Perto de atingir um milhão de dólares em ganhos, Franco até pouco tempo ainda era o mais bem colocado no ranking da ANCR mesmo estando fora do Brasil
Foto: Arquivo PessoalFranco Bertolani, 44 anos, terminou 2016 como o quarto melhor cavaleiro de Rédeas do mundo. Podemos dizer assim, pois o ranking da National Reining Horse Association – NRHA é o mais importante, pois congrega os melhores da modalidade. Essa classificação não é para qualquer um não, imagine para um brasileiro. Mesmo há 13 anos morando e treinado fora do País, ele ainda defende sua origem.
Natural de São Paulo, capital, hoje mora em Aubrey, Texas, com a esposa Giorgia e a filha Bianca, sendo o treinador principal do Cardinal Ranch. Seja no Brasil, onde foi destaque nas provas desde os oito anos de idade, como na Itália, por onde passou, e agora nos Estados Unidos, o nome dele é respeitado. Seus feitos em pista são incontestáveis. Motivo de orgulho para ele, sua família, mas também todos os brasileiros. A modalidade também agradece, já que ter um expoente ajuda muito na visibilidade fortalecimento do esporte.
Conversamos com ele. Veja a seguir!
Portal Cavalus: Conte sobre o seu primeiro contato com cavalos.
Franco Bertolani: Foi em um hotel fazenda, na cidade de São Pedro, interior de São Paulo. Montei um cavalo de passeio, gostei muito e não parei mais de montar. Tinha seis anos nessa época.
PC: Alguma história bacana desse começo?
FB: Morava em uma fazenda e quando comecei a montar, meu pai conheceu um médico em Bauru/SP, que tinha um haras com cavalos de Tambor e Baliza, e foi ali que comecei. Logo meu pai comprou meu primeiro cavalo e não paramos mais.
PC: Quando começou a competir e como foi a primeira prova?
FB: Comecei com as provas de Tambor e Baliza, aos oito anos de idade. Também fiz outras disciplinas, Laço, por exemplo. A Rédeas eu tive contato aos 15 anos, sem pensar em ser profissional ainda. A primeira prova de Tambor foi em Novo Horizonte/SP, lembro que fiquei em terceiro lugar. A primeira de Rédeas, sinceramente, não lembro como foi.
PC: E desde então, continuou competindo?
FB: Sim. Quando tinha 14 para 15 anos, fiz um curso no Eduardo Ribeiro, com o Doug Milholland (hoje com 40 anos de profissão, um dos nomes mais respeitados do cavalo e da Rédeas no mundo). E nesse curso acertei com ele minha ida aos Estados Unidos. Fiquei um ano lá morando e treinado, em 1990. Nesse momento que veio a ideia de viver disso, de treinar cavalos. Quando voltei para o Brasil defini que seria Rédeas a minha modalidade.
PC: Como percebeu que levava jeito para treinar cavalos?
FB: Não sei se percebi que levava jeito, mas eu gostava muito. E, quando morei um ano nos Estados Unidos, vi que era aquilo que eu queria. Eu já montava há muito tempo e no momento que fui trabalhar com o Doug vi que era disso que queria viver, treinar cavalos de Rédeas. Esse foi o start, e ai voltei para o Brasil e comecei a treinar. Por volta de 1991 e 1992 quando me tornei realmente profissional.
PC: Cavalo que mais te marcou até agora?
FB: Não tenho um cavalo que mais me marcou. Tive muitos animais que tive prazer em treinar, competir, ir nas provas. No Brasil, um cavalo que me marcou muito foi o Check The Jac, foi o primeiro cavalo diferenciado que eu treinei. A gente teve muito sucesso dentro da pista. Na Itália tem a Gunna Be Majestic, ganhei 50 mil dólares com ela lá. Foi um desafio no começo, mas fiz ela andar bem, fizemos varias finais, ganhamos provas na Europa inteira. Aqui nos Estados Unidos, posso citar CFR Centenário Wimpy, Inferno 66 e Dun It For Whizkey, bons animais que tive prazer de treinar e me sair bem nas pistas.
