Imunidade em cavalos submetidos a treinamento físico intenso

A suplementação com prebiótico, visando a imunidade, se mostrou benéfica em cavalos Quarto de Milha de Corrida

Para cuidar de um cavalo hoje em dia, especialmente os de alta performance, é preciso ter um olhar amplo para cercar-se de vários aspectos importantes. No âmbito da saúde, a imunidade deve ser um desses pontos observados com cuidado, sempre com a ajuda de um profissional.

A vivência entre homem e cavalo vem sofrendo grandes mudanças, coincidentes com o crescimento acentuado da equideocultura nas últimas décadas. Em consequência das mudanças na utilização dos equinos, os estudos técnicos com enfoque no cavalo atleta ganham destaque, visto que hoje é grande a criação desses animais exclusivamente para participação em eventos equestres.

O cavalo atleta é um corredor nato, mas para apresentar resultados satisfatórios e melhorar a sua performance atlética se faz necessária a implantação de métodos de treinamento, alimentação e suplementação adequados em cada fase de sua carreira. Sabe-se que o exercício físico intenso realizado durante treinamentos ou competições gera em humanos e animais variações em diversos parâmetros fisiológicos.

Para o bom desempenho durante a realização de exercícios de alta, moderada e baixa intensidade,ocorre a exigência de um correto funcionamento dos sistemas nervoso, respiratório, cardiovascular e musculoesquelético, para que assim, seja preservada e mantida a homeostasia do organismo durante a execução dos exercícios. A participação do sistema nervoso autônomo e endócrino favorece a mobilização das reservas energéticas, controle da homeostasia cardiovascular e equilíbrio dos fluidos corporais.

Prebióticos

Os prebióticos são componentes alimentares não digeríveis que afetam beneficamente o hospedeiro, por estimular a proliferação ou atividade de populações de bactérias desejáveis  no  cólon, inibindo a multiplicação de patógenos,  além  de estimular a resposta  imune,  levando a benefícios  adicionais ao organismo.

Os dois principais polissacarídeos constituintes  da  parede celular das leveduras  (β-D-glucanos  e  α-D-manano)  têm  sido  recentemente reconhecidos  como  prebióticos  por  serem  capazes  de  promover  modulação  do sistema imune de diversos organismos vivos, desde insetos a humanos, mediante interações  específicas  com  diferentes  células  imunocompetentes. Os mananoligossacarídeos (MOS) são obtidos a partir da parede celular de leveduras (Saccharomyces cerevisiae).

Com o rebanho equino em ascensão, é fundamental o investimento em tecnologias para suprir as necessidades do animal de forma sustentável, minimizando efeitos colaterais da utilização destes produtos. As situações diversas nesta área têm atraído interesse dos pesquisadores em realizar estudos que possam promover aos cavalos condições propícias para o máximo desenvolvimento e desempenho.

Os prebióticos surgem como uma estratégia nutricional capaz de promover a manipulação da microbiota intestinal para melhorar a saúde do hospedeiro. Dessa forma, é importante avaliar a influência da adição de prebiótico MOS no incremento da resposta imune de cavalos submetidos a protocolos de treinamento físico intenso.

Estudo

Alunas da Universidade de Sorocaba realizaram um experimento no Jockey Clube de Sorocaba, na cocheira do treinador Rivail Rosa. Desse modo, os animais permaneceram estabulados em baias individuais durante o estudo. Foram utilizados 20 cavalos da raça Quarto de Milha, com idade média três anos e peso médio 450 kg. Vermifugados e imunizados contra tétano, influenza, herpes vírus e encefalomielite.

Foram formados dois grupos experimentais compostos cada um por 10 equinos: o grupo teste recebeu suplementação com prebiótico à base de MOS via oral misturado à ração no primeiro trato da manhã, na dosagem indicada para animais em treinamento de 10g por animal por dia. A suplementação ocorreu por 90 dias. O grupo controle não recebeu a suplementação. Os animais foram treinados todos os dias na mesma intensidade, seguindo o protocolo do treinador, sendo 30 minutos no total.

Resultados

Foi possível observar, portanto, a produção de anticorpos por animais de ambos os grupos, mesmo sendo submetidos a exercícios de alta intensidade. O que sugere que o treinamento proposto não influiu de maneira significativa na resposta imune adaptativa. Posto que isso contraria observações relatadas em outros estudos nos quais se observa que o exercício de alta intensidade, com uma duração curta em seres humanos, causa uma imunossupressão transitória, com tendência a exacerbar conforme aumentam a intensidade e a duração do exercício.

Relata-se que a imunossupressão associada ao estresse é consequência do aumento na secreção do cortisol, resultado da ativação do eixo Hipotálamo-hipófise-adrenal. O cortisol diminui a proliferação de linfócitos, interfere na comunicação entre eles, inibe a migração de granulócitos. E, ademais, inibe a produção de anticorpos entre outros efeitos.

Foi possível observar uma produção mais pronunciada de anticorpos nos animais suplementados com o aditivo prebiótico comparado ao grupo controle. É importante realizar sempre novos estudos para avaliar a influência do suplemento em outros componentes da resposta imune. Já que é sabido que os MOS são capazes de induzir a ativação de macrófagos, incrementando a resposta imunológica adquirida.

Fonte: Talita Ibelli | Médica Veterinária gerente da linha de equinos da Univittá Saúde Animal; Carolina Fernanda Morais Oliveira e Ana Carolina R. C. Porto | Universidade de Sorocaba
Crédito da foto: Divulgação/Pexels

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