O jovem bullrider de 25 anos foi o primeiro a conquistar cinco títulos mundiais consecutivos no formato atual da National Finals Rodeo
Sage Kimzey, de Strong City, Oklahoma, está desde 2014 competindo pela Professional Rodeo Cowboys Association. Cinco temporadas completas e tem cinco títulos mundiais de Montaria em Touros. Em pouco tempo, tornou-se milionário – ruma para os US$ 2 milhões em ganhos.
Já se juntou a nomes lendários em uma galeria de respeito. É o mais jovem atleta a alcançar os números que já o colocaram nas páginas importantes do rodeio mundial. Para ganhar a sua quinta fivela dourada, Kimzey encerrou a NFR em dezembro de 2018 com uma montaria de 93 pontos. Liderava o ranking e estava machucado. Conheça mais dessa história.
“Depois da quarta Rodada da National Finals Rodeo ano passado, meus músculos não estavam mais reagindo. Eu não tinha força no meu braço e, literalmente, não conseguia nem abrir a porta do carro. Vivi um inferno durante os dez dias em Las Vegas por causa de lesões. A coisa toda foi ficando tão ruim nas rodadas finais, vi Chase Dougherty parando nos bois, pontuando, enquanto eu não conseguia montar. Na décima – e última – rodada, ele havia acumulado muito, estava prestes a me ultrapassar e vencer o Campeonato Mundial.
Cheguei para a disputa da NFR preocupado com o meu cotovelo esquerdo. Uma lesão que vinha me acompanhando desde o final de 2017 depois que um touro me contorceu todo. Durante todo o ano de 2018, não consegui sanar totalmente o machucado, só ia suportando a dor. Estava com o ligamento ulnar lesionado, a articulação foi separada do ligamento. A qualquer momento tudo podia piorar. Mas eu não podia perder a NFR de forma alguma. Tinha estabelecido novo recorde de ganhos na temporada regular.
E claro, estava esperando ganhar minha quinta fivela de ouro consecutiva. Mas se minha contusão piorasse, poderia ser algo que mudaria minha vida. Me questionei muito sobre a vida, minha carreira, minha fé. Porque é que isto me aconteceu? Medo de operar e não voltar à mesma forma. Felizmente, algo aqui dentro me deu uma escolha: desistir ou ir em frente. Escolhi a segunda opção. Optei por fazer um paliativo para acalmar a inflamação. O médico me disse, depois de um exame minucioso, que eu poderia ficar tranquilo.
Segundo ele, eu ainda sentia dor porque fragmentos de ossos no meu cotovelo estavam batendo em um nervo. Mas fora isso, eu poderia ficar em paz. Tomei medicação e voltei para casa para me preparar para a NFR. E minha fé me disse que essa é a minha missão. Era o meu ano e Deus me queria lá. Sentia isso de todo o coração, não tinha outra explicação. Me deu paz de espírito, mas eu ainda parti para o Thomas and Mack Center pensando no meu cotovelo.
No fim das contas, no final da competição, meu cotovelo era a única parte de mim que não doía. Na primeira rodada, peguei um touro – Mortimer – que se encaixava bem no meu estilo, o que foi ótimo. Se você for uma pessoa que me acompanha, sabe que eu sempre salto do boi de pé e essa é uma das principais razões pelas quais eu me mantive saudável ao longo dos anos. Muitos caras se machucam por cair no chão e se embolarem com o touro. Desde cedo eu trabalhei duro para aprender como finalizar a montaria.
Naquela noite, porém, acabei batendo no chão com tudo. Imediatamente, senti meu ombro se separar do resto. A única coisa que me restava era colocar gelo e descansar. Quando a adrenalina baixou, a dor veio. No dia seguinte, não estava melhor, mas segui a agenda de atendimento aos fãs. Esse foi o começo da bola de neve de lesões que tornaram o restante da NFR tão desafiadora.
Na quarta rodada peguei um touro ruim de brete e foi um desastre. Acabei segurando na parte de trás do brete, com meu ombro do braço livre solto e foi a pior opção. Já estava com o braço esquerdo preso a corda e não sei bem como aconteceu, mas touro para um lado e eu para o outro, minhas costelas doem até hoje. Todo o lado direito do meu corpo passou a ter espasmos musculares e uma nova dor foi adicionada à equação. Algo não estava certo.
Acabei ganhando o reride – direito a um novo boi quando o sorteado não dá condições -, mas não consegui me manter muito sobre o touro. Algo estava seriamente errado com o meu corpo. Na sala da Justin Sports Medicine me disseram que meus músculos não respondiam. Eu estava sem força em todo o meu lado direito. Para piorar, por conta da lesão no cotovelo esquerdo, eu tentando compensar com o outro lado, que agora também estava machucado.
Nas duas noites seguintes, foi a mesma coisa. Eu não tinha poder no meu braço esquerdo e não conseguia me manter firme em cima do touro. Meu orgulho também começou a doer, pois cai de touros que jamais me derrubariam em outra ocasião. A sensação de impotência me torturava. Minha liderança estava em risco por causa de todo o dinheiro que Chase Dougherty estava ganhando. Mas me inspirei muito no momento do JR Vezain e sabia que precisava continuar.
O touro que peguei na rodada do tudo ou nada foi Shootin’ Stars, que eu conhecia bem. Joguei com os números. Não importava a minha nota, eu só precisava parar no touro. Se eu caísse, Dougherty ficaria com o título. Era a única coisa que eu podia controlar.
Fiquei no fundo dos bretes refletindo, tentando relaxar. Tentando não pensar nos recordes que eu conquistaria se ganhasse. Meu adversário fez a parte dele e deixou tudo nas minhas mãos. Meu coração estava acelerado. É surpreendente que eu não tenha tido um ataque cardíaco naquela noite.
Balancei a cabeça, o touro saiu, girou, cheguei a tempo com ele. Lembro de ficar pensando a cada movimento: ‘Sim, perfeito! Basta continuar no tempo com ele’. Quatro segundos depois, ele tropeçou, perdi a sincronia, saí da posição perfeita, e precisei do meu braço para voltar. Mesmo sem forças nele, deu certo. Lá pelos sete segundos, o touro tropeçou de novo e saí do tempo de novo. Levantei meu joelho e tudo que pensei foi: ‘Apenas não solte!’.
Cai desajeitado quando a campainha soou e, Graças a Deus, o touro não me pisou. Quando olhei para cima, todos me aplaudiam. A multidão nas arquibancadas foi à loucura quando anunciaram minha nota – 93 pontos. Também fiquei louco, tinha conseguido! Uma das notas mais altas da minha carreira bem no momento que eu mais precisava. E ali estava eu, com meu sonhado quinto título mundial. Cinco anos como profissional e nunca fiquei em segundo.
Esta foi, de longe, minha NFR mais difícil. Tinha passado por situações ruins antes, mas nada comparado a isso. Foram pequenas tempestades em vez de um furacão. Nunca posso me acomodar e achar que já está ganho. Novamente estou em busca de mais uma fivela. Claro que ninguém quer se machucar, mas sei que cresci como pessoa depois dessa experiência. É disso que se trata no final, ser uma pessoa melhor amanhã do que quem sou hoje.”
Fonte e Fotos: The Cowboy Journal
Tradução e Adaptação: Luciana Omena