Nelson Rodrigues tem agora nove títulos PF ABQM de Working Cow Horse

Com quase 40 de profissão, treinador se tornou o maior ganhador de potros do futuro da modalidade

Nelson Rodrigues tem 57 anos de idade (vai fazer 58 no dia 5/11). Nascido em Campos/RJ, criado em Cruzeiro/SP, já rodou o Brasil trabalhando com cavalos. Com a família, se estabeleceu em Avaré/SP, onde toca o Rancho Karoline há 15 anos. Tânia, esposa, e Karoline, a filha, são seus braços, pernas e tudo mais que houver. Os três fazem da união da família a força para chegar onde chegaram até hoje.

Treinador de Rédeas e Working Cow Horse, Nelsinho também é juiz ABQM e ANCR. Sua vida, desde que se lembra, é vivida em meio aos cavalos e bois. Caminho natural que ele fizesse disso seu ganha pão. Recentemente, no Potro do Futuro da ABQM de Working Cow Horse, ele chegou ao seu nono título na categoria Aberta. Detalhe: Foi a nona vez que disputou a competição. 100% de aproveitamento.

D. Tânia, Nelsinho e Karol

A vitória foi anunciada nos microfones e os três se abraçaram chorando de alegria. O choro dos que batalham e conseguem chegar ao êxito no final. Algumas horas depois, Karol também ganhou o Potro do Futuro ABQM, na categoria Amador. Sua quinta participação, quarto título. Conseguimos conversar com Nelsinho para conhecer melhor essa trajetória de sucesso. Confira!

Quando e como o cavalo entrou na sua vida?

Nelsinho: Meu pai trabalhava em um frigorífico e nas fazendas desse frigorífico em Cruzeiro/SP. Na época, tudo se fazia a cavalo, como levar o gado de um lugar para o outro até o frigorífico. O famoso ‘tocar boi na estrada’. Nas fazendas tinham as tropas para esse trabalho. E assim comecei, com os cavalos das fazendas de gado. Meu pai também trabalhava com cavalos Mangalarga de pista nessa mesma fazenda e essa foi a primeira raça com a qual tive contato.

Nelsinho ao lado do pai

Como se interessou em ser profissional do cavalo?

Nelsinho: Essa era vida ‘normal’ que eu tinha. O trabalho da fazenda com os cavalos seria o natural. Tinha o sonho de ser veterinário, mas não tive condições financeiras. Acabei iniciando Enfermagem (que na cidade era público), estagiei em hospitais e tudo, mas não concluí o curso. Fui para o Mato Grosso e voltei a trabalhar tocando boi na estrada, dessa região para São Paulo. Nesse meio do caminho, conheci um médico que me convidou para trabalhar na fazenda dele em Itaporanga/SP. Nessa época conheci minha esposa, Dona Tânia. Também dava aulas de Judô à noite depois do serviço, no clube japonês da cidade.

Qual modalidade veio primeiro? E quais você tem contato no dia a dia ou já teve?

Nelsinho: Comecei com o Laço de Bezerro. Quando fui trabalhar na Imavem, com a Catarina Metzler, aprendi Rédeas e Western Pleasure.

Quando dava aulas de Judô

E o Working Cow Horse, como conheceu, como se interessou, como começou a trabalhar?

Nelsinho: Foi através da Catarina também que vi o Cow Horse pela primeira vez. Mas só tive oportunidade de começar a mexer com o Cow Horse depois. Foi um sonho que veio a ser realizado mais para frente. Sempre vi nessa modalidade tudo que mais amava, a técnica da Rédeas aplicada no trabalho com o gado. Algo que sempre fiz a minha vida toda. Quando comprei o rancho, passei a me dedicar mais a essa modalidade.

Quando morou uns meses no Joe Hayes, nos Estados Unidos, em 1992

O que te chama atenção nessa modalidade?

Nelsinho: Desde a primeira vez que eu tive oportunidade de vê-la, quando estava na Imavem, e que o Zanador veio para o Brasil, é que é uma prova que tem origem no campo. Dominar um boi sem precisar laçar ou jogar ele no chão. Chamou minha atenção o tanto que precisa-se treinar um cavalo e ter habilidade para fazer o Cow Horse.

Ao lado de Melodys Dun It, um dos ícones do cavalo Quarto de Milha no Brasil. Nelsinho trabalhou 13 anos no Haras Sacramento,
período que foi importante na sua formação profissional e reconhecimento no mercado

O que é importante para um treinador conhecer sobre o WCH para ter sucesso?

