A manutenção da intensidade da atividade física serviu como estímulo para que esta área do metabolismo fosse bastante estudada
Gasto metabólico tem influência na nutrição e performance dos cavalos, sem dúvida. Nessas condições, pelo menos 50% das exigências diárias de energia devem ser fornecidas pelos alimentos concentrados. O adequado fornecimento de proteína é essencial para os adultos em trabalho, a fim de possibilitar o perfeito funcionamento hormonal e enzimático das funções biológicas.
Na verdade, o que define quantos quilogramas de ração o cavalo deve receber por dia é a qualidade e a disponibilidade do pasto, do feno ou da capineira, e o tipo de atividade que realiza.
O arraçoamento dos equinos é obrigatoriamente individual, isto porque as necessidades nutricionais de cavalos do mesmo tipo, realizando o mesmo trabalho, podem apresentar variações.
Na maioria dos casos, a manutenção do peso corporal será melhor guia do que os padrões de alimentação. Estes, não obstante, não são mais que guias e, portanto, as normas aproximadas podem ter toda a exatidão prática de que se necessita.
Para o arraçoamento do cavalo de Corrida há necessidade de se considerar o binômio ‘ração-exercício’. Deve-se, além das necessidades de manutenção, somar-se aquelas provenientes do desgaste nos exercícios e nas corridas, fundamentalmente, portanto, de ordem energética.
Nutrição
Os estudos sobre a fisiologia do exercício e a nutrição do cavalo atleta vêm ganhando força desde o início dos anos 70. Sendo iniciados na Europa e expandindo suas fronteiras.
Para maximizar o desempenho dos equinos atletas, esses conhecimentos são de fundamental importância, permitindo, assim, verificar as adaptações fisiológicas ao treinamento e à nutrição. Levando-se em consideração as exigências do animal.
Para que um cavalo demonstre todo seu potencial genético no exercício, deve ser alimentado devidamente. Para tal, não se deve esperar um ingrediente mágico e sim utilizar uma dieta balanceada.
Ou, em alguns casos, uma suplementação apropriada que melhore significativamente o seu desempenho. Um dos fatores que mais influenciam no desempenho dos animais atletas é a exigência energética.
Que varia diretamente com a necessidade de ATP requerida pelo músculo durante o exercício, sendo oxidados carboidratos e lipídeos. Quando o exercício passa a ser prolongado, a oxidação de lipídeos supera a de carboidratos.
A quantidade de energia adicional requerida para o exercício depende do tipo, do grau e da duração do exercício, da condição corporal do cavalo e da temperatura ambiente.
Complemento
Além da energia, que é de particular importância para equinos atletas, pois é influenciada diretamente pelo exercício, fluidos e eletrólitos são comumente administrados a cavalos atletas na tentativa de postergar a fadiga ou prevenir consequências potencialmente desastrosas decorrentes da exaustão.
Desta forma, a casca de soja possui um alto teor de fibra. É altamente digestível por possuir baixo teor de amido, proporcionando uma baixa taxa de fermentação. Reduz ainda os problemas de acidose nos animais, doença que pode levar ao aparecimento de laminite.
Apresenta, em sua composição, teor de PB ao redor de 11%, comparável aos fenos de gramíneas de elevada qualidade e ainda apresenta alta disponibilidade energética. Assim sendo, a casca de soja surge como promissor alimento a ser utilizado na alimentação dos equinos.
Pode ser utilizada na substituição total e parcial do milho e de fontes proteicas, assim como na substituição de fontes de volumosos como fenos de alfafa e gramíneas devido sua característica bromatológica peculiar.
Recentemente houve um aumento no uso de gordura na dieta animal principalmente para animais de alto desempenho. Isso pode ser devido ao fato da ração ter maior densidade energética, ser palatável e de alta digestibilidade para energia.
Algo que, de fato, pode aumentar o balanço energético, fornecendo mais energia para o trabalho. Visto que uma ótima performance no esporte é baseada em combinação de fatores como habilidade natural, saúde, treinamento e dieta.
Além disso, o aumento dessa densidade energética é tradicionalmente obtido com o uso de grãos contendo carboidratos.
Cuidados
O excesso de grãos na dieta pode ocasionar redução na ingestão de forragens. Levando, portanto, a diminuição do consumo de água e eletrólitos. E ainda, aumentado os riscos da ocorrência de doenças principalmente aquelas relacionadas a distúrbios digestivos em cavalos.
