Amizade entre o homem e o cavalo remonta os princípios da civilização!
Quando o animal começa a ser usado como meio de locomoção, cria-se um laço. Os equinos têm fundamental importância na vida dos homens, uma vez que essa relação contribuiu para o desenvolvimento da humanidade em suas expansões territoriais e na sociedade de uma maneira geral.
A primeira relação entre o homem primitivo e os equinos foi alimentar. Equinos sempre foram fonte de alimento para diferentes espécies, inclusive para o ser humano. Mais tarde, o homem descobriu outras virtudes nos cavalos além de proporcionar alimento, o que com certeza contribuiu para sua domesticação.
Classificação Zoológica da Espécie
Classe: Mamíferos (Mammalia)
Ordem: Perissodáctilos (Perissodactyla – dedos ímpares)
Família: Equideos (Equidae)
Gênero: Equus
Espécies: Equus caballus
Origem dos Equinos
Os equinos atuais descendem de animais que habitavam a Terra aproximadamente há 50.000.000 anos, no período geológico conhecido como Eoceno. Estes mamíferos, pouco parecidos com o cavalo atual, possuíam 25 a 50 cm de altura (tamanho de uma raposa), dorso ligeiramente arqueado e apoiava-se sobre quatro dedos nos membros anteriores e posteriores.
O maior número de dedos capacitava os animais a correrem de maneira segura e eficiente nos campos pantanosos das florestas tropicais, buscando alimento ou escapando dos predadores, saltando e escondendo-se entre os arbustos.
Tinham dentes com estruturas simples mais apropriados ao consumo de folhas tenras, brotos e porções carnosas das plantas. Um fóssil desse pequeno animal foi classificado na Inglaterra em 1838 como um roedor, recebendo o nome de Hyracotherium. Mais tarde, em 1876, o Hyracotherium foi comparado a outro fóssil encontrado na América do Norte, denominado Eohippus, quando foi constatado que se tratavam de animais de mesmo gênero.
Pelas leis de prioridade do Código de Nomenclatura Zoológica, o nome Hyracotherium prevalece sobre o Eohippus, apesar de que o último nome é amplamente utilizado.
Outros fósseis da época eram os Oligoceno, encontrados na América do Norte, constituíram a segunda peça da evolução dos equinos. Entre eles, dois tipos distintos: O Mesohippus, com aproximadamente 60 cm de altura, três dedos e dentes semelhantes ao seu ancestral.
Que não correspondiam a animais consumidores de pasto. E o Miohippus, que era muito semelhante ao Mesohippus, mas com maior estatura. O qual acredita-se que tenha migrado para a Europa e, posteriormente, desaparecido.
O estudo da origem dos equinos na época Mioceno mostra que estes viviam em três ambientes distintos: terras baixas (Pliohippus), terras altas (Parahippus) e terras desertas (Merychippus).
Comprovando as notáveis adaptações evolutivas em relação ao tamanho, estrutura esquelética e dentição. No Mioceno, as gramíneas tornaram-se mais abundantes. Os herbívoros deixaram de ser consumidores de arbustos para consumirem pastos. Houve necessidade de adaptação dos dentes a este alimento mais fibroso, que promovia maior desgaste dentário.
Para escapar dos predadores, estes indivíduos sofreram transformações anatômicas para adquirir velocidade. No estudo da Osteologia observa-se que, no antebraço, a fusão dos ossos rádio e ulna determinou a perda de rotação dos membros anteriores.
Nos membros posteriores, a tíbia e a fíbula também sofreram fusão semelhante. As articulações dos cavalos começaram a trabalhar num só plano, para frente e para trás, o que permitiu aumento na velocidade quando comparado a outras espécies.
O dedo médio tornou-se maior e mais robusto, sendo capaz de suportar o próprio peso. Os laterais apesar de apresentarem pequenos cascos não entravam em contato com o solo quando em estação. Ainda que isto poderia acontecer quando corria.
Os gêneros dessa época possuíam aproximadamente um metro de altura, eram mais esbeltos, mais ativos, inteligentes e atléticos. Restos fossilizados destes animais foram encontrados em praticamente toda a América do Norte.
Muito semelhante ao cavalo moderno, o Pliohippus (Época Plioceno), foi o primeiro gênero a apresentar um só dedo. Embora os ossos estilóides (metacarpianos e metatarsianos acessórios) fossem maiores que no cavalo moderno.
O Pliohippus mesmo sem apresentar significativas mudanças evolutivas é considerado o antecessor do gênero Equus.
