Sophia Baptista de Oliveira conta sua trajetória e porque se apaixonou pela Equitação de Trabalho

Nascida no meio equestre, por conta da atividade rural da família, ela e o marido são criadores de Mangalarga Marchador e hoje em dia também compete no Adestramento e na Equitação de Trabalho

Os cavalos fazem parte da vida da paulistana Sophia Baptista de Oliveira, 53, desde que nasceu. Todas as suas férias quando crianças eram na fazenda de gado dos avós no Mato Grosso.

Tradição que seguiu com seus pais quando assumiram, e em seguida quando ela se casou com Marcelo, criador de Mangalarga Marchador há mais de 40 anos. Desde criança ela conta que sempre esteve muito envolvida com os cavalos.

Os cavalos de plantel e reprodução da Agro Maripá, empresa do casal, estão baseados em Jaguariúna/SP, bem como em Minas Gerais, perto de Juiz de Fora, na zona da mata mineira. Além de montar em cavalgadas e passeios nas fazendas, Sophia Baptistade Oliveira também compete.

Ela faz Adestramento há cerca de 25 anos e há 2 entrou para a Equitação de Trabalho. Conversamos com ela para entender um pouco da sua trajetória e paixão pela modalidade. Confira!

Os cavalos sempre fizeram parte da sua vida?

“Sim, sempre tivemos cavalo. Minha família tinha e meu marido tem. Por isso a minha vida inteira eu passei perto dos cavalos. Sempre montei em fazenda, cavalos de lida, fazia passeio, cavalgada. Nasci no meio do cavalo, meu avô criava Quarto de Milha, meu tio também. Depois eu me envolvi profundamente com o Mangalarga Marchador.

Até que há uns 25 anos eu comecei no Adestramento. Então nós temos alguns cavalos de esporte dessa modalidade, que são Warmbloods, como se chamam esses cavalos europeus. No Adestramento eu monto na Hípica Paulista, em São Paulo. E na fazenda a gente faz muito passeio no fim de semana com os marchadores.

De uns 2 anos para cá começamos a colocar os nossos cavalos na Equitação de Trabalho e temos resultados muito bons. Apesar da pouca experiência, dos cavalos serem jovens, pouco tempo de prova, a gente vem conseguindo resultados muito bacanas e comentários bacanas dos juízes”.

Sophia Baptista, nascida em meio aos cavalos, por conta da atividade rural da família, ela e o marido são criadores de Mangalarga Marchador
No Adestramento com Pippilotta

Os cavalos que vocês já selecionavam que estão indo bem na Equitação de Trabalho?

“A nossa empresa se chama Agro Maripá. Nessa empresa que estão inseridos os cavalos da raça Mangalarga Marchador. Sempre privilegiamos um cavalo cômodo, machador, mas com muito equilíbrio, boa conformação, rusticidade, bom temperamento e aptidão.

Além de aptidão para os passeios, também para trabalho em fazendas e para esportes. Constatamos, recentemente, nessa nossa experiência nova na Equitação de Trabalho que, realmente, estamos no caminho certo da seleção. Porque os cavalos têm conseguido se destacar e ter um bom desempenho, bons resultados.

Por outro lado, a Equitação de Trabalho também tem ajudado a melhorar a nossa equitação, nosso manejo de uma forma geral. Acabamos incorporando alguns conceitos e o aprendizado é constante. A modalidade nos ajuda a refinar mais a montada”.

Com Reggae Boy

Como você conheceu a Equitação de Trabalho?

“Conheci a Equitação de Trabalho através de amigos, criadores de Lusitano, há cerca de 20 anos. Acredito que estava no começo aqui no Brasil. Assisti algumas provas, mas não me deu vontade de praticar na época. Estava mais envolvida com Adestramento na Hípica.

Também mantinha foco nos marchadores, em cavalgadas, e ainda em provas de longa distância, que testam um pouco a resistência, parecidas com alguns enduros, bem como com as provas funcionais que a gente fazia de vez em quando em casa, algumas competições.

Agora, mais recentemente, através de amigos criadores de Mangalarga Marchador, que estão com seus cavalos em provas de Equitação de Trabalho, conquistando bons resultados, e nos incentivaram. Decidimos, então, fazer algumas provas e testar alguns dos nossos cavalos na modalidade”.

Sophia Baptista, nascida em meio aos cavalos, por conta da atividade rural da família, ela e o marido são criadores de Mangalarga Marchador
Sophia Baptista de Oliveira e Carioca de Maripá

Apaixonou-se de cara?