As gorduras podem ser fontes de energia mais seguras em dietas de alta densidade energética que os carboidratos. Retirando as adversidades decorrentes da alta concentração destes.
Os efeitos da suplementação de gordura na dieta têm sido estudados extensivamente para desempenho no esporte, porém poucos pesquisadores têm conduzido estudos sobre o efeito da digestibilidade dos nutrientes.
Os efeitos das gorduras em relação à digestibilidade de outros nutrientes são complexos e não estão completamente esclarecidos. Diversos trabalhos com adição de gordura na dieta apresentam resultados contraditórios, principalmente quanto à digestibilidade da fibra.
Alguns pesquisadores informam que a adição de gordura à ração não afetou a digestibilidade da fibra. Embora outros tenham encontrado um aumento.
Numerosos trabalhos apontam os benefícios de incluir gorduras na formulação de dietas para equinos. A maioria dos quais ressaltam a aceitabilidade e a digestibilidade fundamentalmente do óleo de milho em primeiro lugar, óleo de soja em menor proporção, sendo muito poucas as referências a fontes alternativas de gorduras como as de origem animal.
Gorduras
Equinos tem predileção por óleo de milho sendo bem aceito por cavalos em níveis que variam de 10 a 30% da matéria seca. Mas a aceitabilidade de outras gorduras não está bem estabelecida e tem sido questionada.
Gorduras de origem animal não são tão puras quando comparadas a óleos vegetais, sendo talvez esta a razão de sua aceitabilidade e densidade energética serem menores. A administração de até 2,5g/kg/PV/dia de gordura de boa digestibilidade dividida em várias refeições não resulta em distúrbios a saúde de equinos.
Do mesmo modo, é possível a adição de gorduras na proporção de 20% na ração total e 30% na mistura de grãos sem encontrar efeitos adversos, porém níveis mais altos diminuíram a aceitabilidade e causaram fezes mais pastosas.
A aceitabilidade do óleo de milho (90%) é superior a qualquer outro tipo de gordura contemplada na bibliografia existente. Contudo, seu elevado preço e o fato de competir com a alimentação humana, tornam interessante a pesquisa em busca de alternativas.
Entretanto, mesmo não tendo mesma aceitabilidade precisam cumprir com as exigências nutricionais da espécie, usando subprodutos da indústria da alimentação (gordura animal) e barateando custos sem perder qualidade nutricional.
Além do óleo de milho, estudos recentes recomendam a utilização do óleo de arroz, como fonte potencial de ácidos graxos essenciais além de compostos precursores de vitamina E. Atuam, sobretudo, como antioxidantes e outros, como o gamaoryzanol, com potencial efeito sobre a produção de hormônios e o desenvolvimento muscular.
Digestibilidade
Algumas pesquisas concluíram que a adição de gorduras na dieta substituindo carboidratos não estruturais (milho) em quantidades isoenergéticas aumentou a digestibilidade da proteína bruta, tendo este efeito pouca significância estatística.
Este aumento na digestibilidade da proteína teria sua explicação no fato que uma menor quantidade de carboidratos na dieta pode reduzir a multiplicação bacteriana no intestino grosso que se traduz na menor presença de proteína de origem bacteriana nas fezes.
Cavalos de esporte são frequentemente alimentados com concentrados contendo altos teores de extrato etéreo, com conteúdo de até 130 g/kg. A adição de gordura extra, aumenta a densidade de energia da dieta.
Oferecer alimentos com alta densidade energética facilita a ingestão de energia por refeição que é vantajosa para cavalos com exigências altas nesse nutriente.
Dietas com altos teores energéticos permitem uma redução no consumo total de matéria seca, reduzindo com esta prática, o peso dos conteúdos gastrointestinais, este efeito é considerado benéfico para cavalos de desempenho.
Há realmente evidência sugestiva que cavalos em exercício executam melhor o trabalho, quando alimentados com rações que contenham altas quantidades de gordura na dieta.
Alguns estudos com equinos cujas dietas foram adicionadas gorduras demonstraram que a produção de calor é diminuída em 14% não havendo nenhum efeito na energia exigida para a manutenção. Deixando assim mais energia disponível para a atividade física ou para o armazenamento de glicogênio.
No mesmo sentido, pesquisas com cavalos de corridas demonstraram que as dietas ricas em gordura aumentaram a armazenagem e mobilização de glicogênio no metabolismo anaeróbio diminuindo a fadiga, assim como uma melhora no comportamento dos animais.