PC: Melhor prova da vida?
FB: Ah, acho que os dois run-offs (desempates) que eu fiz me marcaram muito. O do Cactus Reining, o Derby do Arizona (2014), contra o Jordan Larson com Show Me The Buckles, que marquei 231,5 com o Rio (CFR Centenario Wimpy) e ganhei a prova. E o da final do NRHA Futurity (2015), com o Inferno 66, contra o Casey Deary e Shesouttayourleague, que fiquei reservado. São momentos que não dá para esquecer. Também tenho que citar o reservado campeão do NRHA Futurity (2016) com o Dun It For Whizkey. Trabalhamos bastante para a próxima prova ser sempre melhor que as anteriores.
PC: Principais títulos:
FB: Os dois reservados do NRHA Futurity. Não tenho uma lista de todos, mas esses dois são os que mais se destacam. Todo mundo quer chegar a uma final dessa prova e, mais ainda, ganhar, ir bem. Eu bati na trave dois anos. O mais importante é que estou aqui nos Estados Unidos há quase cinco anos e me mantenho no Top 20.
PC: Sabe quanto você já soma em ganhos pela NRHA?
FB: Já ultrapassei 900 mil dólares na carreira pela NRHA e meu objetivo agora é chegar a um milhão em prêmios.
PC: Como é competir contra tantos nomes importantes da Rédeas no mundo?
FB: Ah é o que eu sempre quis. Sempre trabalhei para que acontecesse. Antes de me mudar para cá, acompanhava de perto os futurities e já queria estar na pista com eles. Passava as madrugadas vendo os treinos para aprender e a vontade de estar junto sempre foi grande. O nível de exigência aqui é alto, não é fácil, mas isso que faz a gente melhorar. Hoje, ser competitivo e estar em pista com eles, é uma satisfação!
PC: Por que Rédeas, o que te encanta?
FB: Achei na Rédeas o desafio, a prova é mais técnica que outras disciplinas. É uma modalidade difícil, era isso que eu buscava e encontrei na Rédeas. Essa dificuldade sempre motivou.
PC: Porque ir para Itália, sair do Brasil?
FB: Eu queria outros desafios e na Itália não tinha nenhum brasileiro. Sabia que o nível lá já era muito bom naquela época (2004), e resolvi ir pra lá, outra cultura, outra língua, conhecimento. Foi questão de tentar melhorar, elevar o nível como profissional. Passei oito ótimos anos por lá.
PC: Fala um pouco do seu dia dia no Cardinal Ranch.
FB: Monto uma média de dez animais por dia. Tenho três assistentes, mas sou responsável por toda parte de treinamento do Cardinal. Se não estou viajando para provas ou cursos, monto todos os dias. No verão, que é muito quente, mudamos os horários, começamos às 4 da manhã e vamos até meio-dia, mas no dia dia, montamos de 8h às 18h. Montando e preparando os animais para as competições.
PC: Qual título que ainda não tem e deseja conquistar?
FB: Sem dúvida, NRBC, NRHA Derby, NRHA Futurity, as provas mais importantes aqui nos Estados Unidos. Mas agora meu foco é me tornar um Million Dollar Rider. Se der esse ano (2017), senão ano que vem, quero atingir essa marca.
PC: Explique sua paixão por cavalos.
FB: Não consigo explicar. Tenho muita paixão. São 35 anos nesse meio. Profissionalmente, 28 anos. Para continuar tem que ter paixão e eu tenho muita!
PC: Tem algum ídolo na Rédeas?
FB: Tem várias pessoas que admiro, nem dá para falar nomes, cada um com seu mérito e sua trajetória. Não, necessariamente, só admiro os tops, mas também outros treinadores que tenho oportunidade de conviver. Todos que me ensinam algo, têm meu carinho e admiração.
Por Luciana Omena