“Temos um contato bem mais próximo agora com a Equitação de Trabalho. Para mim, como diz um amigo, virou realmente uma ‘cachaça’. É um ‘trem’ gostoso, melhora nossa interação com os cavalos. Aliás, a prática dessa modalidade melhora muito a qualidade dessas interações, faz muito bem a eles.

A Equitação de Trabalho fez bem também para o nível de capacitação do nosso pessoal na fazenda. A gente gosta muito de fomentar essa coisa do conhecimento, do aprendizado constante, que é um fato incontestável em tudo. Mas, principalmente, nesse meio do cavalo.

Então, esse esporte é uma forma também da gente poder proporcionar algum grau de evolução e de aprimoramento na profissão do pessoal aqui, nesse caminho que eles escolheram”.

Sophia Baptista de Oliveira e Farrapo de Maripá

Como foi a primeira prova e como se prepara?

“As primeiras competições foram através da ABET – Associação Brasileira de Equitação de Trabalho no final de 2018. Eu fiz a primeira prova e fui muito bem, meu cavalo nos surpreendeu bastante, Farrapo de Maripá.

Agora estou em pista com outros dois cavalos novos, que estão com 4 anos e estão começando. Aos poucos subi de nível nas provas em grau de dificuldade. Com alguns cavalos tenho mais dificuldades, enquanto com outros estou caminhando mais fácil.

Eu não me preparo tanto quanto eu gostaria, porque concilio várias frentes e a minha família com os treinos. Às vezes, para mim, fica difícil. Viajo e fico de uma semana a 10 dias fora. Mas quando eu posso, faço questão de montar todos os dias. Já entendi que preciso me ausentar e não tem jeito, em alguns momentos fico sem montar.

Inclusive, já aconteceu muitas vezes de eu chegar de viagem um dia antes de uma prova. Meus meninos aqui, junto com a assessoria do treinador Fabio Lombardo para a Equitação de Trabalho, que deixam os cavalos no ponto. Gosto muito também de treinar. Quando vejo que o cavalo entendeu e faz o que pedi com a qualidade que eu queria, está ótimo.

E agora, mais recentemente, eu comecei a me preocupar com a minha condição física também para montar”.

Sophia Baptista, nascida em meio aos cavalos, por conta da atividade rural da família, ela e o marido são criadores de Mangalarga Marchador
Sophia Baptista de Oliveira com Arun de Maripá

É bastante importante essa visão

“Sim. Hoje faço um treino feito para mim especificamente, voltado para cadeias musculares para cavaleiros. Assim como um pouco de exercício aeróbico, algumas corridas intercaladas umas três vezes por semana. Então, além de poder treinar os cavalos eu também me treino.

Penso que se o cavaleiro não está em boa forma física, não tem jeito. O cavalo pode ser o que for se não tiver cavaleiro apto não sai do lugar. Penso que quanto melhor o cavalo, melhor tem que ser o cavaleiro. Tratamos os cavalos como atletas, por isso temos que ser atletas a fim de tirar todo o desempenho que eles podem nos dar.

Por vezes vemos um cavalo muito bom, com uma capacidade enorme, e o cavaleiro desequilibrado, sem força. Perde, portanto, aquele jogo entre mobilidade e estabilidade e não aproveita todo o potencial do cavalo. Fico sem montar, mas do meu preparo físico eu não abro mão”.

Arun de Maripá

Para finalizar, conta o que você mais curte na Equitação de Trabalho?

“A Equitação de Trabalho tem aquela coisa da boa equitação, a base de tudo. É um incentivo para qualquer pessoa que vai montar a cavalo montar direito. Uma modalidade fundamentada na biomecânica, tem todo um conhecimento por trás. Não é uma prova que uma determinada raça ou associação inventou, é uma linguagem única, não existe outra. É uma língua que todos os cavalos se beneficiam  e eu acho que é um baita fomento da boa equitação.

Ao mesmo tempo, outra coisa que me atrai demais e que eu acho brilhante na Equitação de Trabalho é essa questão dela ser para todas as raças. Ela versa sobre a base da equitação de um cavalo de sela, serve como base para todas as raças. E isso é o que eu acho de mais legal, me deixa muito entusiasmada.

Acho muito bacana vários cavalos de raças diferentes treinados para fazer a mesma coisa. Cada um no seu estilo, com as suas características de raça. A espécie é a mesma, então a base é a mesma. Muito bacana isso! É, sem dúvida, o que eu mais admiro nessa modalidade, essa coisa de ‘abraçar’ todos os cavalos.”

Por Luciana Omena
Crédito das fotos: Arquivo Pessoal e Ney Messi
Na foto de chamada: Sophia Baptista de Oliveira e Arun de Maripá

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