Uma notícia internacional no mínimo polêmica, tem revoltado os apaixonados por cavalos do mundo todo.
O governo de Nova Gales do Sul, na Austrália, aprovou um plano para abater cerca de 11 mil cavalos selvagens, conhecidos como Brumbies, do Parque Nacional do Kosciusko.
A proposta prevê a redução de 20% da população de cavalos do parque, que possui um plantel estimado em quase 14 mil equinos.
Por que os Brumbies são considerados uma ameaça?
Os animais vivem em áreas protegidas do território australiano, como o Parque Nacional e a crescente reprodução deles têm causado ameaças aos habitats de espécies ameaçadas de extinção como os Galaxias tantangara (peixe selvagem), o sapo Litoria verreauxii Alpine tree frog Alpino e o ratinho de dentes largos, o roedor da família Muridae.
Para especialistas, estes são locais muito sensíveis que não suportam os cascos duros dos cavalos, que não fazem parte do habitat natural da região.
Outro ponto levantado pelos defensores do abate são os danos
à vegetação. De acordo com David Watson, ecologista da Charles Sturt University, em Albury-Wodonga, este local onde estão os cavalos é chamado ambiente alpino, que cobre apenas 1% do território do país.
Este local é o lar de muitas espécies endêmicas, ameaçadas e que não são encontradas em nenhum outro lugar no mundo, são encontradas lá. Uma área é muito vulnerável para hospedar grandes herbívoros, como os cavalos selvagens.
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Segundo o professor Jamie Pittock, da Universidade Nacional Australiana, estes animais não possuem nenhum predador natural, são invasores da área e representam uma ameaça para o ecossistema nativo.
“A menos que seja controlada, esta população de cavalos vai provocar danos ambientais incalculáveis. As plantas e os animais da Austrália evoluíram ao longo de centenas de milhões de anos sem serem esmagados por animais de 400 quilos. Ninguém gosta de abater cavalos, mas infelizmente essa é a melhor das piores soluções”, garante o professor.
Campanha de proteção aos Brumbies
O projeto de abate foi apresentado em novembro último e gerou discussão entre a população australiana.
Em dezembro foi lançado uma campanha de proteção aos Brumbies, desenvolvida pelo grupo Advocating for Australian Brumbies (Defendendo os Brumbies Australianos, em tradução livre).
O grupo pretende proibir o abate dos equinos e impor respeito às normas regulatórias nacionais para gestão animal.
Reprodução em massa
Existe ainda uma parte da população que defende o extermínio da espécie na região, pois para eles, o abate de 10 mil cavalos não vai resolver o problema.
O grupo, formado por 15 cientistas e 69 pesquisadores, argumenta que sacrificar apenas 10 mil cavalos são será suficiente, visto que ainda restarão outros três mil animais na região.
Em uma carta aberta enviada ao ministro de Meio Ambiente de Nova Gales do Sul, Matt Kean, o grupo argumentou que os animais continuarão ameaçando as espécies e a ecologia da região. “Kosciuszko não vai começar a se recuperar da seca, dos extensos incêndios florestais e da pastagem excessiva se, como se propõe atualmente, ficarem três mil cavalos selvagens”, diz a carta, escrita em nome da Academia Australiana de Ciências.
Para o grupo, o governo deve reduzir rapidamente o número de cavalos na região em sua totalidade e não apenas em dois terços. Também estão pedindo ao governo que revogue a Lei Kosciuszko do Patrimônio de Cavalos Selvagens de 2018, um impedimento legal para o gerenciamento efetivo de parques nacionais baseado em provas, e que entra em desacordo com a Lei de Parques Nacionais e Vida Silvestre de 1974.
Outra alternativa seria a possibilidade de desenvolver campanhas de esterilização periódicas para controlar a população de cavalos da região.
O polêmico assunto ainda vai gerar muita discussão entre a população australiana.
Por: Camila Pedroso
Fonte: Revista Horse/ GremMe/ EuroNews
Fotos: Arquivo
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