurvar as costelas em torno de sua perna. Até agora, trabalhamos a flexão lateral apenas no cavalo parado.

Quando o cavaleiro solicita ao mesmo tempo a flexão e o movimento, a resistência aumenta. Por isso é comum que cavalos de tambor fiquem mais duros sempre que o cavaleiro tenta pedir a volta no tambor.

O exercício deve começar fazendo círculos para a esquerda. Mantendo o movimento para frente, flexione a cabeça do cavalo para dentro do círculo, trazendo a rédea da esquerda até o seu quadril. A perna esquerda deve pressionar o meio das costelas, para empurrar a caixa de costelas para o lado de fora do círculo. Se necessário, deve ser usada a perna externa na barrigueira, para manter a paleta seguindo o focinho.

Na segunda fase deste exercício, após o cavalo baixar a ponta do focinho, a pressão da rédea deve ser aliviada baixando a mão esquerda em direção ao joelho, simultaneamente com o alívio da pressão da perna esquerda. Se for difícil manter o movimento para frente, no começo peça um pouco menos de flexão. Continue o trabalho de tracionar e aliviar durante três ou quatro círculos, depois deixe o cavalo descansar e repita para o outro lado. Lembre de usar a mão de dentro junto com a perna de dentro.

Controle dos Posteriores

O controle dos posteriores é a chave para reunião, partidas ao galope e controle de velocidade. Durante o trabalho nos tambores, o cavaleiro deve usar a perna externa para empurrar a anca do cavalo para debaixo de si, permitindo a ele usar o posterior para suportar peso. Assim, o animal emprega o posterior interno para se impulsionar em torno do tambor.

Quando um cavalo leva todo o peso no anterior, a consequência será o cair de paleta e o bater no tambor, pois ele não se mantém equilibrado ao longo de toda a volta.

Fonte: Editora Passos
Tradução: Claudia Leschonski

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