Dedicação e amor a raça que encanta por sua pelagem, docilidade e inteligência em pista nas mais diversas modalidades
A Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Appaloosa comemorou em novembro de 2017, 40 anos de muita história, passando por muitos momentos de sucesso e dificuldades, mas firme no proposito de manter a raça unida no Brasil. Em seu auge, a raça Appaloosa chegou a ser o segundo maior plantel no país, com exemplares registrados em todas as regiões. Hoje têm pouco mais de 29 mil registros, nove mil criadores e proprietários espalhados por todas as regiões do país, liderado por: São Paulo, seguido pelo Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Distrito Federal.
O primeiro animal registrado no Brasil foi Comanche´s Double, que deixou um legado de 210 filhos registrados na ABCCAppaloosa. Importado em 1975, pelo criador Jorge Rudney Atalla, o animal era exposto nas mostras do Quarto de Milha e impressionava. Atalla acabou sendo o cicerone de vários criadores em viagens aos Estados Unidos, em visitas a diversos haras selecionadores de Appaloosa. As viagens renderam as primeiras importações e o desejo de se fundar uma entidade própria para a raça.
E em 27 de novembro de 1977, foi criada a ABCCAppaloosa, sendo seus fundadores: Jorge Rudney Atalla, Carlos Raul Consonni, Toni Persone, Antônio Luiz Teixeira de Barros Jr., Sérgio Augusto Zonno, Mário Sérgio Vasques e as empresas Comercial e Agropecuária Borborema Ltda. e Paisa Pinfildi Agropecuária. O Stud Book contava, inicialmente, com 45 animais, principalmente de origem importada. Já em 1979, o número de produtos já havia sido triplicado, e na década seguinte o cavalo Appaloosa já tinha conquistado várias regiões do país.
Um dos importantes raçadores que nasceu nessa década foi Don Juan Quest, desaparecido ano passado, deixando um legado de quase 300 filhos registrados na ABQM, com expressivos resultados na Conformação, Vaquejada, Três Tambores. Don Juan Quest foi importado por Antonio Luiz Teixeira de Barros Júnior e seu último proprietário foi Glaura Hadje Kartaian.
O apogeu da raça Appaloosa foi à década de 80, com novos criadores entrando, eventos em várias regiões no país. Em 1983, chegava ao Brasil, outro raçador que revolucionou a genética na Conformação e nas outras modalidades, Top Vantage. Era um cavalo diferente, fez uma campanha excepcional na Conformação e seus filhos se destacaram em todas as modalidades, como: Vaquejada, Rédeas, Três Tambores, Corrida, Western Pleausure, Seis Balizas, Laço em Dupla, Team Penning e Laço Individual. Top Vantage é uma das lendas vivas da raça Appaloosa, com 219 filhos registrados na Associação com campanhas vitoriosas. O garanhão está desfrutando de sua aposentadoria nos pastos do Haras Arapongas, de José Américo Ribeiro dos Santos.
Zero’s Sky Diver, campeão americano, também contribuiu bastante para a raça. No Brasil, foi campeão de todas as etapas que participou, tendo se consagrado Grande Campeão Nacional e um divisor de águas na raça Appaloosa. O garanhão era da propriedade de Valdezir Carvalho, um entusiasta, e o seu deslumbramento animou vários criadores a importarem animais de alta qualidade. Com isso, em poucos anos, o nível do plantel brasileiro mudou, para melhor.
Os anos 90 reforçaram a seleção e evolução da raça, notadamente com o aumento das importações, possibilitando programas criteriosos de cruzamentos, restringindo-se os acasalamentos com alguns agrupamentos de indivíduos e priorizando-se os de Appaloosa entre si. Pureza racial passou a ser palavra de ordem!
Nessa década, destacamos Proud Impressive, animal que se revelou um grande reprodutor na linhagem de Velocidade, com filhos multicampeões em Três Tambores e Seis Balizas. Mas nos Três Tambores quem quebrou barreiras e colocou a raça entre os melhores animais de provas foi Cutter Exocet Lee, ganhando os principais rodeios do país e grandes competições. O animal é de propriedade de Caroline Escomparim Rugolo e hoje tem até um marca de roupas com seu nome, uma homenagem de sua proprietária pelos anos de alegrias em pista. Cutter é um animal 100% Appaloosa de Trabalho, sendo filho de Exocet Nez Perce e Miss Gay Cutter GG.