Nelsinho: No Cow Horse você precisa ter um conhecimento de Rédeas, e saber treinar um cavalo com os fundamentos de um cavalo de Rédeas. E conhecer boi, saber ler um boi, saber o que pode acontecer a qualquer momento. Se você não aprender a ler o boi, corre o risco sério de acontecer acidentes.

Com Smart Mega em seu primeiro título PF ABQM
de Cow Horse em 2005

É um esporte que trabalha em duas frentes, a rédeas e o boi, como o cavalo tem que ser?

Nelsinho: Tem que ser um cavalo de altura mediana, forte. Um cavalo que aceita a aceleração e a desaceleração de forma rápida. A hora que você põe pressão, ele responde. E a hora que você tira a pressão, ele fica manso e galopando tranquilo, algo que precisamos na fase de Rédeas. Então, ele tem que aceitar acelerar e desacelerar. Ou seja, tem que ser um cavalo com a índole muito boa.

Sabemos que premiação e mais provas são sempre incentivo para o esporte equestre. O que falta ainda para o WCH crescer mais no Brasil?

Nelsinho: Acho que o Cow Horse vai crescer com o tempo, conforme vai acontecendo a evolução da técnica. Poderemos ter a entrada de muitos treinadores habilidosos no Laço, que é o que acontece nos Estados Unidos. Quando o laçador consegue atingir um certo nível técnico, ele entra no Cow Horse. E o pessoal da Rédeas, que tem origem de campo, com um cavalo que não tem tanta finesse para ser cabeceira na Rédeas e tem porte e cabeça para o Cow Horse. E claro, uma maior premiação com certeza ajuda a atrair mais pessoas. A associação – ANCH – precisa chegar a ter um pouco mais de força e uma premiação bem definida para a temporada, todo mundo vai começar, com certeza. Sem contar também em que precisamos promover mais cursos de Cow Horse, divulgar mais a modalidade com clínicas, workshops.

Nelsinho e Reminic Kevin Dan em Londrina durante o PF ABQM 2018

Qual sua dica para quem quer começar no WCH, qual caminho?

Nelsinho: A melhor maneira de começar no Working Cow Horse é treinar com alguém. Às vezes a pessoa quer começar e acha que não tem jeito para a coisa, mas está mais preparada do que imagina. Temos alguns cavaleiros novos nos últimos anos, que começaram a pouco tempo no Cow Horse e já estão se sobressaindo. Acredito que mais um ano ou dois, vai aparecer uma turma nova muito forte no Cow Horse, com uma boa tropa. Alguns treinadores também estão falando em começar a treinar, e isso é muito bom para a modalidade.

Na premiação do seu 9° PF de Working Cow Horse pela ABQM

Principais títulos:

Nelsinho: Eneacampeão Potro do Futuro de Working Cow Horse ABQM Aberta 2005, 2007, 2009, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2018; Heptacampeão Potro do Futuro de Working Cow Horse ANCH 2007, 2009, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2017; Hexacampeão Copa dos Campeões de Working Cow Horse ABQM Aberta Júnior 2008, 2010, 2013, 2014, 2015 e 2017; Tricampeão Derby de Working Cow Horse ABQM Aberta Júnior 2015, 2016 e 2017; Bicampeão Congresso de Working Cow Horse ABQM Aberta Júnior 2015 e 2017; Bicampeão Cavalo Iniciante Congresso de Working Cow Horse ABQM Aberta 2017 e 2018; Reservado Campeão Cavalo Iniciante Congresso de Rédeas ABQM Aberta 2018; Bicampeão Nacional de Working Cow Horse ABQM Aberta Júnior 2016 e 2018; Pentacampeão Snaffle Bit de Rédeas ANCR Aberta; Campeão Potro do Futuro de Rédeas ANCR Aberta Limitada 1995; Campeão Potro do Futuro de Rédeas ABQM Aberta 1994; Campeão II Futurity Haras Mariam e Haras Yoshimura de Rédeas 2014.

E o Awards da ABQM?

Nelsinho: São seis troféus do ABQM Awards de Melhor Cavaleiro de Working Cow Horse -2017, 2016, 2015, 2014, 2013, 2007.

Por Luciana Omena
Fotos: Arquivo Pessoal

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