Podemos estar perdendo tempo em não saber que alguns dos maiores mestres de força mental são os animais abaixo de nós
Eu me considero uma estudante ainda nesse jogo de ser atleta profissional. E por isso, gosto de melhorar o meu estado mental. Há tantos ótimos mentores, livros e podcasts que falam sobre como ser um atleta melhor. Por isso, adoro mergulhar neles e aprender o máximo que puder.
No entanto, me sinto na obrigação de avisar que temos embaixo das nossas pernas um dos melhores professores nesse quesito: os nossos cavalos! O cavalo não sabe, por exemplo, se estamos competindo por um bom dinheiro ou apenas por brindes.
No meu caso, minha égua, não sabe o que significam as palavras ‘classificação’, ‘média’ ou ‘campeonato’. Ela não conhece meus objetivos, planos ou sonhos. Com que frequência nós, como concorrentes, pensamos sobre todas essas palavras?
Nenhum desses detalhes sobre ‘ganhar’ está passando na cabeça deles enquanto se dirigem a uma prova ou rodeio. Ou quando estamos prontos para partir ao primeiro tambor. O que se passa na mente deles, podemos supor, apenas. Um cavalo, pela sua natureza, é um animal gentil. Eles são sábios, mas simplórios.
Se concentram no que está bem à frente deles. Percebem luzes, sons e emoções e usam seu melhor julgamento para determinar o que essas coisas simples significam para sua segurança. Quando apertamos a sela e começamos a andar, dizemos ‘vai’. Eles não sabem se estamos entrando na arena em primeiro lugar ou em último.
Tudo o que eles sabem é que estamos pedindo a eles que façam seu trabalho. O melhor de tudo, estão sempre prontos a fazer isso por nós de todo o coração. Minha égua palomina ‘Sister’ (DM Sissy Hayday) é uma ‘bola de fogo’ como competidora. No aquecimento, ela costuma estar calma e quieta.
Quando estou no chão, ela percebe que estamos nos preparando para fazer entrar em ação. Perto da partida, sinto que seu corpo fica tenso, pronta para disparar. Posso dizer quando ela está nervosa, porque ela vira a cabeça na minha direção várias vezes.
Quando a solto para correr, Sister sai como um cavalo completamente diferente: confiante e forte. Depois, a adrenalina continua por vários minutos. Ela tem dificuldade de relaxar após uma passada, mesmo já a caminho do trailer. É compreensível, considerando que acabou de empenhar seu melhor esforço para a competição.
A adrenalina permanece alta por um tempo. Depois que ela se acalma e não pensa mais nessa passada. Estar na estrada como competidor requer um pouco de planejamento e premeditação. Estamos constantemente pensando fazer tudo de forma eficiente.
As viagens, descanso dos nossos cavalos. Precisamos mantê-los aptos a competir e temos eu analisar e melhorar nossas fraquezas. Aqui nos Estados Unidos, no formato da PRCA, também é preciso ter estratégia para escolher os rodeios para pontuar, a fim de alcançar nossos objetivos.
É um esforço interminável para melhorar em todos esses aspectos. Se você ficar para trás ou é complacente, alguém certamente passará à sua frente. Embora tudo isso permanece constantemente em nossa mente, é importante lembrar-se de desintoxicá-la diariamente. Especialmente antes da sua passada. Deixar todos esses detalhes de lado. Aprender a ficar em um estado mais simples. Para mim, aprender a pensar como a Sister me ajuda a focar no que importa e desfrutar de cada passada que eu tenho que fazer.
Por Hailey Kinsel | Atual campeã mundial de três tambores pela WPRCA
Fonte: Barrel Horse News
Tradução e adaptação: Luciana Omena
Foto: Hailey e Sister. Crédito: Kenneth Springer