Pesquisadores usam medicina nuclear para tratar feridas de cavalos vítimas da enchente do RS

Curativos de hidrogéis viram “segunda pele” no tratamento de cavalos afetados pela chamada “síndrome de imersão”

Um avanço significativo na medicina nuclear foi utilizado para auxiliar no tratamento de cavalos vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) enviou lotes de curativos de hidrogéis com nanopartículas de prata, produzidos por irradiação gama ou feixe de elétrons, para tratar os equinos resgatados em Eldorado do Sul.

Os cavalos vítimas das enchentes foram afetados pela chamada “síndrome de imersão” ou “choque térmico”, por ficarem muito tempo com as pernas submersas na água, apresentam lesões graves na pele, comprometendo até 50% do corpo em alguns casos. Com isso, um grupo de veterinários voluntários, coordenado pela Clinvet Guadalupe, buscou apoio na medicina nuclear para salvar a vida dos animais.

Os curativos foram desenvolvidos no Laboratório SisNANO do IPEN-CNEN, que integra o centro NuclearNano.

Como funciona o tratamento em cavalos vítimas das enchentes

Ademar Benévolo Lugão, coordenador do NuclearNano, explicou que os curativos são resultados de um processo inovador de irradiação, que simultaneamente esteriliza e promove a gelificação, garantindo a eficácia e a segurança do tratamento.

Composta por 90% de água, a matriz dos hidrogéis proporciona um ambiente úmido e estéril, essencial para a recuperação das lesões graves.

“Além disso, é totalmente transparente, permeável ao oxigênio, não aderente à ferida, resistente à manipulação por enfermeiros, porém, extremamente macio, de forma a se constituir numa segunda pele, diminuindo ou mesmo eliminando a dor das feridas”, afirma o pesquisador em comunicado.

Totalmente estéreis, os curativos já foram usados em testes clínicos com queimados, testes clínicos com feridas crônicas de hanseníase e leishmaniose, e testes clínicos em feridas de bebês recém-nascidos em tratamento em UTIs.

Os curativos, que custam cerca de R$ 1 por unidade de 100 cm², também são transparentes, permeáveis ao oxigênio e não aderentes às feridas, tornando-se uma espécie de “segunda pele” para os cavalos vítimas das enchentes. Além disso, são resistentes à manipulação e reduzem significativamente a dor.

Lugão vem trabalhando há mais de uma década no desenvolvimento de hidrogeis e tem a expectativa de uso em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS).

Fonte: Terra
Fotos: Divulgação/IPEN

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