Recentemente, um susto no mundo do Hipismo internacional movimentou o setor e gerou muitas dúvidas sobre o tema. Na Espanha, como noticiamos aqui no portal Cavalus, o comitê organizador da Mediterranean Equestrian Tour, competição internacional realizada em Oliva Nova cancelou a segunda parte de sua turnê de primavera (Spring MET II, que era promovida nos dias 7 a 26 de fevereiro), depois que quatro cavalos que participavam do evento testaram positivo para o vírus do Herpesvírus Equino EHV -1. (Clique aqui e confira)
Em Lier, na Bélgica, 1 animal apresentou sintomas durante um evento e também testou positivo para Herpesvírus Equino 1.
No final do ano passado, a Sociedade Hípica Paulista (São Paulo / SP) também divulgou um comunicado informando que realizaria a restrição de entrada e saída dos animais do espaço pelo mesmo motivo: uma suspeita de Herpes Vírus Equina.
Muito foi falado sobre o tema, mas diversas dúvidas ficaram no ar, afinal, várias informações equivocadas foram divulgadas sobre o tema, gerando mais insegurança no meio.
Para esclarecer todos os pontos sobre a doença, conversamos com o médico veterinário Hélio Itapema, Rachel Campbell Worthinton e sua equipe formada pelos profissionais: Rachel Campbell Worthinton; Karla Dantas; Alessandra Esposito de Castro Cardoso; Amanda Dantas; Anna Flávia Valeri; Lays Cristine do Nascimento Olanda; Lunna Cabó Cordeiro; Maria Luiza Favero; Vida Maria Martins França. A equipe preparou uma série exclusiva de reportagem abordando todos os pontos sobre a doença que tanto preocupa do setor. Confira!
O que é o Herpesvírus Equino ?
Os Herpesvírus equino – HVE (em inglês, EHV) são vírus de DNA, pertencentes à família Herpesviridae, tendo sido identificados, até o momento, 9 diferentes tipos desse agente com potencial infeccioso para a espécie. Apesar de diversos, os tipos 1 e 4 (EHV-1 e EHV-4), chamados α-herpervírus, possuem maior relevância na rotina veterinária, sendo os primeiros endêmicos na população mundial de equinos.
As infecções causadas por ambos podem levar a sintomatologia respiratória, porém o EHV-1 tem maior potencial de causar efeito reprodutivo (abortos e mortalidade perinatal) e neurológico, levando a impactos negativos tanto na higidez do indivíduo quanto financeiramente aos proprietários e criadores (PAVULRAJ, 2021).
Os EHV-1 e EHV-4 possuem características genéticas, antigênicas e epidemiológicas muito semelhantes, porém se diferem em seu potencial patogênico principalmente. O tipo 4 se manifesta de forma mais branda, levando a casos de rinopneumonite (RP) leves e de fácil resolução, enquanto as doenças causadas pelo EHV-1, quando na forma respiratória, podem se manifestar de forma leve a moderada, oferecendo riscos principalmente a equinos jovens/idosos.
O EHV-1 tem potencial de se manter latente nos animais infectados, ou seja, possuem a capacidade de ficarem inativos por um periodo e voltarem a infectar outros indivíduos, porém a fonte de infecção se mantém assintomática na maior parte do tempo, podendo voltar a se manifestar em situações de imunossupressão, causadas por estresse ou outra infecção primária (REED, 2004).
Transmissão do Herpesvírus Equino
Os sinais clínicos estão relacionados a febre, anorexia, descarga nasal, abortos, lesões oculares, ataxia, incontinência urinária e/ou fecal, fraqueza. As manifestações características das infecções neurológicas e reprodutivas estão relacionadas com o processo inflamatório vascular (vasculite) e posterior trombose dos vasos que irrigam o SNC e útero gravídico, levando a isquemia e perda de função destas estruturas (BENTZ et al., 2001).
Sintomas
Os sinais clínicos estão relacionados a febre, anorexia, descarga nasal, abortos, lesões oculares, ataxia, incontinência urinária e/ou fecal. As manifestações características das infecções neurológicas e reprodutivas estão relacionadas com o processo inflamatório vascular (vasculite) e posterior trombose dos vasos que irrigam o SNC e útero gravídico, levando a isquemia e perda de função destas estruturas (BENTZ et al., 2001).
Diagnóstico da doença
O teste de melhor sensibilidade para diagnóstico das infecções causadas pelo EHV-1 e EHV-4 é o PCR, realizado a partir de amostras de secreção nasal, líquor ou fetos abortados. Alguns testes sorológicos podem ser realizados, a partir do plasma sanguíneo, para a detecção da fase aguda da doença, se atentando aos animais vacinados recentemente, pois podem levar a um falso positivo, enquanto para infecções de forma latente não temos método diagnóstico considerado ideal (EFSA et al., 2022).
Algumas atitudes podem ser tomadas na tentativa de conter novas infecções e amenizar as manifestações dos animais portadores, estas medidas estão relacionadas principalmente ao bloqueio de trânsito em locais suspeitos e testagem dos animais, e, especialmente, do isolamento e tratamento dos doentes.
Nossa série continua na próxima semana, desta vez abordando o aborto ocasionado pela doença.
Por Camila Pedroso . Redação Cavalus
Colaboração: Hélio Itapema, médico veterinário e sua equipe: Rachel Campbell Worthinton; Karla Dantas; Alessandra Esposito de Castro Cardoso; Amanda Dantas; Anna Flávia Valeri; Lays Cristine do Nascimento Olanda; Lunna Cabó Cordeiro; Maria Luiza Favero; Vida Maria Martins França.
Fotos: Reprodução / Pixabay
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