O Pleistoceno foi a época do surgimento do homem e, simultaneamente, do gênero Equus. Difundido por todo o mundo. Fósseis desse gênero foram encontrados na Ásia, Europa, África, América do Norte e América do Sul.
O gênero Equus (Época Pleistoceno) difere pouco dos seus antepassados próximos (Pliohippus). A estrutura dentária é a principal diferença, mais especializada na trituração de pasto por apresentar dentes pré-molares e molares com mesas dentárias mais desenvolvidas.
Acredita-se que o berço da evolução do cavalo até o gênero Equus foi a América do Norte. Pelos inúmeros fósseis dos diferentes gêneros encontrados em diversas regiões, como os estados da Flórida, Texas, Montana, Califórnia e Óregon.
Apesar desta teoria, quando o Hemisfério Ocidental foi descoberto pelos europeus, não existiam cavalos nas Américas, o motivo ainda representa um dos mistérios da história.
Após a difusão do Equus por todo o mundo, a partir da América do Norte, desenvolveram-se formas distintas desse gênero em diferentes regiões. E em diferentes épocas também, provavelmente influenciadas pelas grandes variações de altitude, clima, solo e alimentos.
Os primeiros equídeos selvagens adaptaram-se bem a vários ambientes como estepes, bosques, desertos e tundras. O Equus caballus (cavalos domésticos) foi encontrado no norte da Ásia e em toda a Europa. O Equus hemionus (Onagro e o Kiang) no centro e sul da Ásia. O Equus asinus (jumentos) no norte da África. E as diferentes espécies de zebras, entre elas, Equus zebra, também encontradas na África.
Época da Domesticação
A época e o local exato desta domesticação ainda é uma dúvida entre os historiadores. Citam a China e a Mesopotâmia, entre os anos 4.500 a 2.500 a.C., como dois desses locais. No ano 1.000 a.C., o cavalo já havia sido domesticado e difundido em quase toda a Europa, Ásia e norte da África.
Logo após a sua domesticação, o cavalo foi utilizado como poderoso instrumento de conquista, transporte, carga, tração, diversão e de competições esportivas. São incontestáveis os benefícios que a domesticação dessa espécie trouxe para a humanidade.
Todas as grandes conquistas dos diferentes povos, desde as mais antigas civilizações até a idade moderna deram-se no dorso dos equídeos.
Nas conquistas intercontinentais, como por exemplo a colonização das Américas, os cavalos também tiveram presença marcante. Quando os primeiros europeus desembarcaram no ‘Novo Mundo’, trouxeram muitos equídeos que foram os principais recursos desses conquistadores.
Principais utilidades dos equinos aos humanos
O cavalo foi, talvez, o animal que mais radicalmente mudou de utilidade. Quando o homem o dominou e adestrou pela primeira vez, usou-o como meio de transporte e para a guerra.
A utilização dos cavalos por milhares de pessoas ao redor do mundo vem sendo cada vez mais discutida. Sabemos que para muitos o cavalo é uma ferramenta de trabalho, um meio de vida e uma profissão.
São várias as utilidades dos equinos para os humanos. Lida de campo, tração animal transportando cargas em propriedades rurais e alguns centros urbanos, utilizado com finalidades militares (cavalaria), esportes hípicos.
Uma das atividades mais nobres é a Equoterapia, onde se observa o movimento tridimensional do dorso do cavalo ajudando a fornecer imagens cerebrais sequenciais e impulsos importantes para se aprender ou reaprender a andar.
Classificação como precocial ou altricial
Os ungulados constituíam uma divisão de mamíferos que compreendia os animais de casco, como os artiodáctilos e perissodáctilos.
A designação ungulados não faz parte das classificações científicas e partiu-se nas seguintes ordens de mamíferos: Perissodactyla – ungulados de cascos ímpares (cavalos e zebras, um dedo).
Estes são considerados animais Precociais Secundários. Com longo período de gestação, os animais já nascem bem desenvolvidos, com os olhos abertos e em condições de locomover-se. De buscar e ingerir seu próprio alimento com pouca ajuda dos pais também. Normalmente são espécies oligotocos (um filhote).
Dentre as espécies precociais há a que se chama de divisão Seguidoras: seguem a mãe após o nascimento, têm alta frequência de amamentação. Por exemplo, o cavalo.
Essa foi a primeira parte desse assunto tão vasto. Na próxima coluna vamos tratar de comportamento social!
Por Roger Clark
Médico Veterinário, Juiz e Inspetor Zootécnico ABQM e ABCPaint, Consultor em Comportamento e Bem-Estar Animal
Fotos: Cedidas