Um pouco da história contada em detalhes
Desde sua chegada ao Brasil em 1954, trazida pela Swift King Ranch (SKR), a raça Quarto de Milha mostrou que seria diferenciada e que atraiu em pouco tempo muitos adeptos e admiradores – entre eles, eu.
Para quem não conheceu sua origem, é importante destacar que a SKR era uma empresa pertencente a um forte grupo norte-americano, possuidor das maiores fazendas no Texas, e veio para cá alguns anos antes investir em terras, adquirido algumas Fazendas que se tornaram conhecidas com o passar do tempo pelos quartistas (Bartira, Laranja Doce, Formosa e Mosquito). Todas localizadas na região Oeste do Estado de São Paulo, próximas às cidades de Presidente Prudente, Rancharia e Narandiba. E, a partir daí, trouxe na primeira remessa ocorrida em 26/02/1954 o garanhão Saltillo Jr (Saltillo, que é Ranchero x Golden Pep, por Peppy) e seis éguas, além de 270 cabeças de gado Santa Gertrudis (34 tourinhos e 236 novilhas).
Relembrando um pouco da história, uma frase do gerente geral da empresa no Brasil, na época, Joaquim Soares Neto, o Zezo, mostra o que representou a chegada destes animais: “O desembarque ocorreu na Estação Ferroviária da Fazenda Bartira, vindos de São Paulo, e seguiu para a Fazenda Laranja Doce, em Rancharia. Eu tinha a impressão que estava indo buscar o cavalo do Roy Rogers (herói dos filmes western norte-americano). Quando as portas do trem se abriram e os peões viram aquelas éguas e o garanhão Saltillo Jr (foto), ficaram impressionados com a musculatura dos animais. Para nós, eles pareciam deuses”.
Com a morte de Saltillo Jr em 1960, alguns anos depois a SKR trouxe Caracolito para substituí-lo na reprodução. E o cruzamento do Quarto de Milha, com seu biotipo forte e compacto, como eram Saltilho Jr e Caracolito, com éguas de sangue inglês, resultou em animais bem aceitos na região e que se tornaram destaques nas canchas de corrida, na lida com o gado, e em seguida, muito requisitados a partir da introdução das provas funcionais.
Isso proporcionou a grande procura por fazendeiros e empresários de várias partes do País, solicitando para que a SKR colocasse à venda alguns dos exemplares. E em 18 de maio de 1968 (foto), isso ocorreu através de um leilão realizado pela empresa na Fazenda Bartira, atraindo vários interessados.
Sem dúvida, a Swift King Ranch teve uma contribuição fundamental para a expansão da raça QM no Brasil, tanto em relação à sua origem como em trazer dos EUA outros importantes garanhões e matrizes. Entre os reprodutores originários da empresa ou mesmo os que a partir de 1982, passaram a levar o sufixo KRB (King Ranch do Brasil S.A.), estão: Dan´s Boy Skippy, Failas Ambasador, El Zorrero, Eduardo, Montante SKR, San Cardenal, Obrigativo SKR, Sucesso SKR, Víbora Solano, Proud Effort, Dash United KRB, Go Sugar KRB, entre outros. Já matrizes, como: Macanuda SKR, Make Merry, La Semilla, Pepita SKR, Safira SKR, Tanished Lady, entre outras, que tiveram filhos espalhados por todo o território brasileiro.
Pela sua marcante estrutura física e atributos genéticos que comprovaram ao longo dos anos suas inúmeras qualidades, o Quarto de Milha proporcionou através de sua docilidade, rapidez, habilidade, força, inteligência e versatilidade nas 22 modalidades esportivas, ser reconhecido como “O Cavalo da Família Brasileira”, além de ocupar a ponta entre as principais espécies equinas no nosso País.
Cavalos ícones da raça
E para abrilhantar essa trajetória, mostrarei nas próximas semanas alguns protagonistas que contribuíram muito para essa conquista e que, com certeza, ficaram marcados na história do Quarto de Milha no Brasil. Será a vez de Caracolito, o cavalo que recebeu o registro nº 1 da ABQM.
Por Abdalla Jorge Abib – jornalista e design gráfico, que atua há 45 anos com experiência e dedicação à agropecuária e ao cavalo Quarto de Milha. Foi editor e produtor da revista oficial da ABQM por mais de 33 anos
E-mail: ajabibeditor@hotmail.com| Instagram: abdallajorgeabib | Facebook: abdallajorgeabib
Legenda e Crédito da foto: Saltillo Jr, primeiro garanhão no Brasil
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