Testa, o maior laçador de todos os tempos, no Hall da Fama ABQM

Considerado o ‘Pelé’ do Laço, Lucinei Nunes Nogueira, o famoso Testa, fez história na modalidade Laço de Bezerro

Um dos nomeados ao ABQM Hall da Fama em 2018, premiação que imortaliza grandes nomes que fizeram história no cavalo Quarto de Milha, Lucinei Nunes Nogueira faleceu em 1996 aos 36 anos de idade de infarto fulminante em cima de um cavalo. Mesmo não estando mais entre nós há 22 anos, Testa continua sendo um mito, difícil de ser superado. O 8º Hall da Fama e o 11° ABQM Awards acontecem dia 24 de fevereiro, no Golden Hall World Trade Center, na capital paulista.

Sem dúvidas, quando o assunto é Laço de Bezerro, hoje denominado Laço Individual, não tem como deixar de falar no Testa. Para os que tiveram o privilégio de conhecê-lo, os elogios são muitos, principalmente por ter sido uma pessoa de coração enorme e de uma habilidade ímpar com o laço. Entre os mais novos, que só o conhecem pelos feitos na modalidade, fica a vontade de seguir seus passos. Até hoje, ninguém o superou e ele continua sendo o cavaleiro mais pontuado da modalidade pela ABQM, com 592,50 pontos.

“O Testa era muito educado, fazia questão de cumprimentar as pessoas pegando na mão”, lembra Eliziane Ribeiro Nogueira, esposa de Testa, contando que ele vivia e respirava cavalo. “Ele era diferenciado. O seu corpo dependia do cavalo. Para você ter ideia, quando chovia e ele ficava dois ou três dias sem montar, ele morria de dor nas costas, sentindo a falta da montaria. Era só montar que tudo passava”.

Com um conhecimento incrível dos animais, só de olhar um potro se movimentando sabia se seria bom e se tornaria um campeão. “Era bater o olho para identificar o que iria acontecer. Sem dizer no conhecimento que ele tinha dos bezerros. Sabia um por um o que tinha feito em tal prova, se dava problema, era incrível. E também reconhecia novos talentos no laço”, continua.

De família humilde, Testa gostava muito de futebol e foi nesse esporte que ganhou o apelido, já que fazia muitos gols com a cabeça. A família trabalhava na lavoura e, como ele não gostava muito, sempre dava um jeito de escapar para ficar ‘laçando’ galinhas no quintal de casa, quando criança. “Foi o primo dele, Geraldo Ribeiro, que viu o seu talento e começou a tentar trazê-lo para São Paulo treinar, mas o pai foi contra, então o jeito foi fugir de casa escondido, pulando a janela. Assim que o pai descobriu, veio buscá-lo, mas o Geraldo soube convencer o sr. Santo a deixa-lo aqui. E assim começou sua vida no laço, fazendo cursos, lidando na fazenda, treinando muito e, na maioria das vezes, sozinho. Chegou até a adaptar um bambu para ele mesmo soltar os bezerros no brete”.

Os primeiros títulos de Testa chegaram quando tinha 16 anos e, a partir daí, não parou mais, tendo uma carreira com ascensão muito rápida. “Eu o conheci quando ele tinha 26 anos e já era um mito no laço. Em dez anos ele conquistou o reconhecimento e acabou trazendo praticamente toda a família, como irmãos e sobrinhos, para a modalidade. O laço era a sua paixão, a sua vida!”

Foram recordes e mais recordes batidos e, segundo Eliziane, até regras de campeonatos foram mudadas por causa dele. “O Campeonato Nacional por etapas ninguém o batia, ele já vencia com antecedência, então foi mudado o sistema. O mesmo acontecendo com a quantidade de animais que cada cavaleiro podia apresentar. Ele era incansável na pista. Se tivesse 50 bezerros para laçar ele estava pronto, cansava o cavalo, trocava a montaria e continuava”.

Pela paixão na vida ser o laço, Testa comentava que se morresse em cima de um cavalo, morreria feliz, e assim aconteceu. Em julho de 96, no Jaguariúna Rodeo Festival, ele desistiu dos planos de ir com a família para pegar uma carona com um amigo e ir sozinho buscar mais um título na importante festa. “Achei estranho ele ir sozinho, porque o Juninho estava de férias, e iríamos, como sempre, todos juntos. Mas ele decidiu, tava decidido. E dos três animais que levaria, para competir também no Bulldog e no Team Roping, levou só o seu cavalo de Bezerro”. E o rodeio começou estranho também, ele errou o bezerro, algo muito difícil de acontecer. Ele reclamou que uma dor no braço o estava atrapalhando.

“No dia seguinte, durante a segunda classificatória, dentro da pista, montado, esperando sua vez de entrar no brete, teve um infarto fulminante e caiu do cavalo. Tinham acabado de anunciar seu nome, era a sua vez de se apresentar. Mas não deu tempo”. Na opinião do amigo Beto Bobeda, que estava ao seu lado no momento do acontecido, não vai nascer outro que supere seus feitos. Testa era portador do Mal de Chagas, causa do infarto. Além de referência no Laço de Bezerro, também praticava Team Roping, lançando pé, como o filho Juninho.

Sim! Se você leu essa reportagem com atenção sabe que estamos falando do pai de Juninho Testa, ou Lucinei Nunes Nogueira Junior. Jovem ainda, é um ídolo mundial hoje. Unanimidade quando morava e treinava no Brasil, conquistou a américa. Tem o título de All-Around pela PRCA e dois vice mundiais. O talento e o amor por cavalos e o laço nós sabemos de onde veio!

Por Equipe Cavalus
Fotos: arquivo pessoal de Miguel Oliveira

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