Renata e Fabio encontraram no Laço o esporte ideal para a prática no meio rural ainda quando eram namorados
Confirmando a herança genética de amor pelos cavalos e o mundo rural, Renata Demore conta que sua história com o laço começou em 1997. Estava em uma Festa de Peão com o namorado, hoje marido, Fábio. Assistindo às montarias, ela comentou que além de gostar do meio e participar de cavalgadas, tinha muita vontade de praticar qualquer tipo de esporte relacionado com cavalos. Para sua alegria, Fábio manifestou o mesmo desejo.
A oportunidade surgiu através da contratação de um peão para a lida com o gado na fazenda, o Romário, que já era laçador e praticava o Team Roping. Ele se transformou no primeiro instrutor da dupla. “O Romário nos deu as primeiras aulas e começamos, eu laçando cabeça e o meu namorado laçava pé. Fizemos outros cursos depois e apesar do pouco tempo que tínhamos, dividido no início com a faculdade de Direito, que também fizemos juntos, e mais tarde com os afazeres do dia a dia, nunca mais paramos”, conta Renata.
Casal se uniu em uma paixãoEles se casaram em 2004. A cerimônia foi como ela sonhou desde menina, realizada no haras. “Apesar de vestida de noiva, entrei montada a cavalo, minha mãe não acreditou. Aí sim o tempo ficou mais curto dividido entre o trabalho e os treinos, que, por muitas vezes, aconteciam somente nos finais de semana, mas sempre juntos”.
Com dois filhos – Carolina e Lucas anos – o casal afirma que tenta passar um pouquinho desta paixão que vem de gerações às crianças. Ressalta que, se depender deles, não vai parar tão cedo. “O laço é uma paixão, um vício bom, que praticamos não como um dever ou profissão, mas como uma forma de bem-estar e qualidade de vida”.
Apesar de não ter origem no meio rural como a esposa, Fábio sempre frequentou rodeios, provas e cavalgadas. “Acho que o laço era uma paixão que já estava ali só esperando ser descoberta. Hoje, ele tem verdadeira paixão pelo Team Roping e adora participar de uma prova”, reforça Renata.
Antes dos filhos, o casal treinava às seis horas da manhã para dar tempo de chegar ao trabalho às oito horas. “Era uma loucura! Participávamos de provas quase todo final de semana. Não perdíamos uma brincadeirinha que fosse”, continuou Renata. A participação em provas diminuiu bastante. Renata acaba mais acompanhando o marido do que laçando junto, pois não abre mão de estar presente.
Renata lembra de um fato engraçado que aconteceu com eles no rodeio de União Paulista: “Com a arquibancada lotada, participamos e o saudoso locutor Chicão de Bálsamo, na primeira noite, já fez a maior pressão, ao anunciar nossa dupla. Eu lacei a cabeça e o Fábio errou os pés, dai o povo ‘ahhhh’”.
Cavalos e o laço estão entre as atividades que eles gostam de fazer juntosNa segunda noite, novamente ela laçou e o Fabio errou. A torcida não perdoou e repetiu o murmúrio. “Então, na disputa final, quando o meu marido entrou em pista, o povo nem esperou e já começou a vaiar e o locutor na maior pressão de novo e, o que aconteceu? Lacei e ele errou. Foi muito engraçado, coitado, mas são situações que se ele tivesse um parceiro homem iria passar despercebido”, fala a laçadora.
As pessoas ficam impressionadas e curiosas com a dupla, afinal é um esporte considerado ‘bruto’, que exige muito do cavaleiro, desde equilíbrio, coordenação, domínio sobre o animal e acima de tudo muita atenção.
“O Team Roping pode até ser considerado um esporte perigoso, pois o menor deslize pode ter sérias consequências. Eu tive vários acidentes com a própria corda, levei vários tombos, tenho algumas cicatrizes e é comum sair dos treinos com as pernas roxas, braços ralados pela corda, mas nada que possa falar mais alto do que a paixão pelos cavalos. Acredito que esses são alguns dos motivos por vermos tão poucas mulheres nessa modalidade”.
Por ser mulher, Renata ficou um pouco cismada no início, tinha receio de não conseguir e sofrer algum tipo de preconceito, mas hoje não se preocupa mais e acredita que, participando com o marido como casal, traz a simpatia das pessoas, mostrando a imagem da família.
“Sempre fomos respeitados, nunca houve qualquer tipo de contratempo e, apesar de ser minoria como mulher, sempre tive o respeito de todos”, finaliza.
Fonte: Editora Passos
Fotos: MB Fotografias/arquivo pessoal