Aos 22 anos de carreira, ele continua sendo referência
Quem nunca se emocionou ao ouvir Almir Cambra narrar uma montaria? Com uma carreira premiada, o locutor conquistou o status de ‘o mais técnico do Brasil’ através do trabalho sério que realiza em inúmeros rodeios pelo país.
Em seu estilo único, Almir encerra suas narrações, muitas vezes, com o chapéu jogado para o alto. É sua forma de reverenciar uma bela disputa, uma boa montaria. Em 2016 comemorou 20 anos de carreira. Antes de ser locutor, sua meta era competir montando em touros. E ele até que tentou, mas se machucou e viu que não levava jeito para o esporte.
Almir CambraComo o rodeio já era uma paixão, passou para a locução, que naturalmente transformou em profissão. “Comecei a brincar no rodeio em 1989, em Jaboticabal/SP, cidade que nasci. Gostava, aos domingos à tarde, de ficar assistindo o povo montar. Em 90, passei no vestibular do Colégio Agrícola da UNESP, na minha cidade. O professor Tenório organizava o rodeio na Universidade e acabei estreando no microfone”, conta ele.
Almir Cambra seguiu e hoje está presente nos mais destacados rodeios do Brasil. Sua trajetória de sucesso, com grandes conquistas e vários títulos, é inspiração para muitos novos locutores. “A paixão pelo rodeio sempre foi grande. Quando vi que meu sonho de montar em boi não era o caminho, encontrei na locução a forma de continuar no meio”, reforça.
Ainda na época do Colégio Agrícola, Almir participava também da organização dos rodeios. “Em 91, o pessoal decidiu que quem iria narrar seria eu. Foi o primeiro passo para a locução se transformar na minha profissão. Foi a primeira vez que falei com um som de rodeio. Consegui fazer a locução nos três dias de festa, onde participaram todos os universitários. Desde então, não parei mais”.
O Rodeio Universitário estava em alta e Almir trabalhou em Lavras/MG, Uberlândia/MG, Uberaba/MG, Itumbiara/GO. Cidades que faziam parte do Circuito Cowboy Forever. “Nós tínhamos umas 20 etapas no ano e era um campeonato muito bem organizado. Eu participava de todas e foi assim que tudo começou a acontecer”.
Almir CambraFormado técnico agropecuário, ele atuou na profissão por alguns anos. “Trabalhei fazendo melhoramento genético com o gado Nelore, Gir, Caracu e Guzerá. Mas, sempre conciliei o trabalho na fazenda com a locução. Como era rodeio universitário, as festas aconteciam sempre de sexta a domingo e eu conseguia sair. Conversava com o patrão e ele me liberava mais cedo”.
Como consequência do seu dia a dia, Almir passou no vestibular para Zootecnia. Foi residir em Uberaba, mas não seguiu com o curso, por questões financeiras. Seu trabalho no rodeio não proveu o que ele esperava na época. E com o passar do tempo, as viagens acabaram inviabilizando a rotina de estudos.
Foto: Rodolfo LesseFocado em fortalecer sua carreira como locutor, Almir sempre se dedicou. Logo no início, recebeu o título de locutor revelação em Barretos, após vencer uma seleção de 30 locutores na maior Festa do Peão do país e ser convidado para narrar a grande final. Eram cerca de 40 rodeios por ano. E, hoje, o volume é ainda maior, atingindo até 60 festas por temporada.
Para ele, é importante ‘viver a montaria’. Algo que torna seu estilo de narrar único e muito emocionante. “Eu procuro viver a montaria e por isto consigo colocar toda minha emoção na arena. Não sei apenas entrar e falar por falar, meu rodeio é adrenalina pura, sempre muito alto, narrado e explicando. Tento ser o mais didático possível. Não jogo o chapéu por jogar antes da nota! Só jogo se for acima de 90 pontos. Isso é entendimento, conhecimento”, destaca.
E a marca da sua carreira de mais de 20 anos é o reconhecimento do público. Ele conta que esse reconhecimento aconteceu de forma natural. Com o sucesso, vieram também os prêmios. Entre eles, tetracampeão como melhor locutor do ‘Troféu Arena de Ouro’. Ganhou também o troféu como locutor mais técnico do Brasil, eleito pelos próprios profissionais de rodeio, que formavam a extinta PRT. Entre outros títulos.
Dono de algumas inovações na arena, como entrar para começar a narrar dentro de uma caminhonete, levantado poeira e o público também, ele foi muito criticado. “Muita gente criticava, falando que eu dava muito as costas para o público e não fazia verso. No começo foi difícil, mas segui. E hoje em dia, as pessoas entendem e todo mundo agora quer jogar o chapéu e explicar as montarias. Eu queria que o estilo pegasse e deu certo.”
Fonte: Site Oficial
Foto de chamada: Ricardo Mariotto