Desde os primeiros passos, Marco Aurélio de Mendonça Turchetto teve os cavalos como parte de sua vida. Ele cresceu em um haras próximo à capital paulista, o Haras Jaú, onde seu pai trabalhava como administrador. Ali, entre baias, trato e o manejo do dia a dia, iniciou uma convivência intensa com os animais. “Vivenciei tudo isso dentro do haras. A gente tinha profissionais que moravam lá, como veterinário e ferrador. Eu ficava em volta das baias, ajudando um, ajudando outro, era uma rotina de 24 horas com cavalos”, relembra.
A paixão se transformou em prática ainda na infância. Com apenas oito anos, Marco começou a competir em provas de Três Tambores e Seis Balizas, usando os cavalos de corrida que eram considerados descartes no plantel do haras. Mas foi em uma prova oficial, em Bauru (SP), que conheceu a modalidade que mudaria seu destino. “Vi um cara girando, esbarrando, cavalo freando… fiquei encantado. Fui perguntar o que era e me disseram: ‘isso é Rédeas’. Na hora falei pro meu pai: é isso que eu quero fazer”.

Paixão pelas Rédeas
Aos poucos, Marco foi se aproximando da modalidade e aprendendo com nomes pioneiros do esporte. Passou a treinar seus próprios animais, competiu em diferentes níveis e conquistou títulos expressivos, como o Potro do Futuro da ANCR em 1999, no amador. “Todas as provas marcaram minha vida, mas o Potro do Futuro foi especial. Mesmo sendo amador, foi uma vitória inesquecível”, conta.
Marco chegou a ficar cerca de 15 anos afastado das pistas, competindo em outras modalidades, onde também teve conquistas importantes. Mas o amor pelas Rédeas falou mais alto. Há cerca de cinco anos, ele voltou às competições, retomando pelas provas de núcleo e, logo no primeiro ano, conquistou o título do Aberto principiante pelo Núcleo Castelo.

Haras 2M Ranch
Após atuar por anos no Haras Jaú, Marco seguiu sua carreira em outras cidades e centros de treinamento, até chegar ao interior de São Paulo. Com apoio da mãe, adquiriu um terreno próximo a São José do Rio Preto, onde fundou o 2M Ranch, hoje voltado exclusivamente à modalidade de Rédeas. A estrutura, à beira da BR-153, conta com 20 baias, pista de 100×60 metros, redondel, rodotrote, barracões e áreas de manejo. O objetivo, segundo ele, é claro: fomentar o esporte e formar novos atletas e cavalos.
“Nosso maior intuito é divulgar a modalidade aqui no interior paulista, trazer novos adeptos, formar novos cavalos, ajudar amadores e principiantes a realizar seus sonhos. Estamos tentando transformar sonhos em realidade”, afirma.
Em sua trajetória, Marco também destaca o apoio da família, sempre presente nas rotinas do haras. “Minha família sempre esteve envolvida com o mundo do cavalo. Somos uma família rural, então não foi algo que surgiu de repente, eu cresci nesse meio. A Graziela, minha esposa, sempre trabalhou comigo, auxiliando de todas as formas, desde as inscrições até o treinamento e a gestão de partes do rancho. Hoje, ela e toda a família participam ativamente do nosso dia a dia aqui no 2M Ranch”.

A visão de Marco Aurélio Turchetto sobre o vínculo com os animais e os competidores
Apesar do otimismo com o crescimento da modalidade, Marco faz um alerta sobre a perda de valores ligados ao cuidado e respeito com os cavalos. “Hoje em dia, muita gente está preocupada só com performance e esquece da peça fundamental, que é o cavalo. Vejo muito desrespeito, gente que não cuida direito, que não entende que cavalo tem rotina, que precisa de compromisso. Isso está se perdendo”.
Para ele, a evolução tecnológica e o trabalho dos núcleos têm sido essenciais para democratizar o acesso à informação e facilitar a entrada de novos competidores. “Hoje está muito mais fácil, as pessoas erram menos. A internet ajudou demais. Mas ainda falta um olhar mais humano e respeitoso com o cavalo”, pontua.
Seguindo firme à frente do 2M Ranch, Marco continua apostando na formação de novos talentos e na valorização da cultura do cavalo. “A rédeas é o esporte que eu mais amo. E a nossa missão é seguir fomentando, com seriedade, respeito e amor pelo cavalo. Porque sem ele, nada disso faria sentido”.
Por Giovanna Catanho/Portal Cavalus
Fotos: Adilson Silva/Foto Perigo
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