Estudos
Da mesma forma, outro estudo mostrou que a gordura dietética teve um efeito de estimular a síntese de glicogênio muscular ou um efeito inibidor da utilização dessa sustância no músculo, quando cavalos foram sujeitados a exercício com velocidade submáxima.
Os autores concluíram que cavalos suplementados com gordura tiveram uma concentração de glicogênio muscular inicial mais alta, com diminuição na utilização desse substrato. Também apresentaram uma tendência para níveis mais baixos de lactado no sangue.
Outras pesquisas indicaram que a suplementação com gordura não tem efeito aparente nos vários parâmetros sanguíneos, incluindo o hematócrito, as concentrações de hemoglobina, proteína total, cálcio, fósforo, magnésio, sódio e lactato, porém aumentou a concentração plasmática de colesterol, principalmente a fração proteica de alta densidade (HDL).
Contudo, o fígado aparentemente adapta-se a quantidades maiores de lipídios na dieta produzindo maiores níveis de bílis. A bílis é composta principalmente de sais biliares, que são derivadas do colesterol.
Para poder aumentar a produção de bílis, uma maior quantidade de colesterol endógeno deve ser absorvida no processo digestivo. Isto ficaria evidenciado pelo aumento dos níveis de colesterol nas frações de LDL e HDL dos cavalos alimentados com dietas ricas em gorduras.
Como as gorduras dessas dietas foram principalmente à base de óleo de milho pode-se descartar a presença de colesterol exógeno, razão pela qual a elevação do colesterol plasmático pode ser atribuída a um aumento na produção endógena do mesmo, estimulada pelo aumento na ingestão de gordura.
Conclusão
Não podemos deixar de ressaltar o efeito da inclusão de óleo vegetal na dieta sobre a qualidade da crina, cauda e pelos.
Os equinos têm um importante papel como animais de companhia, e a adição de gordura, devido ao fato de alguns ácidos graxos serem utilizados na formação dos pelos e fios da crina e cauda, pode promover um resultado significativo na aparência dos animais.
Os níveis de inclusão de gordura vegetal na dieta de equinos (5 a 20%) podem afetar beneficamente a digestibilidade aparente total da dieta, não afeta de forma significativa os valores plasmáticos de colesterol e triglicérides de modo a comprometer a saúde dos animais
E ainda podem aumentar a segurança no fornecimento de grandes volumes de energia dietética. Com base nessas informações, a utilização de óleo vegetal na dieta de equinos é uma alternativa eficiente para o aumento da energia da dieta.
Recursos ergogênicos são procedimento ou recurso capaz de aprimorar a capacidade de realizar um trabalho físico ou o desempenho atlético.
O restante das substâncias ingeridas de forma suplementar à alimentação seria considerado auxiliador ergogênico. O Auxiliador ergogênico teria a capacidade de aumentar o desempenho, fornecendo substâncias que fisiologicamente não fariam parte da demanda nutricional.
Outras classificações surgiram e alguns autores classificam todos os suplementos como sendo ergogênicos porque, de uma forma ou de outra, eles auxiliam no desempenho. Existem substâncias que podem agir alterando processos metabólicos e genético, diferentemente dos alimentos e existem produtos que simplesmente fornecem os nutrientes que normalmente viriam da alimentação de outra forma.
Como conclusão, é possível afirmar que o uso de suplemento nutricional é imprescindível para criação e utilização no esporte de cavalos de alto desempenho. E o conhecimento das respostas a suplementação nutricional é limitado e a maioria das informações é limitada a pesquisas com cobaias e humanos.
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Por Prof Dr. Alexandre augusto de Oliveira Gobesso
Para a Univittá Saúde Animal
O Dr. Gobesso é Médico Veterinário, formado pela Universidade Estadual de Londrina/1988. Entre seus títulos, é Mestre em Medicina Veterinária/Nutrição Animal – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia /USP – 1997; Doutor em Zootecnia/Produção Animal Fac. de Ciências Agrárias e Veterinárias/Unesp/Jaboticabal/SP – 2001; Livre Docente – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia /USP – 2009.
Também é Professor Responsável pela Disciplina: Produção de Equinos – Curso de Medicina Veterinária; Professor e Orientador – Mestrado e Doutorado na Área de Nutrição e Produção Animal; Pesquisador Responsável – Laboratório de Pesquisa em Saúde Digestiva e Desempenho de Equinos do Departamento de Nutrição e Produção Animal – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia/USP – Campus de Pirassununga/SP.
Fotos: Evergreen Equine