E em 2006 nasceu um expoente 100% sangue Appaloosa, da criação de Raul Ozório de Almeida, Maid’s Secret, um garanhão que vem deixando sua marca na Conformação. Ganhou as principais provas da raça, tendo registrado 62 filhos. Sua produção comprovou sua genética também como reprodutor com excelentes resultados. Mais recentemente tivemos outro expoente da Conformação em pista, Hopefisher WLMJ, que se consagrou campeão dos principais eventos da raça e na LINCC. Animal de propriedade de Aldanice Gomes Ramos, apresentado por Marcelo Almeida e Thiago Ramos.
Provas
A primeira prova exclusiva do Appaloosa no Brasil aconteceu em 1987. Começavam a serem instituídos os eventos oficiais como: Campeonato Nacional, Congresso Pan-Americano, Potro do Futuro, Futurity Appaloosa, o Potro de Ouro e os Campeonatos Regionais criados em diferentes estados do país com a proposta de fomentar e promover a raça.
Eram realizadas no Parque da Água Branca , em São Paulo. O Appaloosa fazia Conformação e depois ia para as outras modalidades como Apartação, Três Tambores, Rédeas, Western Pleasure. Uma época que os eventos eram marcados por belos jantares, reunindo os criatórios de todo Brasil. Com o passar dos anos, os eventos da raça começaram a ser realizado nas exposições. Por muitos anos foi feito na FAPI – Feira Agropecuária e Industrial de Ourinhos. Também aconteceram junto a eventos do Campeonato Regional Oeste para as provas de Trabalho e junto a Liga Nacional do Cavalo de Conformação – LINCC para a Conformação.
Figuras importantes na raça
Na raça Appaloosa, muitas pessoas iniciaram sua criação pela Conformação. Um cavalo bem conformado poderá realizar qualquer modalidade, independente de qual seja. A Conformação hoje perdeu um pouco de força nas competições das diversas raças, mas no Appaloosa ela ainda é uma das mais disputadas, com animais de uma morfologia exemplar, com uma beleza exótica, ainda mais quando pintado, a característica mais marcante da raça.
Os criadores que estão há mais de 20 anos investindo no Apploosa são os grandes alicerces da genética hoje utilizada em pista, orientando até mesmo, os novos investidores que surgem, jovens tanto no tempo de criação, como de idade, e que vem com novas ideias. Wilson Lemos Moraes Junior, do Rio de Janeiro, está há quase 30 anos na raça, com o Haras Nova Pousada, que fica localizado em Campinas. O criador é uma peça importante na raça, hoje ele tem um plantel reduzido ao qual trabalha com qualidade, tendo vários títulos como: melhor criador e expositor.
Outro criador que teve papel importante na raça Appaloosa no Brasil é Valdelzir Oliveira de Carvalho, que chegou a importar 62 animais da mais alta qualidade genética, injetando sangue de grandes campeões no plantel nacional. Valdelzir foi um entusiasta e grande investidor do Appaloosa, participou de todas as diretorias desde que começou a criar, sempre na busca de novos rumos na Associação, estando então há mais de 20 anos na diretoria. No estado do Paraná, o grande polo do cavalo Appaloosa no Brasil, o criador Raul Ozório de Almeida é um dos ícones da raça. Ele também contribuiu para uma genética apurada em pista em todas as modalidades, mas define a Conformação como a mais importante de todas. Francisco Lopes Filho, criador há 27 anos, proprietário do Haras Paiol Grande, iniciou sua criação também nas pistas de Conformação.
A raça Appaloosa se mantém pela paixão e admiração de seus criadores e proprietários que lutam para vê-la em seu apogeu novamente. Nessas quatro décadas, a diretoria da ABCCAppaloosa foi comandada por criadores de renome e que muito fizeram, e alguns ainda fazem, pela raça.
Os presidentes foram: Antônio Luiz Teixeira de Barros Jr (1982-1983), Ricardo José Augusto Ramenzonni (1984-1985), Antônio Aurélio Personi (1986), Décio Luiz Malta Campos (1987), Mírcio da Cunha Rego Miranda (1988-1989), José Américo Ribeiro dos Santos (1990-1991), Valdelzir Oliveira de Carvalho (1992-1993), Wilson Lemos de Moraes Júnior (1994-1995), Ricardo Magi (1996-1997), Nei Rodrigues (1998-1999), Francisco Lopes Filho (2000-2001/2005-2016), Vilma Navarro Diniz Borges Simas (2002), Neli Cristine Iared (2003), José Maderna Ribas (2004) e Gilberto Ponso Faé (2017).
São 40 anos de história da ABCCAppaloosa. Muitas mudanças ocorreram na equinocultura brasileira, muitos criadores deixaram de criar, novos surgiram, mas os que os mantém é o amor a essa raça inigualável em sua funcionalidade, docilidade e pelagem!
Por Verônica Formigoni
Fotos: arquivo
