Uma homenagem a Augusto Maurício Wanderley

A fim de homenagear um dos maiores entusiastas da raça Árabe no Brasil, o filho de Augusto Maurício Wanderley compartilha um pouco da história do pai no meio dos cavalos

Há 4 anos, o mundo do cavalo Árabe se despediu de um dos maiores entusiastas da raça no Brasil. Aos 77 anos, faleceu Augusto Maurício Wanderley, titular do Haras Jeribah, que era localizado em Nova Alvorada do Sul/MS.

Natural de Corumbá, ele era casado com Solange Regis Wanderley e teve três filhos: Mônica Regis Wanderley, Maurício Regis Wanderley e Flávio Regis Wanderley. Flávio, aliás, foi quem bateu um papo com a equipe de reportagem do portal Cavalus a fim de resgatar a história do pai no meio dos cavalos.

Afinal, Augusto Maurício Wanderley era um participante assíduo de competições, principalmente do cavalo Árabe. Tendo disputado provas, inclusive, até os seus 77 anos de idade. Quando precocemente se despediu de amigos e familiares.

No início deste ano, ele foi homenageado pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Árabe (ABCCA). Ocorreu durante um páreo no Jockey Club de São Paulo, que recebeu o nome de Prêmio Augusto Maurício Wanderley.

Portanto, para conhecer um pouco mais da história dele, apontado como um grande entusiasta do cavalo Árabe, principalmente o montado, o filho, Flávio Wanderley compartilha um pouco da história do pai com a gente. Abaixo, por fim, confira a entrevista na íntegra.

Maurício Augusto Wanderley, aos 7 anos, segurando um PSA que se chamava Maomé, doado pelo posto de fomento do Exército – Foto: Arquivo Pessoal

Como tudo começou…

“Meu pai sempre foi um apaixonado por cavalos, independente da raça. A família do meu pai possuía uma fazenda no Pantanal, de 38.000 hectares. Devido ao seu grande tamanho, era necessário muitos animais de lida diária. Lembro de meu pai contando que só de animais domados e prontos ao serviço eram mais de 180 cabeças. E ele conhecia todos pelo nome!!

Naquela época, existia o Posto de Fomento do Exército que doava um reprodutor Puro Sangue Árabe para quem possuísse mais de 30 éguas na “manada”. Foi aí o primeiro contato com o PSA dele, aos sete anos de idade. Foi paixão à primeira vista, pela inteligência, docilidade, facilidade de aprendizado, resistência, preponderância genética, rusticidade e beleza do cavalo Árabe.

Antes de mais nada vale lembrar que meu pai praticou hipismo clássico por 18 anos. Como ele falava, a única coisa que não fez em cima do cavalo foi jogar bola. De resto, laçar, correr atrás de boi, Western Pleasure, English Driving. Enfim, ele foi campeão brasileiro em várias modalidades”.

Maurício Augusto Wanderley na lida do campo no pantanal – Foto: Arquivo Pessoal

Início da criação de cavalo Árabe

“Em 1996, a gente resolveu criar para valer o cavalo Árabe puro, porque até então só tínhamos animais resultado de reprodutores ouros em cima de éguas comuns, que não registrava em 96. Daí eu fui em um leilão em Campo Grande, comprei duas éguas. 

Foi durante a tradicional Expogrande, havia o leilão Top MS de Cavalos Árabes. Havíamos acabado de adquirir uma pequena propriedade rural, próximo a Campo Grande. Daí pedi ao meu pai pra comprar uma égua Árabe para começar a criar. Ele não podia ir ao leilão, mas me autorizou a ir e a comprar.

Porém, fez uma exigência: tem que ser filha do AF Vasco do Laucidio Coelho. Do Dr. Jairo Queiroz compramos a Giltana (*Juliano x AF Saratoga por *Serenity Mashalla) e do Magno Martins Coelho (tio do Laucidio) compramos Dark Star (AF Vasco x Envergonhada por Sin Boutros), prenha do Puro Russo *Nejniy.

E foi assim que iniciamos a nossa criação. O foco sempre foi o cavalo montado, independente da modalidade. Passeio, enduro, lida de campo, esporte, lazer ou trabalho. Na época, o Haras Jeribah [como era chamado o criatório de Augusto Maurício Wanderley) ficava localizado em Nova Alvorada do Sul/MS”.

Maurício e Sweet Eclipse Moon – Foto: Arquivo Pessoal

Principais prêmios

“A princípio, em 1997 fizemos nossa primeira visita a Exposição Nacional do Cavalo Árabe. Contudo, apenas como espectador. Mas acabamos comprando mais alguns animais antes da exposição. E, ainda, durante a exposição, no leilão.

Na sequência, em 1998 levamos nossos primeiros animais para julgamento e provas. Como resultado, com Carhibi AMW (RSC Carhif x AF Helvetia por *Sahibi ) – produto da égua que compramos prenhe no leilão CF Invitational -, levamos o 5º prêmio.

Além disso, com Ruger AMW (Tallyen El Jamaal x HE Jiajna por *Muscavan) conquistamos o 1º prêmio na categoria. Já era uma grande vitória. Porém, ainda conquistamos o Campeonato Nacional Júnior Macho e o título de Potro Ouro Nacional, ambos animais foram exportados para os Estados Unidos no ano seguinte.

Em 2001 conquistamos o título de Reservada Campeã Nacional Potranca com Princess Fahyza AMW (*Cajun Prince HCF x Fahyza El Jamaal por *Ali Jamaal). Ademais, alguns títulos de campeão nacional western Pleasure, Trail Horse com Sweet Eclipse Moon (*Ponomarev x Aziizi por *Gai Chagall), com meu pai montado.

Depois, em 2002 e 2003, o Mauser AMW ( Hylan x HE Jiajna por *Muscavan) levou o Título de Reservado Campeão Nacional Júnior Macho e Potro, respectivamente.”

Ruger AMW – Foto: Arquivo Pessoal
Mauser AMW – Foto: Arquivo Pessoal

Futuro dentro da raça

“Sem dúvidas, o cavalo Árabe representa boa parte da amizade que cultivamos até hoje. Me tornei juiz da raça , devido ao amor que tenho a ela, pois boa parte da minha vida foi e está sendo junto a ela.

A propriedade do Haras Jeribah, em Nova Alvorada do Sul/MS, não tem mais. Foi vendida. Ainda tenho alguns animais que se encontram em São Paulo. O futuro da criação a gente está sempre buscando a perfeição. Estamos investimento em boas coberturas e bons animais para estar sempre participando aí.

Ahh e por fim, gostaria de lembrar uma frase do meu pai que sintetizada sua criação: ‘A melhor forma de ver um cavalo é de cima'”.

Por Natália de Oliveira
Crédito das fotos: Arquivo pessoa/Flávio Wanderley

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