Durante essa semana estamos apresentando a história de algumas mães com forte ligação com o mudo dos cavalos a fim de homenagear todas do meio
Médica veterinária especializada em homeopatia, criadora de cavalos da raça Mangalarga por 30 anos, juíza do quadro oficial da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) e técnica de registro. Inegavelmente, são muitos os títulos existentes para apresentar Maria Aracy Oliva, mas, entre eles, há um que a enche de orgulho: o de ser mãe do Victor, atualmente com 22 anos.
Contudo, a sua trajetória no mundo da maternidade até os dias atuais não foram os dos mais fáceis. Como nenhum é, na verdade. Afinal de contas, ser mãe – além de gratificante – é, sim, um desafio diário. Mas, no caso de Aracy, ela ainda precisou lidar com um diagnóstico difícil assim que o filho nasceu: o de traqueomalacia grave e difusa.
Ou seja, um problema mecânico e congênito não perceptível ao ultrassom morfológico. Inesperadamente, a traqueia de Victor era toda gelatinosa e, ao nascer, ele precisou ficar 20 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Não tive choro de bebê apenas via pela face sua expressão”, lembra a mãe.
Como consequência, Victor respirou por meio de um ‘caninho’, como Aracy explica, até os 5, 6 anos. “Era vigila 24 horas por dia para nada ir ao pulmão até a traqueia endurecer. Pensa que ele não falava e não tinha olfato, pois respirava por baixo”.
Depois que Victor tirou a traqueostomia, Aracy ainda precisou auxiliar o filho a aprender a respirar sozinho e, principalmente, falar. “Quando ele aprendeu a falar, as crianças já estavam lendo e escrevendo. Então imagina como foi difícil na escola a adaptação. Mas hoje em dia ele está bem e saudável”, comemora a mãe.
Mãe x profissional
Mesmo diante destas complicações após o nascimento de Victor, Aracy não deixou de lado a sua profissão. Na época, inclusive estava fazendo pós-graduação em homeopatia. “Consegui finalizar no sufoco. Foi um desafio ser mãe naquela época com tanta emergência e vigília”.
Aracy, inclusive, chegou a levar Victor com ela para trabalhar como técnica e juíza oficial da associação da raça Mangalarga, onde atua há 35 anos. “Imagine que o Victor com 4 meses de idade, o levei comigo para julgar o Mangalarga em Rezende. Fiz isso porque acredito que é possível sim ser mãe e profissional, mas tem que haver horários flexíveis para poder ser presente em qualidade”.
Apesar de tantos desafios, Aracy garante que não mudaria nada da sua trajetória. Porque, para ela, ser mãe lhe proporcionou vários ensinamentos na vida. “É amor, é aprender a ceder, ter paciência, conseguir ver as dificuldades de seus filhos, cumplicidade, ensiná-los a amar ao próximo, procurar a felicidade dentro da gente e ter fé. E conseguir numa família ter algo que só dependa da gente, seja lá o que for”, frisa.
Ligação com o mundo dos cavalos
Antes de mais nada vale também destacar a forte ligação de Aracy com o mundo dos cavalos, especialmente com o da raça Mangalarga. Afinal, como ela mesma gosta de frisar, “desde que se conhece por gente” teve cavalo, pois cresceu na fazenda.
“Meu primeiro potrinho nasceu em 1972, o Dourado, um Mangalarga com Quarto de Milha. Esse animal ficou comigo 29 anos. A Tâmara meu pai me deu prenhe (já fez eu escolher entre dois animais)”, conta.
Dessa forma, Aracy criou Mangalarga por 30 anos. “Eu vivia num lombo de cavalo, tinha o sufixo TDO”, conta ela que, antes mesmo disso, já tinha iniciado a sua relação com a associação da raça, a ABCCRM.
“Comecei no Mangalarga há 35 anos e sou juíza há 32 anos. Entrei como profissional apresentando animais no leilão e em pista, Haras Marjan, de Tibagi do Sr Olintho Marques de Paula. O Dr Eduardo Marchi (superintendente do Stud Book na época) me conheceu nesse haras e me convidou para trabalhar como técnica”.
Todavia, Aracy começou a acompanhá-lo nas exposições e logo se apaixonou pela “arte de julgar” um Mangalarga. “É um desafio e como sempre amei a equitação, ,me sentia honrada em montar os animais em pista. Fui a primeira mulher a ingressar no quadro oficial de juízes da raça”, finaliza.
Por Natália de Oliveira
Crédito das fotos: Arquivo Pessoal/Aracy Maria Oliva
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